Primeira Análise - 11/03/20

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Ontem (10), as bolsas americanas, asiáticas e brasileiras recuperaram as perdas de segunda-feira (09). Com exceção das bolsas europeias que tiveram forte queda, devido a preocupação em relação aos impactos decorrentes do avanço da do novo coronavírus no país. A bolsa brasileira passou por sensível correção das perdas, registrando alta de 7,14%, atingindo os 92.214,47, sendo a maior alta diária desde 2009. A única empresa que registrou queda foi a Ambev com retração de -2,39%, sendo cotada a R$ 14,32.

O motivo do repique é decorrente da correção técnica referente à forte queda do dia anterior, além do empenho dos governos do Brasil e dos EUA para conter o avanço do coronavírus.

No que diz respeito os dados divulgados pelo IBGE, a indústria brasileira teve aumento de 0,9% em janeiro quando comparado com dezembro de 2019. Quando comparado ao mesmo período do ano passado, houve retração de 0,9%. A indústria de bens de capital foi a principal categoria a influenciar a alta, com avanço de 12,6%.

Apesar do dado positivo, acima das expectativas, o indicador é importante para entender o que houve no passado, mas com as variáveis coronavírus e choque do petróleo, ela perde um pouco de força para entender o que acontecerá em termos de projeção.

Nos EUA, as bolsas também se animaram com os esforços governamentais. A mudança de postura do presidente Donald Trump na noite de segunda-feira (09), a dizer que tomará medidas importantes para contenção do covid-19, cortando impostos sobre folhas de pagamento e outras ações não especificadas.

Com isso o Dow Jones teve avanço de 4,89%. O S&P 500 teve elevação de 4,94% e a Nasdaq teve ganhos de 4,95%.

Apesar de um acordo entre russos e sauditas demorar a acontecer e do estoque de petróleo nos EUA aumentar, o petróleo se recuperou. O barril de petróleo WTI fechou com alta de 3,57% sendo cotado a R$ 34,70.

O VIX, índice que mede a volatilidade da principal bolsa americana (S&P 500), ainda está em um nível desconfortável, mas já saiu do patamar dos 50, atingindo 47,30 ao fechamento do pregão.

Na Ásia, os avanços do controle em relação ao coronavírus e o anúncio do governo japonês, de que realizará estímulos para conter o avanço do covid-19 e seus impactos na economia animaram as bolsas orientais.

Shangai teve alta de 1,82%. KOSPI , teve elevação de 8,16% e Hang Seng avançou 1,41%.

O ânimo do novo mundo não empolgou os europeus, as bolsas do velho continente amargaram novas realizações. A líder da principal economia da região, Angela Merkel anunciará que não tomaria medidas, pois a economia europeia não precisaria de políticas, além da monetária, para conter os problemas econômicos oriundos do novo coronavírus que cresce fortemente na Europa, em especial na Itália. Assim, as altas do restante do mundo e os dados levemente positivos da economia europeia, como o crescimento anual de 1,0% do PIB e aumento de 1,1% do emprego, não foram suficientes para impedir as quedas no mercado.

Milão, mais uma vez liderando as quedas, amargou 3,28% de retração. Madrid, caiu 3,28%. Paris, teve queda de 1,51%. Frankfurt derreteu 1,41% e Londres, quase no zero a zero, caiu 0,09%.

Avanço dos preços é o destaque para o Brasil

No Brasil será divulgado o IPCA, um dos indicadores mais importantes para analisar a conjuntura econômica. O principal indicador de inflação do país mede a variação dos preços da economia, refletindo o custo de vida da maioria das famílias brasileiras, com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos.

Apesar das altas no dólar, dificilmente teremos um pass through cambial (repasse da alta do dólar nos preços da economia) forte, pois a economia já se mostra deprimida e em recuperação lenta. A lenta recuperação da economia desestimula a demanda por bens e serviços, reduzindo os preços dos mesmos.

As expectativas dos analistas de mercado apontam avanço de 0,34% nos preços para fevereiro, contra 0,21% registrado em janeiro e 0,43% no mesmo período do ano passado. No ano, o indicador acumula avanço de 4,19%.

EUA: Inflação, estoques de petróleo, rendimentos e dados orçamentários

Nos Estados Unidos também serão divulgados os indicadores de preços. O IPC (Índice de Preços ao Consumidor), divulgado pelo U.S Bureau of Labor Statistics, é o índice análogo ao IPCA divulgado pelo Brasil. A diferença é que o peso dado para alguns bens é diferente o poder de compra americano também, de modo que alguns bens pesem menos que outros.

As expectativas do mercado é na comparação mês a mês o indicador tenha avançado 0,2% em fevereiro, contra 0,1% da última observação. No acumulado do ano, já é esperado retração no indicador, saindo de 2,5% para 2,2%.  

Um dado vinculado ao poder de compra das famílias, o rendimento real, também será divulgado para o mês de fevereiro e o mercado espera estabilização do rendimento acelerando vagarosamente em apenas 0,1%.

Quanto aos estoques de petróleo bruto, com o impacto do coronavírus e agora com o choque do petróleo ocasionado pelo desacordo entre sauditas e russos, há intensificação do aumento. O mercado espera estoques de petróleo bruto de 2,266 mil barris de petróleo contra 785 mil da última observação.

Apesar dos esforços, anúncios de Trump e membros importantes do tesouro americano sobre a contenção de gastos do governo americano, espera-se aumento do déficit da maior economia do mundo. Em janeiro, foi computado déficit de US$ 33,0 Bilhões e espera-se que fevereiro ocorra aprofundamento de US$ 236,2 Bilhões.

A estimativa envolvendo aprofundamento do déficit público se dá por conta dos impactos advindos do coronavírus. Dados nos ajudam a entender o andamento da economia que, atualmente, divulgando dados aquém do projetado pela grande maioria dos economistas.

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