Vale, Oi, Minerva e outras

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Após fortes perdas na sessão anterior, as bolsas ao redor do mundo tentam alguma recuperação nesta manhã de quinta-feira, embora a tensão comercial permaneça no radar dos investidores, assim como mais um dado fraco de atividade na Europa. Por aqui, parte das atenções deve se voltar para a Vale, que divulgou ontem suas projeções de Ebitda ajustado, investimentos e fluxo de caixa para 2019, além das despesas relativas a parada de Brumadinho, em Minas Gerais. Fique de olho também em Oi, Minerva, Fleury, Natura, Sabesp e Weg.

Segundo a mineradora, o Ebitda ajustado deve variar entre US$ 10,8 bilhões a US$ 12,9 bilhões em 2019. A projeção para os investimentos é de US$ 3,6 bilhões a US$ 3,8 bilhões neste ano. Já a previsão para o fluxo de caixa é de US$ 6,5 bilhões a US$ 9,4 bilhões em 2019.

Para o analista da Mirae Asset Pedro Galdi, os números mostram que a empresa está otimista e o mercado deve receber bem as informações, destacando que a ação deverá também sofrer um ajuste técnico para cima no pregão de hoje, após cair 5% ontem. “A Vale está priorizando os efeitos de Brumadinho. A projeção de Ebitda é bom forte, mesmo com a tragédia ocorrida no começo do ano”, apontou.

A Vale estima que seus desembolsos totais relacionados a Brumadinho fiquem entre um piso de US$ 3,6 bilhões e um teto de US$ 5,25 bilhões no período de 2019 a 2022. Os valores já foram provisionados e envolvem investimentos em reparação e descaracterização de barragens.

A projeção para 2019 é que o montante desembolsado fique entre US$ 900 milhões e US$ 1,15 bilhão. No ano que vem, a estimativa vai de US$ 1,5 bilhão e US$ 2,1 bilhões, caindo a uma faixa de US$ 1 bilhão a US$ 1,5 bilhão em 2021. Em 2022, os valores são residuais e ficariam entre US$ 200 milhões e US$ 500 milhões.

Além disso, em uma apresentação para analistas, a Vale informou que já assinou 500 acordos de indenização individual ou em grupo, envolvendo 1.100 beneficiários e o pagamento de R$ 172 milhões. Outros 460 acordos de indenizações trabalhistas foram fechados. Eles se referem a 182 vítimas da tragédia e recompensaram 1.300 pessoas, provavelmente familiares. São R$ 432 milhões de indenização a indivíduos e R$ 400 milhões coletivos. A Vale menciona ainda no documento uma indenização emergencial de R$ 840 milhões a serem pagos a 107 mil pessoas até janeiro de 2020.

Sobre a retomada de suas operações, a Vale prevê a retomada nas minas de níquel em Onça Puma, no Pará, em janeiro de 2020, após receber este mês autorização do Supremo Tribunal Federal. A mina estava parada desde 2017 devido a alegações de poluição. Além disso, a companhia voltou a falar na retomada de produção de minério de ferro até 2021. A previsão é de retomar um total de 60 milhões de toneladas, sendo 5 milhões de toneladas no segundo semestre de 2019, cerca de 30 milhões em 2020 e cerca de 25 milhões em 2021.

“A flexibilidade da Vale em produtos de minério de ferro se estende potencialmente a metais, bem como a qualidade do minério de ferro – uma vantagem importante e única a longo prazo. Também estimamos que as operações de minério de ferro talvez normalizassem um pouco mais do que o esperado, algo positivo para as previsões 2020-21”, apontou Alexander Hacking, analista do Citi, em relatório.

No exterior, embora as bolsas tentem se recuperar, incertezas ainda pairam nos negócios. A administração de Donald Trump vai seguir em frente com tarifas de retaliação à União Europeia (UE) sobre US$ 7,5 bilhões em importações do bloco, após a decisão divulgada pela Organização Mundial do Comércio (OMC) em favor dos Estados Unidos, que analisou os subsídios dados pela UE à Airbus e decidiu de forma favorável ao lado americano. Entre os indicadores, o índice de gerentes de compras (PMI) do setor de serviços do Reino Unido caiu de 50,6 em agosto para 49,5 em setembro. A leitura abaixo de 50 sinaliza contração da atividade.

Oi

A Oi ganhou novos ares essa semana com a posse do diretor operacional, Rodrigo Abreu, que tem em seu currículo passagens pelas presidências de TIM, Cisco e Nortel, no setor de telecomunicações e tecnologia. Abreu ingressou no conselho de administração da Oi no ano passado e depois assumiu o comitê de investimentos. Ali, redesenhou o plano estratégico da operadora e selou a meta de investimentos anuais de R$ 7 bilhões no próximo triênio.

Em seu novo posto, o executivo terá pela frente o desafio de tirar o atraso do desenvolvimento da fibra ótica e das redes móveis, ajudar a equilibrar o caixa e acompanhar a tele no processo de recuperação judicial, ainda sem data para acabar. Em meio a tudo isso, ainda pode se deparar com uma proposta de compra da companhia por concorrentes como Telefônica e TIM, que já manifestaram interesse nos bastidores.

“Isso (manifestação de interesse de outras operadoras) é um reconhecimento de que a Oi tem um potencial imenso”, disse Abreu, em entrevista ao Broadcast. “Não existe futuro no 5G nem em banda larga de alta velocidade sem a Oi”, enfatizou, referindo-se à capilaridade das redes da companhia, única a chegar a mais de 5 mil cidades, com trechos compartilhados com rivais. Abreu argumentou que a Oi não tem necessidade de ser vendida e que também não houve ordem do conselho para isso, embora admita que eventuais propostas formais terão que ser consideradas.

Minerva

A Minerva Foods está na expectativa das eleições presidenciais na Argentina e, especialmente, seus desdobramentos para dar sequência à oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de sua subsidiária no Chile, a Athena Foods, de acordo com a Coluna do Broadcast. A Argentina representa 30% das operações da Athena.

No final de julho, a companhia recebeu aval do Conselho de Administração para prosseguir com o IPO, cujo processo foi interrompido em maio, depois de encontrar uma avaliação de preço pelo mercado aquém do que esperava. A empresa tem até abril de 2020 para fazer a listagem no mercado chileno e esperava utilizar a janela de setembro para uma segunda tentativa de levar a unidade chilena para a bolsa.

No entanto, a profunda crise econômica na Argentina, permeada pelas eleições presidenciais em 27 de outubro, voltaram a atrapalhar os planos da Minerva. Os bancos BTG Pactual e JPMorgan coordenam a oferta. Procurada, a Minerva não comentou.

Fleury

O Grupo Fleury fechou a compra de 100% da Diagmax Participações Societárias e suas subsidiárias, que atuam em diagnósticos por imagem e análises clínicas em seis unidades de atendimento na região metropolitana de Recife. Pela operação, o Fleury pagará R$ 80,388 milhões, além de um pagamento de R$ 31,598 milhões em caso de atingimento de resultados acertados entre as partes.

Natura

A Natura informou que foram obtidos consentimentos dos titulares dos notes da Avon com vencimento em 2023 e 2043, emitidos pela Avon Products ou suas subsidiárias, quanto às cláusulas de mudança de controle que seriam acionadas pela combinação de negócios entre as empresas.

Na última segunda-feira, a Natura anunciou que recebeu da Securities and Exchange Commission (SEC) declaração de Eficácia do Form F-4 da Natura &Co, com proxy da convocação de assembleia especial dos acionistas da Avon Products, a ser convocada. No Brasil, na semana passada a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) concedeu o registro de companhia aberta para a Natura &Co Holding, empresa criada a partir da combinação de negócios, após a aquisição da Avon, em maio. Segundo a empresa, o início da negociação das ações da Natura &Co no Novo Mercado da B3 ocorrerá apenas após a consumação da incorporação das ações de emissão da Natura Cosméticos pela Natura &Co.

Weg

A Weg participará de uma iniciativa da Volkswagen para criar um sistema que vai reunir os fornecedores na construção do primeiro modelo de caminhão leve 100% elétrico no Brasil. Chamado de e-Consórcio, o programa foi anunciado hoje pela montadora alemã em um evento na Suécia.

Em comunicado, a Weg afirma que os fornecedores vão dividir a responsabilidade pelo desenvolvimento da cadeia de fabricação do veículo com a Volkswagen, que acontecerá no complexo de Resende (RJ). A Weg será responsável pelo fornecimento do sistema Powertrain, formado por um motor elétrico mais um inversor de frequência. Além disso, a empresa fornecerá motores e inversores para sistemas auxiliares.

Sabesp

A Sabesp foi autorizada a contratar empréstimos que somam R$ 2,3 bilhões (ou US$ 550 milhões). Os recursos serão destinados para a despoluição do rio Tietê, com R$ 1,3 bilhão do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), e para o Programa de Sustentabilidade e Inclusão aos Serviços de Saneamento e Preservação da Água para Abastecimento Público, com R$ 1 bilhão do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

FONTE: AE – BROADCAST

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