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Primeira Análise - 10/03/20 | Nova Futura

Written by Nova Futura | 20/10/2023 19:06:15

Mais uma vez os mercados internacionais registraram franca queda. Além do coronavírus, as notícias do final de semana já mostravam que ontem (09) seria um dia de derretimento dos mercados globais. Em retaliação a Rússia, por não ter aceitado a proposta de redução de sua produção de petróleo, a Arábia Saudita anunciou que elevará fortemente sua produção da commodity.

Assim, os mercados que já estavam pressionados por conta do avanço do covid-19 na Europa, Estados Unidos, Oriente Médio e até na América Latina, receberam mais uma injeção de mau humor, agravando severamente o cenário negativo para o mercado financeiro e a economia como um todo.

Queda nos preços do petróleo

A queda nos preços do petróleo decorrentes do atrito entre Arábia Saudita e Rússia, pode ocasionar problemas graves para o sistema financeiro, porque os bancos europeus e americanos que, devido ao corte nas taxas de juros realizadas pelos bancos centrais, passaram a ser grandes financiadores da indústria petrolífera por intermédio da concessão de crédito. Assim, a desvalorização da commodity gera diminuição das receitas, das margens e dos lucros das empresas do setor. Os preços já enfraquecidos pela desaceleração da economia global, tendem a cair mais por conta do aumento na oferta.

Contudo, há um impacto positivo que pode ocorrer posteriormente. Com a queda nos preços do petróleo, os agentes pertencentes a setores que possuem o petróleo como matéria prima e/ou seus derivados como insumo, receberão um efeito de aumento da renda disponível, pois seus custos serão diminuídos, o mesmo ocorre com as famílias que sentirão a redução no preço da gasolina, por exemplo.

Guerra de preços

O fato novo de ontem (09), foi a guerra de preços entre sauditas e russos. Todavia, os olhos do mundo não deixaram de observar os avanços do covid-19.  Segundo à agência AFP, o número de pessoas infectadas alcançou números elevado. A Itália possui om 9.172 casos e 463 vítimas em estado grave. A França vem em segundo lugar, com 1.412 pessoas com diagnóstico positivo e 25 mortos, seguida pela Espanha com 1.204 infectados e 28 mortos, Alemanha com 1.112 casos, dois mortos e Suíça com 374 casos e dois óbitos. No Brasil, os casos chegaram a 25 confirmações, com 930 suspeitos. Nos EUA, os casos confirmados já ultrapassam os 600 casos, com 22 mortes confirmadas.

Como medida, os governos da europeus tomaram medidas de contenção da doença. A Itália, decretou cancelamento de eventos públicos ou aglomerações fechadas com o objetivo de conter a doença, analogamente, França e Alemanha alertam os cidadãos e recomendam para que eles não saiam de casa. No Reino Unido, o governo britânico realizou uma força tarefa para deter Fake News e as redes de supermercados passaram a racionar determinados alimentos, pelo fato de muitas pessoas tentarem fazer estoques em casa.

Coronavírus

Nos EUA, o presidente Donald Trump, apesar de se mostrar pouco preocupado com o novo coronavírus, anunciou que tomará medidas de incentivo econômico para conter a doença, mencionando corte de impostos em folhas de pagamento, licenças remuneradas para quem estiver afastado do mercado. Anteriormente ao anúncio de Trump, os municípios americanos já trabalhavam para contenção do avanço do vírus.

Assim, as bolsas em todo mundo caíram abruptamente, alcançando números históricos registrando um circuit braker global, algo que ocorreu somente em 2008 durante uma das maiores crises da história.

No Brasil, chegou a registrar 85.879,64 pontos. Por volta das 10 horas da manhã, houve o circuit braker deixando a bolsa paralisada por 30 minutos, até retomar os negócios. A queda na bolsa foi fortemente influenciada pela queda de Petrobras e outros ativos que acompanharam a queda nos preços do petróleo. O índice fechou com retração de 12,17%, a maior queda desse 1998, quando houve a crise financeira russa.

O preço do dólar

O dólar, devido ao aumento do risco percebido em relação a economia internacional, fechou em novo recorde R$ 4,72, porém, chegou a bater R$ 4,79.

Nos EUA, o movimento de queda não foi diferente. As bolsas americanas caíram consideravelmente de maneira vista somente na crise de 2008. O Dow Jones fechou com queda de 7,79%. O S&P 500 regrediu em 7,60% e a Nasdaq caiu 7,29%.

O VIX superou a barreira dos 50, alcançando 54,46 (+29,85%), mostrando que os agentes estão com a percepção muito elevada em relação ao risco da bolsa americana, no caso, o S&P 500.

O Petróleo WTI fechou o dia (09) sendo negociado US$ 32,42 o barril, mas chegou mínima de US$ 27,34.

Taxas de juros

As taxas de juros longos, da rentabilidade dos títulos de 10 anos do tesouro americano fechou o dia de ontem em 0,613%, mas ao longo do dia, chegou a mínima de 0,342% no dia, a evidenciar que os investidores acreditam que a economia americana passará por uma recessão.

Na Europa, os temores em relação ao coronavírus e o choque do petróleo também fizeram os mercados derreterem. A bolsa da Itália, país que mais sofre com o avanço do vírus, registrou queda 11,71%. A bolsa da de Paris, pertencente ao segundo país mais afetado, caiu 8,39%. Madrid, derreteu 7,96%. Frankfurt, registrara queda de 7,94%. Por fim, Londres, caiu 7,69%.

Na Ásia, ademais a redução dos casos de coronavírus na China, os efeitos causados pelo vírus ainda estão sendo arrefecidos no país. Quanto ao Japão e Coréia do Sul, o avanço da doença ainda é um problema. A economia da Índia também sofre, pois enquanto a China não tiver retomado cem por cento sua produção, o país será fortemente afetado, pois muitos de seus equipamentos dependem de produtos chineses, tal como ocorre no Japão e Coréia do Sul.

Assim, as bolsas asiáticas também fecharam em baixa. Shangai caiu 3,01%. O KOSPI derreteu 4,19%. O Hang Seng teve perda de 4,23%. Sensex teve redução de 2,32% e o Nikkei, índice de maior queda no continente, caiu 5,07%.

Hoje (10), apesar de dados econômicos importantes como PIB da União Europeia e a produção industrial, foco do mercado estará nos desdobramentos da guerra de preços entre Rússia e Arábia Saudita e os desdobramentos em torno do covid-19.

Produção Industrial é o indicador do dia para o Brasil

Hoje (10), o IBGE divulgará os dados da produção industrial mensal e anual para o mês de janeiro. De acordo com os dados que ajudam a fomentar as expectativas em torno do indicador e a projeção do mercado, espera-se uma nova queda, pois acredita-se que a produção industrial brasileira diminuirá 1,0%, próximo do resultado ruim de janeiro (-1,2%). No entanto, na comparação mensal (mês a mês), o mercado acredita em lenta aceleração, com expectativa de 0,6%.

A produção industrial é um importante indicador de percepção da atividade econômica, uma vez que é a produção que gera renda. Além disso, o setor industrial possui fortes sinergias com os demais setores da economia, mostrando sua importância para entender a conjuntura econômica do país, Uma indústria fraca, pode ser o prenúncio de atividade (PIB) fraca.

Nos EUA, abastecimento e varejo correm a margem das crises do momento

O índice Redbook informará o crescimento das vendas no varejo da economia americana para o mês de fevereiro. O indicador pode mostrar como as famílias americanas estão consumindo, que é uma das variáveis que compõe o PIB, uma elevação no consumo pode ser um bom sinal para a economia. Contudo, é possível que o coronavírus possa impactar o dado negativamente.

O relatório WASDE do United States Department od Agriculture fornecerá os dados e previsões referentes ao fornecimento de grãos, soja, algodão, açúcar e produtos derivados de proteína animal no país. Os EUA está entre as potências agrícolas do mundo. Sendo assim, o dado pode evidencias as expectativas em relação ao setor agropecuário do país.

Por fim, serão divulgados os estoques semanais de petróleo, dado que se faz ainda mais importante após os ocorridos de ontem (09). 

Europa divulgará dados do PIB e nível de atividade

A agência Eurostat divulgará hoje (10) os dados de variação do emprego e o PIB trimestral para a Zona do Euro. O mercado espera que a variação do emprego tenha o mesmo resultado divulgado no trimestre anterior, mantendo-se em 0,3% no ano, também não há expectativas de mudança, com o indicador mantendo elevação de 1,0%. A elevação ainda é baixa e provavelmente as próximas observações serão afetadas pelos efeitos do coronavírus.

Quanto ao PIB da Zona do Euro, espera-se aceleração ainda mais lenta do que as registradas na última observação. Na perspectiva anula, é esperado avanço do PIB de 0,9% contra 1,2% da última observação. No trimestre, a projeção é de 0,1%, contra 0,3%.

Em conclusão, os dados de atividade econômica da Europa e de seus principais países como Alemanha e França, mostram retração econômica no bloco antes mesmo do aparecimento ou evolução do novo coronavírus. Na época a discussão era se novas ações dos bancos centrais gerariam estímulos para a economia crescer novamente, mas com o avanço do covid-19 e, mais recentemente, a crise entre os russos e sauditas, força as autoridades monetárias do bloco a agir, o que é esperado para próxima reunião do BCE.

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