Como já era de se esperar, ontem (26), foi um dia de forte queda para bolsa brasileira, repercutindo tudo que ocorrera durante os dias de folia no Brasil e de mal estar nos mercados internacionais.
O Ibovespa registrou uma de suas maiores quedas desde 2017 confirmando o prelúdio dos dias anteriores, os quais já sinalizam para uma queda por intermédio dos preços das ADR’s, retração das bolsas internacionais e nível de incerteza em relação ao mercado. Assim, com o cenário negativo, a Bolsa de São Paulo computou queda de 7,00% no dia, chegando aos 105.052,80 pontos.
Os destaques das quedas foram para empresas que são sensíveis ao ciclo econômico, no caso, empresas de commodities como Petrobras, Gerdau e Usiminas ou aquelas que dependem das viagens como CVC, Azul e Gol. As ações que, geralmente respondem de forma menos sensível à eventos da natureza que o mercado passa agora são bancos, empresas de energia ou do ramo industrial que respondem bem, como Weg.
Outro destaque negativo foi a Vale (VALE3 -3,97%). O problema com a mineradora não foi por conta da queda, mas devido a um novo acidente envolvendo a empresa. O navio sul-coreano, MV Stella Banner, sofreu uma avaria na proa com risco de naufrágio e, consequentemente derramamento de minério nas águas da costa maranhense.
O dólar, apesar da intervenção do Banco Central, registrou mais um recorde atingindo R$ 4,4505.
As principais bolsas da Europa tiveram leve recuperação por conta de resultados corporativos, após registrar a pior queda em quatro meses. O destaque de ganhos é Milão. Apesar do alastramento da doença na região norte do país, o FTSE MIB teve elevação de 1,44%, por conta dos bons resultados corporativos de Peugeut, que possivelmente se uma à Fiat Chrysler, repercutiu positivamente na bolsa italiana. Todavia, o aumento ainda não é suficiente para recuperação do índice.
Em Paris, o índice ficou quase no zero a zero, com ganho de 0,09%. Madrid, avançou 0,71%. Londres ganhou 0,32% e, por fim, Frankfurt registrou perda de 0,12%.
Nos EUA, além do covid-19 gerarar queda nas perspectivas de crescimento global e do aumento da incerteza do cenário político (apesar de pequena), as empresas americanas estão revendo todos os seus guidances (projeções) por conta do avanço do vírus. Muitos insumos oriundos da China deixaram de chegar aos EUA e operações de empresas americanas que ficam no país asiático ficaram paralisadas, afetando a produção dessas empresas.
Assim, as bolsas americanas, apesar de ter ensaiado uma alta, fecharam em queda e, no caso da Nasdaq quase no zero-a-zero.
Dow Jones fechou com queda de 0,46%. O S&P 500 perdeu 0,38% e a Nasdaq avançou 0,17%.
Ademais da queda na bolsa, o índice VIX (medida da volatilidade do S&P 500 em percentual) registrou forte avanço 27,56, mostrando que S&P 500 pode subir ou cair 27,56%. De forma complementar, pensando em riscos inerentes às expectativas em torno dos possíveis impactos do coronavírus, a diferença entre taxa de juros, os títulos americanos de três meses e a taxa de 10 anos é de -18 b.p. com os títulos de três meses pagando 1,49% e a de dez anos, 1,31%. Quanto menor a diferença entre as taxas, significa que os investidores estão retirando seus recursos dos ativos de riscos e aplicando em títulos seguros, além da expectativa por parte dos agentes ser uma recessão e que as taxas de juros de longo prazo cairão para estimular a economia.
Não obstante os bons resultados do mercado imobiliário e dos estoques de petróleo, as expectativas no que diz respeito à economia americana ainda são instáveis, visto que ainda não há desaceleração do vírus fora da China, muito pelo contrário, há um alastramento.
Hoje (27), a agenda está cheia para dados importantes da economia americana. O calendário inclui: Pedidos por seguro desemprego, Núcleo de pedidos de bens duráveis, Lucros corporativos trimestral, PIB trimestral, Gastos dos consumidores e o Índice de preços das despesas com consumo.
Todos os índices que serão divulgados, são relacionados ao nível de atividade do país. Apesar de todas as expectativas estarem sendo revistas e os impactos dos eventos atuais estarem embutidos nos indicadores dos próximos meses, os indicadores são um forte sinalizador para mostrar como a economia americana está caminhando. Vale lembrar que o nível de atividade está intimamente ligado aos movimentos de taxa de juros por parte do FED e expectativas dos agentes, afetando fortemente os mercados de economia emergentes como o Brasil.
Na Europa, o calendário é voltado para indicadores relacionados à percepção dos agentes econômicos e de suas expectativas para o mês de fevereiro. A agenda europeia reúne: Confiança de empresas e consumidores Clima de negócios, Confiança do consumidor, Expectativas de inflação ao consumidor, Confiança do setor de serviços, Confiança da indústria e expectativas do preço de venda.
Apesar dos indicadores serem relacionados às expectativas, eles são muito importantes, pois mostram um direcionamento para entender como está a economia europeia e, inclusive, para ter uma visão do desempenho do PIB do bloco que representa 35% do comércio mundial.
Na agenda econômica, o foco são os indicadores de inflação IGP e do IPA (índice de preços ao produtor amplo).
O IGP, índice geral de preços, abrange etapas distintas dos fatores de produção e de bens, mostrando uma boa métrica para a evolução nos preços. O indicador vem apresentando desaceleração. No entanto, é preciso levar sempre em consideração ao lenta recuperação da economia brasileira, pois quando uma economia não cresce, não há elevação da demanda e, em muitos caos, cai. Portanto, a desaceleração da de um indicador de preços pode dizer que há fragilidade no crescimento econômico do país.
Além do IGP, existe a divulgação do IPA (índice de preços ao produtor amplo), mostrando a demanda entre os produtores. Caso haja queda por diminuição da demanda, significa que os produtores não estão conseguindo obter lucro e, com isso acabam comprando menos, gerando queda nos preços de bens ou insumos que fazem parte do processo de produção.
Para agenda de balanços tempos AES Tietê, Ambev e Marcopolo.
Além dos indicadores econômicos, o país acompanhará a doença que atingiu um brasileiro que apresentou infectado pelo vírus. Além disso, os netos do homem também estão sendo avaliados, pois também apresentaram sintomas da doença.
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