Primeira Análise – 21/02/20

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A última quinta-feira (20), foi um dia desanimador para os mercados. Além da realização em relação ao dia anterior, o coronavírus continua a se mostrar como um risco a ser considerado, tanto que, apesar da desaceleração de novos casos, os agentes ainda enxergam o vírus como o causador da desaceleração do crescimento da economia.

Esse mal-estar não é criado apenas por conta das projeções pessimistas da maioria dos economistas de todo mundo, mas também por questões concretas observadas na economia real. Pois a paralisação de algumas regiões da China faz com que insumos importantes para a produção de bens não chegue ao seu destino, afetando a economia do país destinatário.

O mau-humor do mercado foi tão grande que nem o bom balanço da Petrobras e os anúncios de estímulo monetário, tanto do Brasil, quanto da China, mudaram o rumo do Ibovespa que amargou 1,66% de queda.

No dia, para o Brasil, os dados econômicos divulgados não foram positivos. Apesar de alguns economistas considerarem o parar de inflação saudável, a inflação continua a desacelerar pelo fato da economia brasileira crescer de forma lenta e da expectativa dos agentes também não responder o quanto era demonstrado outrora, fazendo o IPCA-15 de fevereiro anualizado ser de 4,21%, contra os 4,34% de janeiro e, no mês, registrar aceleração de apenas 0,22%.

A queda da inflação têm seus pontos positivos, o choque da carne, por exemplo, foi dissipado, conforme se esperava (por ser decorrente de um choque de demanda externa). Todavia, mostra o desaquecimento da economia. 

O desempenho fraco da economia brasileira se refletiu no índice de expectativas do consumidor divulgado pela FGV, o qual também caiu, saindo de 90,4 na última amostra.

Para tentar estimular a economia, o BACEN informou que reduzirá o compulsório de recursos a prazo de 31% para 25%, ampliando a oferta de crédito e de moeda na economia. Além disso, a Caixa Econômica Federal, divulgou que estabelecerá uma taxa fixa para financiamentos de 8%.

Na Europa, alguns indicadores foram melhores do que o esperado, porém fracos. Na Alemanha, o PPI mensal subiu 0,8% contra a expectativa de 0,2%, na comparação anual, o indicador cresceu 0,2%, contra a expectativa -0,4%. O clima do consumidor da Alemanha ficou inalterado.

Para Zona do Euro, o índice de confiança do consumidor continua ruim, com -6,6 pontos. Contudo, a expectativa era ainda pior, de -8,2. Ainda na Zona do Euro, o BCE divulgou sua ata, informando que, apesar da queda no crescimento global, não pretende cortar juros.

As bolsas europeias fecharam em baixa com Milão retrocedendo 1,56%, Madrid -1,51%, Frankfurt com -0,91%, Paris -0,8% e Londres com 0,27% de queda.

Nos EUA, a divulgação do estoque de petróleo abaixo do esperado, fez o petróleo ficar no patamar dos USS$ 53,00 o barril. Contudo, o dado de atividade da Filadélfia e os balanços das empresas americanas não foram suficientes para acalmar as bolsas americanas. O Dow Jones caiu 0,44%, o S&P 500 desacelerou 0,38% e a Nasdaq teve perda de 0,67%.

Hoje (21), o dia não terá divulgação de balanços, o foco será nas empresas que divulgaram seus resultados após o pregão de ontem (20). A agenda do dia girará em torno do calendário econômico nacional e internacional.

Vale aquém do esperado

O resultado da mineradora ficou abaixo das expectativas, acumulando prejuízo de US$ 1,262 bilhão no último trimestre de 2019. Os custos com indenização, questões jurídicas e a queda nos preços do minério de ferro contribuíram para o mal desempenho da mineradora.

O Ebitda ajustado caiu 2,48% em relação ao terceiro trimestre de 2019 e, em relação ao mesmo período de 2018, houve aumento de 1,54%.

A queda no resultado e no Ebitda reflete o aumento de custos, inclusive os custos relacionados às reparações de Brumadinho.

 A receita operacional líquida, somou USS$ 9,964 bilhões, com queda de 2,48% em relação ao período imediatamente anterior. A queda nas receitas, entre outros fatores, se deve a queda nos preços do minério de ferro e de outros minérios durante o período.

A possível desaceleração da China, queda no preço do minério de ferro e a alta do dólar (pelo fato da empresa ser dolarizada), pode gerar desafios para companhia ao longo do ano.

Carrefour

O Lucro líquido do Carrefour apresentou alta de 19,54% em relação ao quarto trimestre de 20118. Acumulando R$ 636 milhões.

O avanço do lucro pode ser explicado, em grande medida pelo o avanço da companhia com o Atacadão, com o seu varejo e com a ampliação das hipermarcas, o que gerou um aumento de 11,4% nas vendas líquidas, somando R$ 16,014 milhões de receita. 

A empresa busca cada vez se expandir cada vez mais e isso fica evidente com a aquisição de lojas da marca Makro, buscando sinergias com e elevação de vendas próximos dos registrados com a marca Atacadão.

Empregabilidade no Brasil

Hoje (21), sem balanços, o foco será no indicador de evolução do emprego divulgado pelo CAGED. Em janeiro o resultado, apesar de negativo, é comum para época do ano, registrando um saldo negativo de -307,31 mil vagas criadas, quando a expectativa era de queda 320 mil. Boa parte dos indicadores da economia brasileira vieram muito abaixo das expectativas e o que foi visto nas últimas apurações relacionadas ao mercado de trabalho e que, se criou um número menor de vagas que o esperado e que boa parte delas são informais e pagam salários menores.

Menores níveis de salários geram menor expectativa de consumo, reduzindo as expectativas de crescimento econômico.

Temporada de PMI’s – EUA

Após bons resultados do indicador de produção da Filadélfia, os EUA terão a divulgação dos PMI’s Composto, de serviços e industrial. O dado é importante, pois se apresenta como mais uma métrica de como a economia americana está desempenhando no setor real da economia.

Com maior produção de bens serviços, maior é a atividade econômica. Uma boa atividade econômica de um país como os EUA, além de ajudar a acalmar os mercados, também reduz a possibilidade de corte na taxa de juros americana.

Europa também de olho na produção e inflação

Também haverá divulgação do PMI para Europa. A expectativa é de que ocorra redução de das três categorias de PMI, o composto, de serviços e industrial.

Já no que diz respeito aos preços, espera-se que o núcleo do IPC anual e mensal e o IPC anual permaneçam estáveis para Europa, em números baixos, demonstrando fraca atividade econômica. Exceção, e negativa, é a do IPC anual, onde o esperado é uma deflação de 1%.

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