Quedas e viés de disponibilidade

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Na segunda-feira (22), as ações da Petrobras (PETR4), registraram uma das maiores quedas do Ibovespa, em 21,51%, devido ao anúncio da troca do então presidente da companhia, Castello Branco. A possibilidade de troca já tinha sido anunciada durante o pregão de sexta-feira (19), fazendo o papel cair em 6,63% e ao fim do pregão foi confirmado que o presidente da república decidirá pela troca do principal executivo da companhia, conforme detalhamos no texto “Os desdobramentos da intervenção na Petrobras”.

Em meio a essas quedas, muitos investidores ficaram assustados. A piora nas perspectivas quanto à condução da gestão da empresa e da política econômica nacional, fazendo alguns investidores venderem seus ativos. No entanto, tal atitude talvez não seja a mais acertada. No investimento em ações, o dinheiro é perdido, isto é, o prejuízo é assumido após a venda do ativo, caso o investidor não venda, ainda não há perda, podendo, inclusive haver recuperação do montante alocado no papel.

No gráfico abaixo, podemos ver o comportamento dos preços de Petrobras (PETR4):

No gráfico de cinco minutos, temos a forte baixa do dia 22 de fevereiro. Os investidores que venderam, nesse período ou no dia 19 de fevereiro, provavelmente tiveram prejuízo consideráveis.  Outra possibilidade de perda se deu com agentes comprando as ações da companhia no dia 19, sexta-feira, acreditando que as ações já tinham caído muito.

Tais decisões são tomadas com base em vieses cognitivos e âncoras psicológicas. Como as decisões do governo geraram incertezas nos investidores quanto à economia e o comportamento do mercado. Como os agentes econômicos (investidores), tinham dificuldade em criar expectativas e possibilidades para ancorar suas decisões, acabaram por decidir com base em emoções e percepções, em alguns casos, errôneas. Uma possibilidade para a tomada de tais decisões é o viés de disponibilidade.

O viés de disponibilidade é a atitude que um agente toma com base nos exemplos mais recentes que ele possui e com isso, dependendo da experiência ou exemplos que venham à mente primeiro, acaba tomado decisões sem os fundamentos corretos. Outro viés que pode ser descrito nessa situação é o de custos afundados. Mediante à uma forte queda de mercado, o investidor acredita que já perdeu muito e que não conseguirá recuperar o valor e, com isso, acaba se desfazendo do ativo sendo que, posteriormente, a ação poderia recuperar o seu preço ou a perda poderia ser amenizada.

Uma das formas de não cair nas armadilhas da mente é entender o seu perfil e sua tolerância ao risco para não aplicar em investimentos que não são inerentes ao perfil. Outra coisa importante, é ter uma visão global de investimentos entendendo as variáveis que podem impactar os preços dos ativos em que se está alocado. Também é preciso evitar tomar decisões com as emoções à flor da pele, em momentos de medo, nervosismo ou euforia. Buscar conhecimento também é essencial, para não seguir comportamento de manada notícias que não condizem com os fundamentos econômicos ou financeiros do ativo em questão.

Autor: Matheus Jaconeli

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