Risco, incerteza e categorias de agentes. Saiba mais!

Tempo de leitura: 7 min.

Em tempos de muita volatilidade no mercado e redução na taxa de juros, os investidores que outrora alocavam grande parte de seus recursos em renda fixa, passaram a avaliar a possiblidade de investir em ativos de risco, isto é, a renda variável. O principal investimento de renda variável são as ações de empresas listadas na bolsa de valores, seja por intermédio de fundos de investimentos, carteiras recomendadas ou montagem de carteira própria.

No entanto, é preciso entender o quão avesso ao risco o investidor é, para que tome a decisão correta. Vale lembrar que risco é diferente de incerteza e que, por vezes, vale a pena ter ganhos menores em troca de saúde mental e, em alguns casos, física.

Assim, esse texto buscará diferenciar risco de incerteza e explicar as três categorias de agentes existentes segundo a teoria microeconômica, de modo que o investidor poderá verificar em qual categoria se encaixa. Tanto em investimentos, quanto na vida, pois autoconhecimento é uma ferramenta muito importante.

Riscos e Incertezas

Antes de investir em ativos de risco, devemos considerar as diferenças entre risco e incerteza. Por mais que consideremos que os investimentos em renda variável possuem maior ameaça, eles também são suscetíveis à incerteza, isto é, um fator que não pode ser calculado ou ponderado.

Assim, risco é a situação a qual sabemos a natureza das informações. Existe uma lista completa de estados natureza, isto é, resultados possíveis e em cada um deles podemos colocar certa possiblidade de ocorrência, mesmo que essas sejam subjetivas.

Por exemplo, o crescimento da economia, preços de determinada commodity, inflação, taxa de juros, são fatores que podem afetar o desempenho de determinado ativo.

Vamos considerar o risco de recessão e crescimento econômico para quatro investimentos fictícios, levando em consideração seus retornos em cada um dos estados da natureza.

Recessão ou crescimento econômico

risco

Nesse caso, temos cenários com risco de recessão, podendo afetar cada uma das categorias de investimento de formas diferentes. Como é possível computar os estados natureza, temos um cenário com risco e o agente fará sua aplicação de acordo com seu apetite ou aversão ao risco.

Dessa forma outro fator que devemos levar em conta, é o risco sistêmico e o não sistêmico:

Então, como é possível ver no gráfico acima, temos duas categorias de riscos. O não sistêmico está relacionado às variáveis que podem ser quantificadas e que não afete todo mercado, mas sim setores ou ativos
específicos, onde é possível mensurá-los. O risco sistêmico está relacionado a eventos que envolvem todo o mercado ligado a choques que podem abranger a economia de todo país ou de todo mundo, essa categoria de risco está mais atrelado à incerteza.

O gráfico mostra que, ao longo da curva de risco não sistêmico, quanto maior é quantidade de ativos, menor é risco e quanto menor, maior o risco. Assim, tal categoria pode ser considerado como diversificável, pois conforme o agente diversifica sua carteira de investimentos, o risco diminui.

Já o risco não sistêmico ou, não diversificável, a quantidade de ativos que são colocados na carteira e sua diversificação não há diferença, pois o risco será mesmo, tanto que reta é totalmente horizontal.

A incerteza é um evento relacionado a surpresa, ou seja, não é levado em consideração quando os agentes estão tomando a decisão de investimento. Assim, em sua matriz de payoff não é considerada a sua possibilidade, pois é impossível aplicar o pensamento estatístico em sua ocorrência.

Atualmente, temos o fator covid-19 como uma variável de incerteza ou muito próxima disso.

As três categorias de agentes:

A microeconomia e, por seu turno, as finanças, considera três categorias de agentes e cada qual, tende a escolher uma forma diferente de aplicar seus recursos.

A economia parte do princípio de que mediante a uma situação de risco, o agente passa por uma loteria. A loteria, nesse caso, não necessariamente são os jogos de casas lotéricas, mas qualquer situação que represente os ganhos e probabilidades. Sair para ir ao parque em um cenário de chuva ou sol e as probabilidades de fazer chuva ou sol, é uma loteria. Analogamente, a tabela que foi adicionada anterior é uma loteria que envolve os estados da natureza (recessão ou crescimento), retorno esperado (os ganhos) e as probabilidades relacionadas aos seus respectivos estados da natureza.

Dado uma loteria, o agente econômico escolherá uma loteria de acordo com seu perfil de aversão ou não ao risco. O que vai definir o que torna um agente avesso, neutro ou amante ao risco é sua curva de utilidade, isto é, a demonstração gráfica e matemática que expressa o nível de satisfação em relação a decisão de correr risco ou não.

Agente avesso ao risco

Para este tipo de agente a utilidade do valor esperado da loteria (U[E(w)]) é sempre maior que a utilidade esperada da loteria (E[U(w)]). De forma mais simples isso significa que o agente prefere ter um valor que ele terá com certeza E(w), pela esperança de participar da loteria. Dito isto, de outra forma, significa que alguém que é avesso ao risco tem maior satisfação em ter um valor na mão a ter que correr o risco de perder parte de sua riqueza, mesmo que exista a possibilidade de ganhar mais na loteria.

Pensando em um investidor, temos que esse agente seria aquele que prefere ficar com o seu dinheiro rendendo menos em um ativo com muita liquidez e com garantia de não ocorra perda como um CDB de liquidez diária ou um Tesouro Selic. Contudo, vale lembrar que este agente pode participar da loteria, mas prefere não participar caso tenha sua renda com certeza.

Agente neutro ao risco

A utilidade do valor esperado da loteria é sempre igual a utilidade esperada da loteria, em outras palavras, esse agente não vê diferença em entrar ou não em uma loteria. Pensando em uma situação de investimentos, esse agente ficaria indiferente entre investir ou não. Parece difícil pensar em uma situação como essa, mas podemos pensar em um jovem que recebe mesada dos pais ou algo assim. Se ele tiver o dinheiro nas mãos, ele pode gastar com jogos eletrônicos ou festas, se investir (participar da loteria), ele pode ter ganhos que também gerarão utilidade.

Agente propenso (amante) ao risco

Esse agente possui a utilidade do valor esperado da loteria, isto é, ter o valor em mãos, menor que a utilidade esperada da loteria, isto é, participar da loteria.

Em outras palavras, o agente terá mais satisfação em estar correndo risco, na possiblidade de ganhar mais, mesmo que exista ocorrência de perda. Esse indivíduo é análogo ao investidor que profere correr risco, trocando sempre a oportunidade de ganhos seguros para arriscar e ter a oportunidade de ganhar mais do que ele tem hoje.

Apesar de cada investidor estar dentro de cada uma dessas categorias de agentes, sendo avesso o mais conservador, neutro ao risco ou propenso ao risco (o mais arrojado), como diz o grande especialista em avaliação de investimentos do mundo Aswath Damodaran, quando há perigo (risco), também temos oportunidades, conforme está em um de seus livros:

Os símbolos em chinês, onde o primeiro significa perigo e o segundo oportunidade. Assim, é sempre bom ponderar as oportunidades em meio ao perigo de perder o dinheiro. Contudo, vale a pena lembrar que no longo prazo, o mercado de ações é sempre ganhador. Isso pode ser evidenciado pelo retorno acumulado de nossa carteira recomendada:

Como é possível ver, seguir uma carteira recomendada com o acompanhamento de um especialista de mercado é uma ótima alternativa. Como as ações são selecionadas para dar oportunidades mensalmente, ela possui grande potencial de ganhos de modo a rentabilizar os recursos dos investidores de forma expressiva.

Contudo, é sempre importante ter uma reserva de liquidez em um investimento de renda fixa como CDB de liquidez diária ou o Tesouro Selic, para não ter problemas em casos de emergências.

Por fim, ainda não abriu sua conta na Nova Futura? Clique aqui e abra sua conta gratuitamente!

Deixe um comentário