Globalização: retrocesso ou reestruturação? Saiba mais no texto a seguir!

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A pandemia ocasionada pelo covid-19 trouxe muitos problemas, como por exemplo a crise sanitária em praticamente todo o mundo, crise econômica e política generalizada. Além de causar uma ruptura no atual arranjo geopolítico e econômica mundial.

Tal ruptura, por alguns especialistas é considerada o fim da globalização, pois muitos governos estão a buscar afastamento da China. Nos Estados Unidos, tal movimento já era muito evidente tendo em vista as investidas do presidente americano, Donald Trump, sendo eleito com o slogan “America First” e “America Great Again”. Evidenciando um movimento para dentro da maior economia do mundo, em busca de trazer muitos empregos que foram transferidos para a China de volta para os Estados Unidos.

Todavia, tal sentimento também era sentido, de forma mais leve na Europa. Já em 2017, havia certa resistência dentro de alguns países importantes na Europa, sobretudo pensando nos empregos que estavam a ser transferidos para outros países, por terem custo mais baixo da mão de obra e menores restrições institucionais de modo que fizeram as empresas produzirem a um custo bem menor em relação aos seus países de origem.

A globalização em si, é importante, pelo fato de que a transação pode levar ao desenvolvimento e crescimento de muitos países. Pela troca de fatores de produção (capital, trabalho e tecnologia), fazendo com que conhecimentos sejam compartilhados, aumentando o crescimento econômico global. No entanto, com o covid-19, ficou evidente que deixar boa parte da cadeia produtiva em um único país, apesar de ter suas vantagens, como a questão dos custos de produção como já foi dito, existem pontos negativos que devem ser levados em consideração.

O distanciamento da China

O covid-19 evidenciou ainda mais a dependência do mundo em relação à China. Em um momento que se fazia necessário o acesso à produtos essenciais para o combate do vírus, quase toda cadeia produtiva necessária para produção de bens essenciais como respiradores, máquinas, luvas, máscaras, produtos farmacêuticos sendo fabricados e produzidos majoritariamente na China. Com isso, os países enfrentaram dificuldades para combater a pandemia, além de haver certa concorrência entre os para conseguirem comprar os produtos advindos do país o mais rápido possível.

Assim, muitos países além dos Estados Unidos, começaram a reconsiderar se a estratégia global adotada pelas empresas de alocar suas cadeias de valor de forma tão intensa na China. Isso ficou evidenciado por declarações e anúncios de autoridades de muitos países, endossando a realocação das empresas para suas origens.

O Japão chegou a oferecer US$ 2,2 bilhões para que empresas parem de produzir em solo chinês e voltem a produzir no Japão.

Na França, Bruno Le Maire, ministro das finanças, disse que o país europeu precisa produzir bens estratégicos como medicamentos, baterias elétricas e equipamentos nacionalmente. Assim, afirmando que a pandemia pede mudança na política industrial no que diz respeito aos bens estratégicos que devem ficar dentro de solo nacional ou dentro das fronteiras da União Europeia.

A Alemanha e Reino Unido também estão a endurecer as regras de empresas nacionais por parte de empresas chinesas.

Além da percepção negativa em relação à potência asiática, os agentes também ficaram receosos em relação ao país por questões políticas.

As questões políticas que envolvem o país, além de um possível atraso ao avisar as demais autoridades mundiais sobre o risco de contaminação em relação ao covid-19, a partir do mês de maio, após a reunião do congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), a China ocidental passou a definir o endurecimento da política em relação a Hong Kong.

A China continental está a aprovar a lei de segurança nacional que permite a extradição de suspeitos de crimes em Hong Kong para a China.

A lei tem o objetivo sanar problemas como o separatismo, a subversão, atividades terroristas e a interferência de outros países no que diz respeito à influência política e cultural do mesmo, de modo que o sistema funcione de forma duradoura e eficaz. Além disso, segundo Zhang Xiaoming, o vice-diretor do departamento de assuntos de Hong Kong e Macau, uma parcela muito pequena da população seria afetada com a lei.

Contudo, não é dessa forma que os Estados Unidos e Reino Unido enxergam o avanço da lei, muito pelo contrário, os países acreditam que a lei pode interferir na democracia e liberdade da cidade. Além disso, podem ocorrer muitas perdas para cidade, pois boa parte dos investimentos realizados na cidade, advindos dos Estados Unidos e outros países ocidentais se devem à liberdade da cidade.

Ademais, outros lugares, como a Alemanha também se pronunciaram contra a perda de independência da cidade, mesmo que em tom mais ameno quando comparado ao Reino Unido e EUA.

Confirmando o aumento da aversão em relação à China, recentemente, políticos de oito países estão a criar uma aliança para fazer frente ao país. A iniciativa abrange Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Austrália, Canadá, Japão, Suécia, Noruega e outros membros do Parlamento Europeu.

Tal ambiente e mudanças no paradigma econômico e geopolítico gerou receio no aumento dos custos para muitos empresários, pois as cadeias globais de valor podem acabar saindo da China, local onde há menor custo da mão de obra, em troca de segurança de diversificar as pontas das cadeias globais.

Novos rumos possíveis e oportunidade para o Brasil

O realinhamento da estrutura de comércio internacional pelo mundo e uma mudança no antigo paradigma geopolítico, pode fazer com que as cadeias globais não necessariamente voltem para dentro, mas se diversifiquem em países alternativos. Assim, deixando o mundo menos dependente de um país a produzir uma parcela muito grande de bens que são demandados pelo mundo inteiro.

Outros países em desenvolvimento podem se beneficiar com o distanciamento da China, países como México, Vietnã, Índia e até mesmo o Brasil podem atrair investimento estrangeiro direto por intermédio. Com o aumento da crise nesses países e, por sua vez, elevação do nível de desemprego, os trabalhadores, em grande medida aceitam receber salários até mais baixos do que os pagos anteriormente. No entanto, é necessário que esses possíveis destinos de investimento tenham algumas condições, para que os players internacionais realizem seus investimentos.

Quanto ao Brasil, especificamente, apesar dos conflitos entre Estados Unidos e China ainda não resultado no impedimento das exportações de soja dos americanos, a depender do recrudescimento das tensões entre os dois países, pode surgir uma oportunidade para os produtores de soja brasileiros para venderem à China.

No que diz respeito ao investimento direto que pode ser oriundo de países como Japão, membros da União Europeia, Estados Unidos e Reino Unido, o Brasil precisa, após a retomada em relação ao covid-19 ou, até mesmo, durante, colocar em curso o restante das reformas modernizantes para dar maior segurança institucional ao país, de modo a atrair os investimentos e fazer com que o Brasil se beneficie do cenário desafiador.

Um país, quando busca fazer investimento direto em outro, ele está em busca de:

  • Mercado: tamanho do mercado, crescimento, acesso a mercados regionais, estrutura e preferências de consumidores que façam sentido para a cadeia de investimento.
  • Recursos e ou ativos: matéria-prima, mão-de-obra especializada, mão-de-obra de baixo custo, ativos tecnológicos, infraestrutura.
  • Eficiência: participação de acordos de integração regional com corporações locais, insumos de baixo custo (transporte, energia, etc.) e mão-de-obra .

No entanto, o país hospedeiro, isto é, o país que receberá o investimento precisa de alguns determinantes que o farão ser um possível destino:

  • Estrutura para política de investimento estrangeiro direto: estabilidade política e econômica local.
  • Políticas diretas: regras para o ingresso de operações de tratamento de filiais, política sobre o funcionamento e estrutura dos mercados, acordos internacionais, políticas de privatização, política comercial (no que tange à barreiras tarifárias e não tarifárias), política tributária.
  • Facilidade para empresas (ambiente de negócios): promoção de investimento, incentivos para o investimento direto, custos de embaraço, facilidades sociais (escolas bilíngues, qualidade de vida, criminalidade, etc.), serviços (consultorias, agências de pesquisa) pró investimento.

Assim, o Brasil precisa criar um bom ambiente de negócios para que possa ser um bom hospedeiro da possível massa de investimentos. Então, podem ser direcionados para países em desenvolvimento nesse novo arranjo de globalização. A melhora do ambiente de negócios, diminuição da burocracia, a reforma tributária e fim dos embates de ordem política são essenciais para que o Brasil se beneficie da conjuntura geopolítica se constrói no horizonte.

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