Taxa Selic: muito mudou, mas nada mudou

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Em semana que promete ser agitada, com várias decisões de política monetária ao redor do globo, o Copom decidirá a meta da taxa Selic para os próximos 45 dias na quarta-feira.

Os desenvolvimentos econômicos e financeiros desde 26 de julho nos levam a crer que o Copom deve reduzir a Selic de 13,25% para 12,75%.

Apesar da aceleração do IPCA em 12 meses de 3,16% para 4,61% desde a última reunião, a abertura teve grande melhora, com a difusão seguindo baixa, a inflação de serviços caindo para 5,43% em 12 meses e a média dos núcleos continuando em níveis baixos.

Além disso, os preços no atacado, como expresso nos IGP-S, seguiram em trajetória descendente, o que deve levar a um arrefecimento dos preços no varejo nos próximos meses. Isso poderia validar a tese de que o Copom pode aliviar o discurso na quarta, mas não concordamos com essa visão.

Na decisão de julho, o BC destacou alguns fatores necessários para uma acelerar o ritmo de cortes: uma melhora nas expectativas de inflação, que não aconteceu, com as projeções boletim Focus estabilizando e com a piora nas inflações implícitas negociadas nos títulos de renda fixa; uma abertura do hiato do produto, que não se efetivou, com o PIB do 2T23 forte levando a diretora Fernando Guardado a afirmar que as estimativas de hiato devem ser revistas para cima; no cenário de riscos, a economia global está passando por um choque do petróleo (nas commodities, de forma geral), o que deve gerar repercussões altistas no IPCA ao fim de 2023, além da piora da percepção do mercado sobre as metas fiscais de 2024. Esses fatores sinalizam uma piora no cenário de riscos de inflação.

O único desenvolvimento benigno foi a melhora na inflação de serviços. Acreditamos que este fator não é suficiente para validar um discurso mais leve pelo Copom, ou por uma sinalização sobre aceleração dos cortes.

Além disso, há chances significativas de o Fed elevar a taxa das Fed Funds em 0,25% até o fim de 2023, contribuindo para um menor grau de liberdade do BC brasileiro na condução da política monetária.

Apesar da possibilidade de o Copom acelerar os cortes para 0,75% no fim de 2023, ainda vemos o cenário de 0,50% como o mais provável em todas as reuniões de 2023. Ainda vemos o Copom com uma mensagem de cautela e parcimônia.

Portanto, esperamos um corte de 0,50% na quarta-feira. Para os anos fechados, esperamos que a Selic termine 2023 em 11,75%, com o ciclo se estendendo no próximo ano, com a taxa Selic fechando 2024 em 9,50%.

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