Os mercados globais fecharam a terça-feira (29) com queda. Enquanto o hemisfério norte dava sinais de cautela com olho nas eleições americanas e seus processos políticos internos. No Brasil, a situação fiscal e os ruídos políticos deterioraram as expectativas dos investidores.
As bolsas americanas realizaram os lucros de segunda-feira (28), aguardando o resultado do debate entre Trump e Biden que pode direcionar melhor as expectativas dos agentes em relação ao resultado da eleição.
Dado que a possibilidade de os resultados do pleito irem à justiça, o mercado arrefeceu seus temores em relação à competição pela Casa Branca.
Dentre os dados de conjuntura econômica do país, se destacou o indicador de confiança do consumidor, que atingiu 101,8 pontos, contra expectativas de 89,2.
Os investidores também aguardam a definição do pacote fiscal, após os democratas apresentarem uma proposta de US$ 2,2 trilhões em estímulos.
O Dow Jones e o S&P 500, tiveram queda de 0,48%. A Nasdaq, teve retração de 0,29%.
Os principais índices europeus fecharam em queda, mediante às incertezas em relação ao aumento de casos de covid-19.
Além disso, os agentes decidiram ter cautela, aguardando o primeiro debate entre os concorrentes à presidência dos Estados Unidos, Joe Biden e Donald Trump, pois o evento pode direcionar as expectativas dos agentes em relação ao possível próximo presidente da maior economia do mundo.
Ademais, também há parcimônia em relação à nona rodada de negociações em torno do Brexit.
Madri, teve queda de 1,15%, seguida pelas perdas de Milão, em 0,52%. Londres, se desvalorizou em 0,51%. Frankfurt e Paris, perderam 0,35% e 0,23% respectivamente.
A Bolsa brasileira teve mais uma queda. Todavia, a influência principal foram os ruídos políticos internos e a indigestão do mercado em relação às medidas para que o governo possa realizar o Renda Cidadã.
Apesar da reação do mercado em relação ao financiamento do programa com precatórios e recursos do Fundeb, Márcio Bittar informou que a proposta não mudará.
Tendo em vista a resposta do mercado, Bolsonaro fez um apelo ao mercado, dizendo que pode fazer um estudo relacionado à venda de estatais para sustentar o programa que pode mitigar problemas sociais em 2021.
Além disso o tesouro divulgou os dados fiscais, com perda de 647,8 bilhões no resultado do governo central, o que amplia o risco percebido em relação ao país.
Assim, o Ibovespa fechou com queda de 1,14%, a 93.580,35 pontos. O dólar, se manteve quase estável, com alta de 0,071%, cotado a R$ 5,64.
O petróleo teve forte realização, mediante os receios da recuperação na demanda pela commodity.
O WTI, teve queda de 3,69%, a US$ 39,10. O Brent, teve retração de 3,59%, cotado a US$ 41,34.
Hoje (30), mais uma vez a agenda econômica dos Estados Unidos está relativamente cheia.
Começando pelos indicadores de atividade, a companhia ADP Systems, publicará a variação do emprego para o setor privado americano.
A despeito dos números aquém do esperado da demanda por auxílio por parte dos trabalhadores americanos, a expectativa do mercado é de que o setor privado tenha evolução de aproximadamente 52%, saindo de 428 mil vagas criadas para 650 mil.
Caso as perspectivas se concluam, o dado poderá corroborar para o anúncio de Powell, quanto à melhora da atividade econômica dos Estados Unidos. O Bureau of Economic Analysis, trará a segunda observação do PIB americano referente ao segundo trimestre. Em termos anualizados, o mercado espera que o resultado não tenha mudança, quando comparado à primeira observação, continuando com a retração de -31,7%.
Se as expectativas, do mercado se concluírem, o número será positivo, pois supera, de certa forma, as expectativas anteriores à divulgação da primeira verificação do indicador.
Para Chicago, grande região, a ISM-Chicago, Inc. divulgará os dados do PMI do setor manufatureiro para a região. Dado que a região de Chicago é importante por conta da representatividade da região para os Estados Unidos, assim é possível criar expectativas em relação ao indicador nacional. O mercado espera que o índice saia de 51,2 pontos e alcance 52 em setembro.
A associação Nacional de Corretores de Imóveis divulgará o índice de vendas imobiliárias pendentes, a medir a mudança da atividade do setor imobiliário para o mês de agosto.
Apesar do indicador ainda ter projeção de aceleração, os agentes se mostram mais cautelosos em relação a julho mostrando o impacto dos aumentos a instabilidade no período referido. O mercado espera avanço de 3,2% em agosto, ante 5,9% em julho.
O dia também trará os números semanais da produção de petróleo nos Estados Unidos por parte da EIA (Energy Information Administration). Apesar do receio em relação à demanda por conta dos riscos em relação ao covid-19 na Europa, a expectativa do mercado é de aumento dos estoques, após várias semanas de cortes.
Projeta-se avanço de 1,569 milhões de barris, ante retração de 1,639 milhões na semana anterior.
Por fim, membros importantes do FOMC como Kashkari, Bowman e Kaplan farão mais pronunciamentos referentes às suas expectativas em relação à recuperação da economia americana.
Após dados ruins de inflação da principal economia da Zona do Euro divulgados ontem (29), a agência Eurostat publicará a inflação ao consumidor para o bloco.
Os receios referentes ao aumento no número de infectados pelo covid-19 no continente, traduzidos pelos dados do setor de serviços e pelas vendas no varejo, por fim, acabam por impactar as expectativas de inflação, uma vez que o nível de atividade tende a ter uma retomada mais lenta caso as medidas de distanciamento social sejam concretizadas.
Assim, o mercado espera que a inflação mantenha a queda de 0,2% ao ano e, ao mês, também é esperada deflação.
Para Alemanha, a agência Destatis divulga os dados do varejo e do desemprego.
Devido ao dinamismo da economia alemã, juntamente com os programas de ajuda as empresas para que as demissões não ocorressem, a Alemanha tende a não sofrer com o desemprego, de modo que durante a crise, o país ficou com uma das menores taxas quando comparada com outros países.
Desse modo, o mercado espera que a taxa de desemprego continue em 6,4% e, a variação do desemprego, para setembro, também deve repetir os dados do mês anterior, com mais 9 mil pessoas entrando no mercado de trabalho.
Todavia, os agentes econômicos continuam a destinar renda à poupança precaucional, diminuindo o consumo presente mediante às incertezas trazidas pela possibilidade cada vez mais concreta de segunda onda no continente.
De forma anualizada, projeta-se a mesma variação nas vendas do varejo em agosto em relação a julho em 4,2%.
Ao mês, há avanço, com aumento de 0,4%, ante queda de 0,9% em julho.