Ontem (18), tivemos mais um dia de forte queda. Os mercados vêm mostrando que os agentes ainda estão com expectativas muito negativas, em relação ao avanço do covid-19 e as políticas governamentais que no curto prazo se mostram insuficientes para trazer ânimo aos mercados.
Nos Estados Unidos, após anúncios de expansão do lado fiscal na noite de terça-feira (17), as bolsas caíram novamente, paralelamente, ao avanço nas taxas de juros de longo prazo saindo de 1,117% e, ao fim da tarde de (18) indo para 1,225%. Isso ocorre porque a percepção de risco dos agentes em relação à economia se eleva uma vez que haverá recessão econômica, o que gera queda na arrecadação, e aumento dos gastos do governo, comprometendo o orçamento governamental. Assim, com aumento do déficit, as perspectivas dos agentes pioram, deixando os investidores mais avessos ao risco e, por sua vez, fazendo com que estes migrem para ativos de menor risco, no caso, títulos do tesouro.
Apesar dos gastos serem necessários para balancear os danos causados pelo covid-19 na economia e na saúde pública, os gastos em uma economia em recessão pode aprofundar o problema no lado fiscal, de modo que os agentes projetem uma política contracionista no futuro por conta da expansão de gastos atuais.
Dado o cenário exposto, o Dow Jones, liderando as quedas, com perdas de 6,30%. O S&P 500 registrou queda de 5,18% e o Nasdaq se elevou 4,70%.
O VIX (indicador de risco em relação ao S&P 500), apesar da queda em relação ao dia anterior, ainda está em níveis elevados alcançando 76,45.
Petróleo WTI, fechou com preços baixos alcançando cotação de US$ 23,41 o barril, mostrando incerteza quanto ao cenário internacional e os resultados da briga entre os russos e sauditas.
No Brasil
No Brasil, o caminho não foi diferente, o quinto circut breaker do mês evidenciou o receio dos agentes quanto a bolsa brasileira.
Os agentes nacionais e internacionais que tinham boas expectativas em relação à economia brasileira pelo fato do governo eleito ter maior comprometimento com as finanças públicas, pioraram suas expectativas. Ademais o crescimento fraco da economia antes do coronavírus a evidenciar uma lenta recuperação, o inevitável avanço da doença no Brasil levou os formuladores de política econômica e outro membros do governo tomarem medidas de emergência com o objetivo de conter os efeitos oriundos do covid-19 que já acumula 428 casos e 4 mortes no Brasil.
Dentre as políticas tomadas pelo governo brasileiro, foram anunciados sistemas de vouchers para trabalhadores informais, investimentos na área de infraestrutura, liberação de investimentos na área da saúde entre outros. Para tanto, congresso votou a favor do pedido de calamidade de modo que não haja nenhum crime de responsabilidade fiscal, caso o governo ultrapasse o gasto previsto pela lei de responsabilidade fiscal, a qual visa salvaguardar a saúde financeira do país.
Assim, muitos agentes, apesar de considerarem as intervenções fiscais de caráter expansionista aliadas à política monetária voltada à liquidez do sistema financeiro necessárias, elas podem comprometer o orçamento público de modo que o risco país aumente. Dessa forma, as taxas de juros de longo prazo do Brasil sobem, mostrando que os agentes buscam títulos seguros em meio à crise fazendo do DI para 2027 fechar em 8,27%.
A situação fez o executivo buscar harmonia com os demais poderás, com o objetivo de conter o surto e a crise originada por ela.
Além da esfera federal, os estados e municípios também estão a buscar soluções para evitar o alastramento do contágio. Até o dia 5 de abril, o comércio ficará fechado e somente padarias, restaurantes, mercados, farmácias e postos de gasolina poderão ficar aberto. Sem a extensão desse prazo, o varejo perde aproximadamente 31% de seus dias úteis, o que afetará significativamente o orçamento de tais empresas, tanto que uma das maiores quedas do Ibovespa foi Via Varejo, perdas de 31,53, com cotação de R$ 4,82.
Pelo lado da política monetária, Copom decidiu cortar a taxa de juros 0,5 ponto percentual, reduzindo a taxa de juros Selic para 3,75%.
A decisão relativamente conservadora, pois trabalhávamos com um corte 1 ponto percentual na taxa de juros, foi feita com cautela. Em sua ata, o comitê informou que está olhando para os impactos que serão e já estão começando a ser gerados na economia brasileira pelo covid-19 e também os choques advindos da economia global. O Copom também levou em conta, para sua decisão, os níveis de inflação que permanecem baixos.
Contudo, a alta do dólar, que ontem (18) chegou a ser cotado em novo histórico, fechando o dia cotado a R$ 5,1075, levou os formuladores de política econômica a tomarem um pouco de cuidado, pois com o corte das taxas de juros nacionais há inda mais incentivos para que a demanda por dólares aumentar devido à falta de atratividade dos títulos brasileiros em relação aos investimentos seguros estrangeiros.
Assim, a bolsa brasileira fechou com queda com muita volatilidade amargando mais circuit breaker com a mercado registrando queda de 10,35 %, batendo os 66.894,45.
Na Europa, as bolsas também caíram. O avanço da doença na região que, atualmente é o epicentro da doença vem gerando sucessivas queda para as bolsas europeias.
Apesar das medidas que estão sendo tomadas com o objetivo de conter a contaminação da doença, o vírus se espalha rapidamente e acaba por colocar todos os europeus receosos, principalmente os agentes que operam no mercado financeiro.
Assim as bolsas na Europa fecharam em queda. Paris fechou com queda de 5,94 %. Frankfurt, teve queda de 5,56%. Londres, fechou o dia com perdas de 4, 05%. Madrid teve queda de 3,44% e Milhão, teve redução de 1,27%.
Em todo mundo, tanto as bolsas, quanto a economia real dependem dos avanços realizados pelos ministros da área da saúde e sanitária com o objetivo de controlar a pandemia.
EUA com dados da Filadélfia e demais países com agenda econômica vazia
Hoje (19), o FED da Filadélfia divulgará os dados referente à emprego e atividade industrial para a região no mês de março.
Uma das regiões que mais empregam e produz nos EUA pode mostrar um forte tendência do que está por vir na economia americana de modo geral. Com todos os efeitos do coronavírus sob a economia americana, muito provavelmente os dados serão colocados para baixo, tendo em vista que com a economia parada, as indústrias não produzirão e por conta da queda na demanda e não haverá oferta de empregos, pelo fato das empresas não estarem a produzir.
Por conta de efeitos como os descritos acima, que o covid-19 é um choque de oferta e demanda, pois afeta os dois lados da economia.
As transações correntes, que mostra a quantidade de negócios que os EUA fez com o resto do mundo, para o trimestre tende a trazer resultados ruins.
Como o resto do mundo está importando menos devido à queda na renda na economia global, fazendo as exportações dos EUA caírem e o próprio país importará menos por conta da desaceleração de sua economia, a expectativa é que haja novo déficit nas transações correntes. Contudo, menor, pois a as importações cairão, tendo em vista que a queda na renda dos EUA diminuirá as importações.
Outro dado importante são os pedidos por seguro-desemprego. O dado é uma prévia de como avança o desemprego no país. Já no dia (17), terça-feira, cidades como Ohio e o Colorado já mostravam aumento nos pedidos. Isso mostra que boa parte dos empregos criados até então estão sendo destruídos como uma consequência do covid-19.
Apesar da quantidade de dados, os EUA e o restante dos países ficarão de olho na evolução da pandemia no ocidente e nas medidas que serão tomadas.
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