Tensões na Europa ampliam a percepção de risco global fazendo mercados globais caírem

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Os mercados europeus fecharam em queda na última sexta-feira (11). O temor em relação ao aumento da taxa de juros nos Estados Unidos permaneceu no continente, mesmo com a inflação da Alemanha, importante economia da região, apresentar desaceleração saindo de 5,3% para 4,9% ao ano. O PIB do Reino Unido veio levemente abaixo do esperado no trimestre, chegando a 1%. Outros fatores que contribuíram para a queda foram os receios geopolíticos envolvendo à questão russa, pois mesmo que a França busque diplomacia e a Alemanha pouco se pronuncie, os Estados Unidos permanece fazendo anúncios mais contundentes. Na Bolsa de Londres, o índice FTSE 100 fechou em baixa de 0,15%. Em Frankfurt, o índice DAX recuou 0,42%. Na Bolsa de Paris, o índice CAC 40 caiu 1,27%. Em Milão, o índice FTSE MIB teve queda de 0,82%. Madri e Lisboa tiveram perda de 0,99% e 1,43% respectivamente.

Nos Estados Unidos o dia também foi de realização. O avanço nos rendimentos das Treasuries de 10 anos superando mais uma vez os 2% foi uma das evidências dos receios em torno de um FED mais contundente contra o avanço da inflação no país. Outro fator que contribuiu para o mau-humor das bolsas foi clima de contenda envolvendo os russos e os aliados da OTAN, em especial os Estados Unidos. Vale lembrar que ao passo a questão não se resolve, ainda haverá pressão altista sobre o preço do petróleo, gerando perspectivas de inflação global, sendo mais um argumento para que os bancos centrais tomem medidas mais contracionistas. Dow Jones fechou em baixa de 1,43%, o S&P 500 caiu 1,90% e a Nasdaq perdeu 2,78%.

No Brasil, mesmo com os receios externos, o Ibovespa fechou com alta de 0,18%, aos 113.572 pontos. Na agenda econômica, o IBC-Br subiu 0,33%, ante 0,51% no mês anterior, evidenciando desaceleração da economia, mas o mercado ficou atento a outros fatores. O resultado de Itaú somado à alta do petróleo contribuiu para o bom desempenho do principal índice da B3. Como fator limitador, a queda do minério de ferro fez com importantes companhias como Vale, pesasse negativamente para o desempenho do índice. Outro fator que tirou força do desempenho da bolsa brasileira foi o aumento da tensão entre Rússia e os países do ocidente, aumentando a aversão ao risco.

Para hoje (14/02)

As bolsas asiáticas fecharam o dia em queda acompanhando o desempenho ruim de sexta-feira (11) em Nova York. As tensões no leste europeu, apesar de Putin dizer que ocidente está com “histeria” e que não tem pretensões de invadir a Ucrânia, continuam elevadas, contaminando as expectativas dos investidores, de modo que as bolsas no continente fechassem em queda nessa madrugada. O índice Nikkei liderou as perdas na Ásia hoje, com queda de 2,23% em Tóquio, a 27.079,59 pontos, ao voltar de um feriado nacional no Japão. Em outras partes da região, o Hang Seng recuou 1,41% em Hong  Kong, a 24.556,57 pontos, o sul-coreano Kospi caiu 1,57% em Seul, a 2.704,48 pontos, e o Taiex cedeu 1,71% em Taiwan, a 17.997,67 pontos. Na China continental, o Xangai Composto teve baixa de 0,98%, a 3.428,88 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto se desvalorizou 0,43%, a 2.253,13 pontos.

O minério de ferro em Singapura teve queda de 0,50% cotado a US$ 148,70. Na bolsa de Dalian teve queda de 6,84%, a 776,50 iuanes, o equivalente a US$ 122,09

As bolsas europeias operam em queda também influenciadas pelos temores de invasão russa na Ucrânia. Putin diz que não invadirá, mas os membros da OTAN pedem para que seus cidadãos saiam do país. Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano, disse que a medida é precipitada, mas Biden continua a afirmar que a entrada de russos no país é eminente e que isso pode gerar duras consequências. De qualquer forma, o que seria mais interessante para Moscou, seria uma anexação da região de Donbass, local onde não há tropas ucranianas e boa parte da população que, inclusive, já possui passaporte russo por ser uma região separatista “pró-Rússia”. Internamente, não há muitos dados na agenda econômica, o destaque é a produção industrial e o discurso de Lagarde às 13:15.

Nos Estados Unidos, os futuros também operam em queda, também com as questões envolvendo à Rússia. A aversão ao risco é evidenciada pelo VIX, que agora sobe 13,01%, superando os 30 pontos, uma evidência de que o dia será de bastante volatilidade. Ademais, os investidores também ponderam a possibilidade de um FED mais hawkish dado que nesta semana haverá a divulgação da Ata do FOMC, que pode conter sinalizações mais críveis da intensidade da contração monetária por parte do banco central americano.

No Brasil, o dia tende a ser de volatilidade, embora o dólar comece o dia operando em queda contra a divisa brasileira. A queda no minério de ferro e a realização do petróleo, mesmo com a tensão no leste europeu, também deve operar negativamente no Ibovespa, pois tais movimentos são negativos para Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4; PETR3), além das outras empresas que fazem parte dos setores como Gerdau (GGBR4), Usiminas (USIM5), CSN (CSNA3) e Petrorio (PRIO3).

Na agenda corporativa, a Energisa comunicou em fato relevante a conclusa da aquisição de controle da SPE Paranaíta, complementando o fato relevante de 02 de dezembro de 2021. A companhia pagou R$ 102.086.114,96 pelo negócio. A aquisição contribuiu para a ampliação do negócio da companhia, de modo que a Energisa amplie sua frente de transmissão.

Na agenda de balanços, teremos importantes resultados como o de Itausa, São Martinho, Raízen e Banco do Brasil, também serão divulgados os números de Banrisul.

Na agenda econômica, o Relatório Focus publicado pelo Bacen trará as expectativas de mercado.

Autor: Matheus Jaconeli – Analista CNPI 2917  

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