Os economistas e especialistas em finanças e investimentos se utilizam, muitas vezes, de letras gregas para representar conceitos em seus modelos matemáticos e estatísticos. Primeiramente, isso ocorre pelo fato de que a linguagem matemática se utiliza da lógica formal, isto é, com objetivo de estabelecer relações validadas entre premissas e argumentos.
Agora, indo direto ao significado do β (beta) em uma carteira de investimentos ou de uma ação.
Em finanças, o β (beta) expressa a relação de sensibilidade de um ativo em relação a um benchmark. Ou seja, um referencial que os agentes buscam superar ou se aproximar ao montarem suas carteiras de investimentos. Por exemplo, a carteira mensal da Nova Futura, tem como um de seus objetivos superar o índice Ibovespa. Assim, a depender do cenário, o analista balanceará a carteira de investimentos com ativos mais ou menos sensíveis em relação ao benchmark, no caso, o Ibovespa.
Além disso, como o β (beta) representa uma medida de sensibilidade, também é possível entender a relação de um ativo com o outro. Por exemplo, o quanto um ativo é sensível em relação ao minério de ferro, a prata, o ouro, o petróleo ou até mesmo ao seu próprio setor, se ela possui componentes que possam torná-la mais sensível ou menos sensível à média dele.
A decisão de escolha de um beta diz muito sobre a percepção de um agente em relação a sua tomada decisão e ao risco. Por exemplo, imagine um analista, cujo objetivo é montar uma carteira de ações que supere Ibovespa e que ele esteja receoso em relação ao cenário macroeconômico, considerando que tal cenário pode fazer com que o benchmark tenha queda.
Dado tal cenário, o analista buscará um β (beta) para a carteira que seja menos sensível em relação à variação da referência, no caso, o Ibovespa.
Então, sabendo o conceito amplo do indicador, é preciso conhecer um pouco da parte matemática. Para entender como é possível avaliar um β (beta), reconhecer qual empresa é mais ou menos sensível em relação a outro ativo ou a um índice de ações.
O beta pode ser calculado da seguinte forma;
A covariância mede o quanto uma variável depende da outra, isto é, quanto mais próximo de zero, menos dependerá. No caso, mostra o quanto o comportamento do ativo depende do comportamento do benchmark.
A variância evidencia o quanto uma variável se distancia da média, ou seja, o quanto o retorno observado, se desvia do retorno esperado, sendo a média dos retornos.
Para exemplificar numericamente, quando o beta é maior que 1, o ativo sobe mais que a carteira de mercado caso ela suba e cai mais, caso ela desça. Se o beta for menor que 1, o ativo sobe menos que a carteira de mercado, caso ela tenha elevação e cai menos, caso ela sofra retração. Quando o ativo se aproxima muito de 1, significa que possui um comportamento próximo à carteira de mercado. Teoricamente, um beta igual a 1 mostra que o ativo segue o mesmo movimento que a carteira de mercado.
Segue abaixo três ativos, um com beta próximo de um, outro com o beta acima de 1 e outro abaixo de 1, mais próximo de zero:
Itaú: ITUB4 β de 60 meses = 1,03
Cyrela: CYRE3 β de 60 meses = 1,62
Klabin: KLBN11 β de 60 meses = 0,26
Fonte: Economatica
No gráfico, é possível ver o comportamento de cada um dos ativos, sendo que a linha verde se refere à Klabin, a vermelha à Cyrella e Itaú a linha laranja. A linha azul é a carteira de mercado, ou seja, o Ibovespa.
Como é possível ver no gráfico, o comportamento dos ativos são condizentes com os seus respectivos betas.
O beta não é estável ao longo do tempo, isso acontece porque um ativo pode ter uma sensibilidade maior ou menor ao longo do tempo. Segundo o Economista e especialista em mercados de capitas e finanças, Aswath Damodaran, o beta também depende de decisões da empresa como a estratégia de negócios e tipo de negócios no qual a companhia está inserida, isto é, sua estrutura de custos e também da alavancagem. Outros fatores que podem impactar na variação da empresa e, por consequência, no beta.
Por exemplo, os preços das ações da Vale (VALE3) dependem também da variação dos preços do minério de ferro e da produção industrial da China, entre outros fatores:
O gráfico acima, mostra a variação do beta na ação da Vale (VALE3). Quando a crise do covid-19 atingiu o seu ápice no exterior e no momento que as bolsas mundiais começaram a cair, a ação da Vale começou a ficar menos sensível em relação ao Ibovespa e mais alinhado com outros fatores, como o minério de ferro, por exemplo.
O investidor pode encontrar o beta da empresa que deseja investir em alguns sites especializados em investimentos como o Investing: https://br.investing.com/
Para encontrar o beta no site Investing basta colocar o nome do ativo na aba de procura e, em seguida analisar observar os dados da empresa:
O mesmo pode ser feito no site do Yahoo Finance: https://br.financas.yahoo.com/
Outra possibilidade é utilizar a fórmula do beta e aplicá-la via Microsoft Excel para o período que desejar.
O beta também possui outras aplicações, pois também é incorporado nos modelos de precificação de ações. O presente texto buscou explorar os aspectos mais básicos do indicador, tal como suas possíveis aplicações na escolha e análise de um ativo.