Primeira Análise - 13/03/20

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Ontem (12), as bolsas internacionais derreteram ainda mais. A gravidade do avanço do coronavírus no ocidente fez com que os EUA fechassem as fronteiras de ida e vinda a Europa. As autoridades europeias estão seguindo o exemplo da Itália, fechando escolas, creches, universidades e qualquer tipo de evento que contenha aglomeração de pessoas. Os EUA vão na mesma linha, encerrando até partidas da NBA (campeonato americano de basquete). A expectativa de infectados, somente para a Grande São Paulo, é de 45 mil no período de 4 meses, e entre os infectados aproximadamente 10 mil precisarão de leitos na em UTIs.

O avanço da doença entre brasileiros, quase gerou um imbróglio com os americanos ao longo do dia, após confirmação de infecção do chefe da Secom (secretaria de comunicação de governo), Fábio Wajngarten. Contudo, ainda é necessário contraprova.

Em pronunciamento, o presidente Jair Bolsonaro, usando máscara até pediu a suspensão das manifestações do ato de apoio ao governo e contra o congresso no domingo (15) e informou que assinará uma MP com liberação de R$ 5 Bi à saúde.

Com o ambiente totalmente incerto e alta percepção de risco, a bolsa brasileira amargou nova queda, fechando o dia com 14,78% de queda, atingindo 72.125 pontos, a maior queda em quase 22 anos. Além disso, a hercúlea força vendedora acionou circuit braker por duas vezes no mesmo dia, algo que não ocorrera desde 2008, quando o mundo presenciou uma das maiores crises financeiras da história.

O dólar chegou a ser cotado em R$ 5,02, mas as operações de venda do Bacem aliviaram o avanço da moenda internacional. Assim o dólar fechou em R$ 4,79.

Nos Estados Unidos, a situação é de urgência quanto ao combate do coronavírus. Além de medidas preventivas como a prevenção de voos e do anúncio de Donald Trump informando que está disposto para usar “poder do governo federal”, o mercado espera uma medida mais contundente do ponto de vista econômico para diminuir os impactos ocasionados pela pandemia.

Ao longo do dia, FED trabalhou injetando dinheiro na economia americana e com avisos sobre REPO (recompra de títulos) e operações de overnight (operações de um dia de recompra de títulos). No entanto, tais tentativas do FED não conseguiram impedir a abrupta queda, de modo que o Dow Jones caísse 9,99%, a maior queda diária desde a segunda-feira negra de 87. S&P e Nasdaq também caíram fortemente, acumulando perdas de 9,51% e 9,43% respectivamente.

Mediante o cenário de risco, o VIX (indicador que mede o risco da maior bolsa americana) registrou topo histórico atingindo 75,47%.

Na Europa, as bolsas tiveram quedas notáveis. Em reunião, o BCE decidiu manter as taxas de juros e espera que os países da Zona do Euro o agravamento do coronavírus. Em nota, a maior autoridade monetária da Europa informou liberará títulos de refinanciamento de longo prazo (ORPA), a fim de trazer liquidez imediata para o sistema financeiro à área do euro. Além disso, o BCE afirma que serão necessários esforços orçamentários para arrefecer os impactos do covid-19.

Apesar disso, a economia europeia continua a sofrer com as paralizações decorrentes da doença e a bolsa mostra o reflexo e as expectativas dos agentes quanto a isso.

Assim, a bolsa da Itália, país mais afetado do ocidente, teve perda de 16,92%. Madrid, acumulou perda de 14,06%. Paris caiu 12,28%. Frankfurt acumulou queda de 23,24% e, por fim, Londres caiu 10,87%.

EUA e expectativas, contagens de sondas mais preços

A agenda econômica americana de hoje (13) trará os dados de confiança do consumidor, comércio, petróleo e preços de bens importados.

A Universidade de Michigan informará quais são as expectativas dos agentes econômicos para março, levando em conta as condições atuais, percepção do consumidor e expectativas para inflação. Dado o cenário econômico e o histórico avanço da pandemia, espera-se queda nos índices, dado a provável paralização da economia que está por vir.

Os preços de bens importados devem cair, pois conforme a economia for confirmando a paralização, tende-se a haver menos demanda de bens importados, quanto os nacionais.

Os bens exportados também devem cair, dado que os estoques que deveriam ser destinados à exportação ficarão parados, pois o resto do mundo está comprando menos, por conta da desaceleração econômica. Esse estoque fica na economia de origem e, dado cenário pandêmico, os consumidores comprarão tal estoque até que ele acabe e depois, com medidas de foco em contenção, fazendo cidadãos ficarem em casa, não haverá demanda por tais bens.

Em um cenário de desaceleração global por conta de uma pandemia e uma guerra comercial em torno do petróleo não resolvida, faz a demanda por petróleo no mundo cair em detrimento à oferta. Assim a contagem de sondas Baker Hughes deve trazer números abaixo das observações anteriores, evidenciando desaceleração do trabalho nas plataformas de petróleo.

Na Europa, agenda é vazia, apenas com preços alemães

Na Europa, a principal economia do continente divulgará os seus preços.

Apesar do avanço do coronavírus, o mercado projeta estabilidade no IPC (índice de preços ao consumidor) de fevereiro, com 1,7%, valor igual ao da última observação.

Já na comparação mês-a-mês, o índice que vinha em processo de deflação e na última observação registrou retração de 0,6%, tem projeção de avanço de 0,6%.

Contudo, é provável que ao longo do ano, depender do desenvolvimento do coronavírus, os preços caiam, pois haverá queda na demanda por bens e serviços, dado que a economia estará parada.

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