Primeira Análise - 06/03/20

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Ontem (05) foi um dia muito conturbado por conta dos temores em torno do coronavírus e de suas consequências para economia. A doença gera preocupação aos mercados porque um aumento no número de casos pode levar cidades ou parte de cidades à quarentena. Assim, há menos mão de obra e menos produção, a exemplo do que ocorreu na China.

A diminuição da produção de alguns bens pode impactar outros setores, direta ou indiretamente, fazendo com que haja ainda menos produção e, com menos produção, há menos renda. Além de afetar alguns setores de forma direta, como os ligados à viagens, pois com um possível avanço do vírus, muitas pessoas terão receio de viajar para não se contagiaram.

Assim, o avanço da doença não gera apenas problemas oriundos de choques externos, como o observado em commodities, mas também impactos negativos que podem ser sentidos internamente. E é pensando no cenário que descrito acima, que o mercado desabou.

No Brasil, a totalidade de casos chegou a oito infectados, fortes perdas no dia para CVC, Gol e Azul. Além dessas quedas, IRB continuou em destaque. Apesar da teleconferência informar que o IRB não alterar suas contas passando certo otimismo para alguns analistas, a nebulosidade em torno da empresa continua, pois, mesmo com uma nova gestão, o vínculo de confiança entre empresa e mercado levará tempo para ser reconstruído e isso acontecerá se não houver mais nenhum capítulo confuso no meio do processo.

Ainda olhando para o lado corporativo, foram divulgados os balanços de Petrorio, Sinqia, CSN, B3 e Positivo.

Petrorio registrou resultado líquido de R$ 573,6 milhões no quarto trimestre, com aumento de 854% em relação ao mesmo período do ano passado. As receitas e o Ebitda também se elevaram consideravelmente e, apesar da dívida ter sofrido um pouco com a alta do dólar, as receitas que, também são em moeda estrangeira, contribuíram para que a dívida continuasse administrável.

A Sinqia, apesar de registrar um resultado positivo no último trimestre de 2019 somando R$ 193 mil, a empresa acumula prejuízo ao longo do ano em R$ 4.579 milhões. A empresa cresce fazendo aquisições e para alinhar sua operação fechou as divisões do Rio de Janeiro e do Nordeste, o que acaba por gerar custos, mas pode trazer ganhos de eficiência no longo prazo. Outro fator positivo é o bom endividamento da empresa. Todavia, boa parte dos players de mercado considerarão o resultado neutro, evidenciando que o mercado esperava mais da empresa.

A B3 teve grande salto em sua receita, somando R$ 32 bilhões com elevação de 20,2% em relação ao quarto trimestre de 2018. O Lucro recorrente foi de R$ 864,5 milhões, com aumento de 20,9% em relação ao mesmo período do ano passado. O avanço no período, está relacionado ao aumento de CPF’s cadastrados na bolsa e no volume de negociações na bolsa. Entretanto, o resultado veio a quem do esperado pelo mercado.

A CSN reportou queda de 36% no lucro líquido, totalizando R$ 1,13 bilhão no quarto trimestre. A empresa é fortemente impactada pela China e, a queda na demanda por minério de ferro, afeta fortemente a empresa.

A Positivo apurou lucro líquido de R$ 5,3 milhões, superando os R$ 2,6 milhões do mesmo período do ano anterior. Contudo, houve queda no Ebtida e aumento da dívida, informando que ouve leve queda na produtividade da empresa, mas o aumento da dívida é decorrente de investimentos realizados. A queda na produção chinesa ocorrida no começo de ano pode afetar fortemente a empresa, pelo fato dela depender de insumos e máquinas importadas do país asiático.

Na conjuntura econômica, o destaque foi para o IPP, o qual teve redução em relação à última observação (referente a dezembro). O indicador acelerou 0,32% para janeiro contra 0,65% de dezembro. Assim, houve uma demanda menor por produtos e serviços na economia brasileira, confirmando a desaceleração ou retomada muito fraca da economia.

Assim, predominantemente, por conta dos receios do coronavírus, o Ibovespa registrou queda de 4,65%.

Nos EUA, os temores não forma diferentes, assim como o caminho das bolsas. Apesar das falas dos membros do FOMC endossando as medidas com foco na ajuda sustentação da economia, as notícias de avanço do coronavírus como a Microsoft pedir para que seus trabalhadores fiquem em casa até, pelo menos, 25 de março e Washington tomando medidas mais fortes em relação ao surto.

Assim, as Bolsas americanas caíram fortemente. Dow Jones caiu 3,58%. O S&P 500 teve perdas de 3,39% e a Nasdaq decresceu 3,10%.

As taxas de juros de 10 anos das notas do tesouro americano continuam a cair, atingindo 0,81%, mostrando que os agentes acreditam em uma possível recessão da economia americana. Além disso, o mercado continua receoso em relação as condições economias e ao retorno da bolsa americana com o VIX voltando a atingir níveis próximo dos 40.

Já na Reunião da Opep, foi oficializada a proposta de redução da produção de 1,5 milhão de barris de petróleo por dia, somando aos 2,1 milhões de barris e, após o fechamento do mercado, a Rússia aceitou a proposta. A organização está usando essa estratégia para segurar os preços do petróleo no mercado operacional. A mediada é de contenção, pois com a demanda fraca, a redução na oferta não gerará um choque muito grande nos preço.

Apesar do mercado estar de olho no covid-19, os indicadores de produtividade retrocederam. Contudo, os dados de emprego mostraram certa melhora.

Na Europa, sem dados econômicos, o humor também seguiu a tutela do dos medos em relação ao avanço da doença.

Madrid caiu 2,55%. Paris retrocedeu 1,90%. Milão, epicentro da do aumento da doença na Europa, caiu 1,78%. Londres perdeu 1,62% e, por fim, Frankfurt teve perdas de 1,62%.  

Dados da indústria automotiva no Brasil

No dia de hoje (06) para o Brasil, teremos dados referentes ao setor automotivo e inflação. A AFAVEA divulgará a produção e vendas de veículos de fevereiro. Os dados do setor automobilístico são indicadores de atividade econômica, tendo em vista que representa parte da produção e vendas do setor industrial. O dado seria divulgado ontem (05) e foi reprogramado.

A FGV – IBRE, importante instituto de pesquisa, informará a prévia do das condições de emprego no Brasil por intermédio ICD e do IAEmp.

No calendário corporativo, serão divulgados os balanços de Hypera e M. Dias Branco.

Nos EUA, Payroll é destaque

Hoje (06), os dados referentes ao mercado de trabalho, liderados pelo Payroll, será um dos destaques, além de outros indicadores que complementam a análise do mercado de trabalho, como a média de salário mensal e taxa de desemprego.  O Payroll mostra a variação do emprego contando as folhas de pagamento. O indicador vem positivo ao longo das observações, de modo que o FED, em muito de seus anúncios, enaltece o pujança do mercado de trabalho. Assim, apesar do coronavírus, o mercado também ficará de olho na informação.

Ademais os dados de emprego, também serão divulgados os dados da balança comercial, mostrando o quanto a maior economia do mundo está negociando com o mundo. Caso o país importe menos, mostra uma possível queda na renda do país, pois as importações dependem da renda, e que os negócios realizados na economia global estão diminuído. Caso ocorra queda nas exportações, é uma possível evidência de que menos renda está sendo direcionada para o resto do mundo, mostrando um potencial queda da renda do resto do mundo, pois estarão importando menos.

Europa sem muitos dados e foco no coronavírus

Na Europa, o dado é relacionado ao nível de atividade econômica alemã. A maior economia do continente divulgará as encomendas da indústria. O indicador evidencia o quanto a economia da Alemanha está avançando, pois se há aumento das encomendas, significa que a economia está se expandindo. Quando o setor industrial retrocede, ainda mais em uma economia complexa, como a alemã, indica retração. Existem fortes chances do indicador ter resultado a quem do que se espera por conta da desaceleração da economia global.

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