Ontem (04) foi divulgado o PIB, o dado mostrou que a atividade econômica brasileira assumiu um patamar mais lento do que o registrado anteriormente. O baixo crescimento de 0,5% no último trimestre, fechando o ano com 1,1% de crescimento, mostrou que a recuperação da economia está em marcha lenta com destaque para desaceleração do investimento privado. A queda no investimento afeta fortemente o PIB, ainda mais na conjuntura atual em que o investimento público passa por maiores restrições. Com objetivo de estabilizar as contas públicas, faz com que a economia tenha uma dependência mais significante do investimento privado.
Todavia, o mercado já havia precificado uma taxa de crescimento menor, de modo que o dado não afetou o desempenho da bolsa brasileira. Na verdade, o mercado estava atento as expectativas em relação aos cortes das taxas de juros, avanços do covid-19 no mundo e aos mercados globais. Como resultado Ibovespa fechou no positivo, com ganhos de 1,60%.
Além do exterior, o mercado teve forte influência das siderúrgicas, que subiram por conta das altas no minério de ferro por conta da contenção, desaceleração do coronavírus na China e do setor de energia liderando o índice.
Um dos destaques negativos, foi mais um capítulo do IRB. A resseguradora que, após anúncios de que o fundo da Berkshire Hathaway pertencente ao grande investidor Warren Buffett, ter participação na empresa brasileira ser desmentida as ações da companhia caíram fortemente. O papel IRBR3 (IRB) fecharam R$ 19,05 com queda de 31,96%.
No que diz respeito ao coronavírus no Brasil, a evolução da doença com mais um caso confirmado pela contraprova, não foi suficiente para tirar o ânimo do mercado. Contudo, caso a doença continue a avançar, a economia e as expectativas dos agentes podem sofrer impactos negativos.
Estados Unidos
Nos EUA o ADP, mostrou aumento dos empregos privados juntamente com o ISM de emprego acima da última observação saindo de 56,2 para 63,1, sendo uma prévia importante para as expectativas de desemprego para o país. Além da evolução das contratações, foram divulgados os dados do PMI. O resultado do PMI composto ficou dentro do esperado com o índice alcançando 49,6 contra 53,4 da última observação, mas o PMI ISM veio abaixo do esperado e menor que o registrado na última observação, de 60,9 em janeiro para 57,8 em fevereiro.
As quedas em alguns indicadores, principalmente ao que se refere ao PMI composto já era esperada, dado a desaceleração da China e da economia global.
Apesar dos dados o foco do mercado estava no avanço de Joe Biden, ultrapassando Bernie Sanders, e do movimento de corte de juros de outros bancos centrais, como o do Canadá, os discursos do FED e no Livro Bege, com o a entidade monetária avaliando a economia americana cautelosamente, a considerando forte e com dados bons, porém com possível fragilização por conta do coronavírus, obrigando os bancos centrais a atuarem.
Com isso, as bolsas americanas fecharam em alta. O Dow Jones fechou com 4,53%, liderando a alta. O S&P 500 teve elevação de 4,22%. Por fim, Nasdaq também subiu forte, com ganhos de 3,86%.
Ainda nos EUA, os estoques de petróleo além do esperado, evidenciando uma queda na demanda pela commodity. Muitos players já projetam uma queda no consumo de petróleo para 2020. A contração na demanda por petróleo é causada pela desaceleração da economia global. Com crescimento econômico menor, a produção cai e, com isso, a demanda por matérias primas (como petróleo) e insumos (como derivados do petróleo) também cai. Já na reunião OPEP+, a proposta da Arábia Saudita para a Rússia aceitar a redução de produção de petróleo para segurar os preços da commodity foi frustrada, pois o Rússia rejeitou a proposta.
Europa
Na Europa, foram divulgados os dados das vendas do varejo e os PMI’s composto e de serviços para a Alemanha e Europa. Na Alemanha, os dados ficaram aquém do esperado, repercutindo os demais dados fracos de atividade econômica para o país. Já para a Europa, os dados do PMI composto ficaram dentro do esperado, de serviços teve elevação, e o varejo subiu.
Entretanto, assim como nos EUA, foco do mercado não era o calendário econômico e, nem os avanços do covid-19, afetaram o mercado, pois as bolsas também seguiram em alta, a exemplo do que vem ocorrendo nos últimos dias.
Londres, lidera alta com o bom humor vindo dos discursos do BOE, com ganhos de 1,45%. Paris, vem logo em seguida, com 1,33% de alta. Frankfurt, subiu 1,19%. Madrid não se abalou com a primeira morte provavelmente causada pelo covid-19 e registrou alta de 1,12%. Milão, ademais o fechamento de escolas e avanço expressivo do vírus na Itália, subiu 0,91%.
Dados da indústria automotiva e prévia de inflação no Brasil.
Hoje (05) teremos dados referente ao setor automotivo e inflação no Brasil. A AFAVEA divulgará a produção e vendas de veículos de fevereiro. Os dados do setor automobilístico são indicadores de atividade econômica, tendo em vista que representam parte da produção e vendas do setor industrial.
Quanto aos preços será divulgado IPP, que mensura a mudança na média de preços dos produtos e serviços vendidos pelos produtores do país. O dado é um dos indicadores das tendências de inflação, sendo uma das prévias da evolução dos preços e um dos componentes do IPC.
No calendário corporativo serão divulgados os balanços de Randon, B3, CCR, Hering, Iochpe-Maxion, Natura, Valid, Santos Brasil, Petrorio, Odontoprev e São Carlos.
Mais dados de conjuntura nos EUA e discursos dos membros do FOMC.
Após uma agenda lotada ontem (04), hoje serão divulgados os dados referentes aos pedidos de seguro desemprego que contribuirão para a análise do estado do emprego no país, complementando os resultados do ADP.
Também será verificado a produtividade e custo da mão de obra. Espera-se que produtividade dos trabalhadores do setor não agrícola para o trimestre mantenha a velocidade, crescendo 1,4%. O custo unitário da mão de obra também segue a mesma tendência. Esse dado é importante, pois quanto mais produtiva e mão de obra, maiores são os salários. Porém quando há descasamento, os salários muito altos para baixa produtividade, podem ser o prelúdio do aumento no desemprego.
A indústria também estará em foco com as encomendas para janeiro mostrando o quanto o setor está demandando. As projeções são de queda, incorporando os efeitos do coronavírus e desaceleração global. Seguindo o mesmo raciocínio, também será divulgado o indicador da demanda por bens duráveis. O dado é importante pois a produção de bens duráveis, geralmente possui mais tecnologia e sinergias com outros setores da economia.
Os mercados também estarão atentos aos discursos dos membros do FOMC. Kaplan, Kashkari e Williams darão seus pareceres sobre a economia e a condução da política monetária. Muito provavelmente, virão dentro da mesma lógica do que foi anunciado no Livro Bege e nos discursos anteriores.
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