A segunda-feira começa com os investidores no aguardo pelo relatório de produção da Vale do terceiro trimestre de 2019, enquanto digerem os desdobramentos de um pré-acordo comercial anunciado pelos EUA e a China na sexta-feira. Dados ruins do gigante asiático também ajudam a disseminar cautela nesta manhã. Atenção também para Petrobras, B2W, bancos, Natura, Banco Inter e Light.
Os índices futuros das bolsas de Nova York e os mercados acionários da Europa ampliaram perdas após notícia da Bloomberg de que a China quer conversar mais com os EUA antes de assinar a “fase 1” do acordo comercial anunciado na última sexta-feira pelo presidente americano, Donald Trump.
A princípio, os Estados Unidos disseram que a suspensão da entrada em vigor do aumento de tarifas sobre a China seria aplicado na próxima semana. A China, por sua vez, se comprometeu a acelerar suas compras de produtos agrícolas dos Estados Unidos. Ontem à noite, Trump disse que não aumentará as tarifas impostas a bens chineses de 25% para 30% no dia 15 de outubro e que a primeira fase do acordo comercial “pode ser finalizada e assinada em breve”, formalizado, talvez, durante o encontro dos países que integram a Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC, na sigla em inglês), marcado para novembro, no Chile, segundo Trump.
No final de semana, porém, a agência estatal da China Xinhua publicou um comentário sobre as negociações comerciais no qual destaca que “a incerteza paira sobre muitas questões”, o que exige que Pequim “permaneça paciente e mantenha sua compostura estratégica”.
A cautela, porém, já vinha estabelecida depois que dados fracos da balança comercial chinesa reavivarem preocupações com o desempenho da economia global, fator que se sobrepôs ao efeito positivo da notícia de que EUA e China fecharam um acordo comercial parcial no fim da semana passada. Em setembro, tanto as exportações quanto as importações chinesas caíram mais do que o esperado na comparação anual.
Embora as importações de petróleo e de minério de ferro da China tenham aumentado, a preocupação de uma desaceleração maior pesa nos mercados, assim como as dúvidas em relação saúde econômica global. Diante disso, o preço do minério de ferro negociado no porto de Qingdao, na China, recuou 2,42%, a US$ 91,49 a tonelada. O valor da commodity tem influenciado nas ações da Vale fortemente desde o rompimento de barragem em Brumadinho em janeiro. Com a redução da produção de minério de ferro da empresa, o preço da matéria-prima disparou, o que ajudou na valorização do papel nos últimos meses. Por isso o mercado aguarda com expectativa os dados de produção da mineradora do terceiro trimestre.
Segundo o analista da Mirae Asset Pedro Galdi, os números não devem ficar muito diferente do segundo trimestre, decorrente das paradas impostas. “Este ano a tendência é que o terceiro trimestre seja igual ao segundo trimestre e quarto trimestre um pouco superior com o rearranjo de minas”, apontou. No segundo trimestre, a produção de minério de ferro da empresa alcançou 64,057 milhões de toneladas, queda de 12,1% na comparação com o trimestre imediatamente anterior e 33,8% abaixo do reportado um ano antes. Na ocasião, a companhia disse que a queda reflete principalmente os impactos decorrentes da ruptura da barragem de Brumadinho e condições climáticas incomuns no Sistema Norte em abril e no início de maio.
Atenção também para as ações de empresas siderúrgicas. As vendas do setor automotivo da China recuaram 5,2% em setembro ante igual mês do ano passado, registrando queda pelo 15º mês consecutivo, segundo a associação chinesa de montadoras.
Petrobras
A Petrobras assinou contrato de venda de suas participações nos campos terrestres do Polo Lagoa Parda, próximo ao município de Linhares (ES), para a Imetame Energia. O valor total da operação é de US$ 9,372 milhões, com o pagamento de US$ 1,405 milhão na assinatura e US$ 7,966 milhões no fechamento da transação.
O Polo Lagoa Parda é composto por três concessões com 100% de participação da Petrobras, e com produção média de aproximadamente 300 barris de óleo por dia (bpd) e 5,5 mil m³/dia de gás. A Imetame é uma empresa brasileira que opera blocos e campos terrestres nos Estados da Bahia, Rio Grande do Norte, Espírito Santo e Minas Gerais, com produção média de 820 boe/dia.
Ainda sobre a empresa, a crise entre a diretoria e técnicos da área responsável pela gestão da carteira de participações acionárias do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que ganhou um novo capítulo com o pedido de licença do diretor André Laloni na sexta-feira, está atrapalhando a venda de ações da Petrobras e da JBS. As participações nas duas companhias estão no início da fila para serem vendidas – mas, segundo fontes que pediram anonimato, o banco não está aproveitando as cotações em alta para vender.
A fatia na petroleira é prioridade nas vendas porque questões regulatórias relacionadas à exposição com a estatal estão impedindo um repasse maior do lucro do banco à União. Já a urgência em vender JBS está relacionada à oportunidade. As ações do frigorífico acumulam alta de 150% este ano, quando o avanço acumulado pela petroleira é de 19%.
Além disso, a Petrobras, que por anos e anos recheou a carteira de investidores que compram bonds no mercado de dívida externa, pretende deixar de captar dinheiro novo com emissão desses papéis lá fora nos próximos dois anos, segundo informou a Coluna do Broadcast. Isso não significa, no entanto, que a petroleira abandonará esse mercado. Na verdade, o plano é prosseguir com o movimento de troca de papéis que pagam juro mais alto por novos com taxas mais baixas. Ou seja, os investidores terão a oportunidade de continuar com bonds da Petrobras em suas carteiras, mas não conseguirão aumentar sua exposição, já que as emissões novas devem ser do mesmo valor financeiro dos bonds que pretendem retirar do mercado. A principal intenção da Petrobras é desalavancar ao máximo a companhia.
B2W
A B2W finalizou seu aumento de capital, após a subscrição de sobras de ações dentro da operação. Durante o rateio, foram adquiridas 968.951 ações ON, o que resultou em uma proporção de 0,0015 nova ação para cada uma subscrita durante o direito de preferência.
Assim, foram adquiridas um total de 64.102.565 ações ON da B2W ao preço unitário de R$ 39, o que resultou em um aumento de capital de R$ 2,5 bilhões, valor que corresponde ao total aprovado pela companhia.
Bancos
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, cumpre agenda de trabalho em São Paulo nesta segunda. Das 11h00 às 13h00, ele se reúne com dirigentes de instituições financeiras, no prédio do BC, para tratar de temas estruturais e conjunturais do Sistema Financeiro Nacional.
Estarão presentes à reunião com Campos Neto o seguintes executivos: Pedro Duarte Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal, Rubem Novaes, presidente do Banco do Brasil, Candido Botelho Bracher, presidente do Itaú, Octavio de Lazari Junior, presidente do Bradesco, Sérgio Rial, presidente do Santander, Roberto Sallouti, presidente do Banco BTG, Rossano Maranhão, presidente do Banco Safra, Murilo Portugal, presidente da Febraban.
Natura
A Natura divulgou hoje mais detalhes sobre o processo em que a recém-criada holding Natura &Co passará a abrigar as operações atuais de cosméticos e também as operações que serão agregadas após a compra da norte-americana Avon.
A previsão é de que esse processo custe cerca de R$ 349 milhões, incluindo avaliações, publicações, assessoria jurídica e demais assessorias, segundo comunicado publicado hoje pelo grupo.
“A reestruturação societária é oportuna para que a Natura Cosméticos passe a ser detida pela Natura &Co, viabilizando a subsequente integração da base acionária e das operações da Avon, sem que isso resulte em incremento dos índices de endividamento da Natura”, descreveu a empresa.
A expectativa é de que a combinação dos negócios dê origem ao quarto maior grupo do setor de beleza no mundo, com faturamento anual superior a US$ 10 bilhões.
A empresa informou ainda que serão realizadas assembleias gerais extraordinárias em 13 de novembro, em primeira convocação, para tratar da reestruturação societária do grupo e da aquisição da Avon. Na mesma data, também ocorrerá assembleia especial de acionistas da Avon. Os editais de convocação serão divulgados em 14, 15 e 16 de outubro de 2019, segundo o comunicado.
Banco Inter
O Banco Inter e o Uber estão em conversas avançadas e que podem resultar na integração de ambos negócios, atendendo a estratégia do gigante japonês SoftBank de criar ecossistemas de serviços por aplicativos, segundo apurou a Coluna do Broadcast.
Ainda que o investimento feito pelo SoftBank no Uber tenha acontecido nos Estados Unidos, se concretizada, será a primeira sinergia de negócios no Brasil de suas investidas. Até agora, os principais investimentos realizados pelo Softbank no País, além do Inter, são na colombiana Rappi, Gympass, QuintoAndar e Creditas.
A tônica das conversas envolveria a entrega pelo Inter de toda a estrutura para que o Uber possa oferecer serviços bancários completos e melhorar a experiência de seus motoristas, envolvendo, por exemplo, o recebimento imediato em conta das corridas. Plugado ao banco, o Uber poderia também ter parte do custo das tarifas de cartão de crédito eliminada quando passageiros pagassem por meio da conta do Banco Inter. O custo do cartão de crédito das pequenas corridas têm pesado na receita da empresa, o que inclusive a motivou a lançar o Uber Payment, uma espécie de compra antecipada de corridas em contrapartida a um desconto.
Light
A Light informou que a Light Energia vendeu a totalidade de suas ações
na Renova Energia ao CG I Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia, pelo valor de R$ 1,00. São 7.163.074 ações ordinárias e 98 ações preferenciais, equivalentes a 17,17% do capital da Renova.
O fechamento da transação depende de algumas condições, como notificações ao BNDES Participações (BNDESPar) sobre o direito de tag along e à Cemig Geração e Transmissão quanto ao direito de preferência e de venda conjunta. A CG se comprometeu a vender parte das ações à Cemig GT, caso ela exerça o seu direito de preferência.
Também a empresa informa que a Lightcom Comercializadora de Energia celebrou um Termo de Cessão por meio do qual cedeu todos os créditos detidos em face da Renova à CG.
O fato relevante destaca que as operações estão em linha com a estratégia de desinvestimento de ativos “non-core”, para seguir com foco na geração de valor aos seus acionistas pela melhoria operacional em distribuição.
FONTE: AE BROADCAST