Apesar do aumento de lucros dos ativos citados no infográfico da semana -que pode ser conferido clicando aqui-, a sua precificação na bolsa teve queda. Isso acontece porque os preços dos ativos que são negociados no mercado financeiro, variam em função das expectativas dos investidores, que levam em conta várias questões para aplicar em uma companhia, fazendo o preço subir ou cair.
Basicamente, os agentes, ao tomar uma decisão de investimentos fazem um valuation. Os players profissionais, como regra se utilizam da seguinte fórmula:
FC = fluxo de caixa da companhia trazido a valor presente.
r = taxa de desconto do ativo.
g = taxa de crescimento da companhia.
Assim, como boa parte do mercado sofreu com os impactos da crise gerada pela pandemia do COVID-19, ativos de boas companhias que, inclusive, apresentaram lucros nos últimos 9 meses, podem mostrar retornos insatisfatórios.
Todavia, alguns setores em específico podem sofrer mais que outros, conforme a tabela das dez companhias que tiveram maior lucro no ano de 2020, boa parte delas está no setor financeiro, seguros ou como é o caso de Itaúsa (ITSA4), uma holding, cujo portfólio em bancos possui grande representatividade.
Apesar de os bancos em outras crises terem apresentado um porto-seguro, na atual eles tiveram desempenho que ficou aquém do restante do mercado. Como o choque ocasionado pelo coronavírus afetou a oferta e a demanda, o risco de inadimplência e as pautas políticas em torno de fontes de receitas, para financiar seus programas de redução dos impactos da crise na economia buscavam tributar os bancos.
Assim, as expectativas dos agentes em relação ao setor foram deterioradas. Além disso, o risco de inadimplência de pessoas físicas e jurídicas foi um fator que afetou o setor. Por outro lado, na visão da política econômica, a dívida pública sem uma trajetória estabilizada, faz com que os agentes fiquem receosos a ter bancos em suas carteiras. Pois os bancos são credores da dívida pública.
As companhias ligadas ao setor de energia elétrica como Eletrobras (ELET3) e Copel (CPLE6), foram um bom refúgio no começo da crise. Em março, o mercado registrou forte queda, tendo em vista o pico no número de casos de coronavírus em todo mundo, gerando desestabilização nos preços de ativos relacionados ao petróleo, e a setores mais cíclicos, como é o caso de ativos ligados a consumo e viagens aéreas. Todavia, assim que o governo começou a utilizar suas medidas de estímulo para sustentar a demanda agregada aliado com as restrições sociais, os agentes buscaram oportunidades em companhias que se beneficiaram dos dois fenômenos, o aumento na demanda por produtos online e a sustentação da renda das famílias. A retomada da China antes dos demais países, também aumentou a demanda por minério de ferro em todo mundo, contribuindo para o desempenho das companhias de metalurgia. Assim, com buscarem oportunidades em outros ativos, o setor ainda não recuperou as quedas registradas até o começo do ano.
Além de estar relacionada ao consumo, que se esperava de abrupta queda no começo da pandemia, a empresa é vista como um porto-seguro contra fortes oscilações. A companhia é uma das maiores geradoras de caixa, conseguindo uma das melhores relações dívida líquida/Ebitda do mercado:
Apesar de ser um indicador positivo, isso mostra que a companhia apresenta pouco risco. Então, como o mercado estava dando oportunidades em ativos mais arriscados, a Ambev (ABEV3) se mostrou uma alternativa menos atraente.
Mesmo com as oportunidades que poderiam ser geradas com a maior demanda de serviços para serem utilizados em home office, a perda nas receitas de telefonia fixa, TV Paga e banda larga com base em cobre geraram impactos negativos para companhia, além das receitas com dados corporativos e TI, devido ao corte de custos e/ou redução das operações por conta da pandemia.
Sem uma definição clara em relação à trajetória fiscal do Brasil, podem tornar o investimento em bancos uma alternativa arriscada. Ambev e elétricas podem ser investimentos atraentes no caso do aumento do risco global por conta do retorno do aumento no número de infectados por coronavírus no hemisfério norte e um possível aprofundamento no Brasil. Para a Telefônica Vivo (VVIT4) os investimentos em fibra ótica e o modelo de negócio da companhia podem contribuir para que o papel volta a subir.
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Autor: Matheus Jaconeli