Ontem (03), os mercados abriram em alta no Brasil e no exterior. A teleconferência entre os ministros dos países do G7 trouxe desânimo, sem nenhuma perspectiva em relação a cortes nas taxas de juros, juntamente com nenhum dado substancial referente à retomada da economia ou arrefecimento do coronavírus.
Mediante a tal cenário, o FED chefiado por Jerome Powell, por volta do meio-dia, tomou uma medida abrupta, vista apenas em agosto 2008. O FED cortou as taxas de juros antes de uma reunião (marcada para 17 e 18 de março), passando para faixa de 1% a 1,5%, um corte de 0,5 ponto percentual. Em nota, a autoridade monetária informou que, apesar de considerar os dados da economia americana fortes, eles precisam apoiar a economia mediante o cenário atual e alertaram os perigos do coronavírus para a economia.
Assim, o FED cedeu aos pedidos do presidente Donald Trump, que já vinha cobrando essa atitude por parte do banco central americano.
A princípio, as bolsas subiram com a notícia, mas ao passar do dia, o mercado começou a cair. A queda na taxa de juros, apesar de gerar impulso positivo no nível de atividade, no cenário atual, mostra fragilidade da economia uma vez uma parcela considerável dos agentes apostam em uma recessão.
A bolsa brasileira, mediante a tal cenário, registrou queda de 1,02%. Além da queda do Ibovespa, o dia teve mais um capítulo da novela do IRB, com a CVM abrindo um processo contra o IRB. Também houve divulgação de resultados da BRF que, apesar de ter lucro R$ 690 milhões no quarto trimestre de 2019 e de R$ 1,2 bilhões no ano, o mercado considerou o resultado fraco, pois achou que a geração de caixa computou resultado abaixo do esperado. Outro fator que contribuiu para queda foi a alta do dólar que impacta dívida, dado que a mesma é dolarizada.
Ao fim do dia, o Banco Central do Brasil (Bacen) emitiu uma nota, concretizando o que muitos analista de mercado e economistas afirmaram, isto é, novos cortes na taxa de juros (Selic), indo contra ao que foi anunciado na última reunião.
As bolsas americanas, após as ressalvas do FED em relação ao coronavírus, caíram fortemente. Nasdaq derreteu 2,99%. O S&P 500 regrediu 1,20% e o Dow Jones perdeu 1,20%. O Petróleo WTI seguiu o mesmo caminho, sendo cotado a US$ 46,97 o barriu, após segurar a queda, terminou o dia em 0,45% negativo. Levando em conta os desfechos de terça (03), o VIX que chegou a 33,42 e subiu para 36,82.
Os mercados europeus, seguindo as mesmas premissas, teve resultados opostos. Após promessas vazias da reunião do G7, as bolsas do velho mundo absorveram a atitude do FED de forma positiva, além do BoE (Bank of England) informar que, a depender dos impactos do coronavírus, a entidade monetária inglesa agirá para sustentar a economia.
Assim, a Europa fechou com as bolsas em alta com Paris a ganhar 1,12%. Frankfurt registrou alta de 1,08%. Londres teve elevação de 0,95%. Madrid subiu 0,80% e Milão teve elevação de 0,43%.
Apesar de pouco relevantes para situação atual, os dados referentes a inflação na Europa, foram levemente positivos, registrando elevação e a taxa de desemprego ficou dentro das expectativas.
Hoje (04), o principal dado do calendário é a divulgação do PIB anual e trimestral (referente ao quarto trimestre). As expectativas para o indicador, não são positivas. Todos os indicadores de atividade que precedem o PIB, mostraram em alguns casos, contração e em outros recuperação muito aquém do esperado.
Outro indicador de atividade que será divulgado é o PMI divulgado pela consultoria Markit. Apesar de o último dado estar computado acima dos 50 pontos, espera-se uma retração, dado os indicadores de atividade divulgados anteriormente e por conta dos efeitos do coronavírus na China e na economia global.
Dentro do calendário corporativo, serão divulgados os dados de Sinqia, Arezzo, CTEEP e, após o pregão, CSN.
Apesar de os investidores estarem muito mais preocupados com as consequências do coronavírus. No entanto, o avanço do ex-presidente Barack Obama, Joe Biden (mais bem avaliado pelo mercado) em relação a Sanders, pode melhorar o ânimo das bolsas americanas.
Apesar do mercado não se atentar tanto à agenda econômica por conta do coronavírus, amanhã há dados importantes que evidenciam o desempenho da economia americana, entre eles os PMI’s de serviços, composto, industrial e de não manufaturados. ADP como prévia do nível do desemprego nos EUA e, olhando novamente para o FED, o Livro Bege, a mostrar detalhadamente o sentimento da entidade monetária em relação à economia americana e global.
Pensando em atividade global, também serão divulgados dados referentes a estoques de petróleo e à importação da commodity pelos EUA.
Assim como o resto do mundo, a principal preocupação da Europa são as decisões dos bancos centrais e dos possíveis desdobramentos do coronavírus, que continua a avançar, dado que depois da China, o continente europeu é a região com a maior incidência do vírus.
No calendário econômico, serão divulgados os PMI’s da Alemanha, Zona do Euro e União Europeia e os dados referentes às vendas no varejo, sendo um indicador relacionada ao consumo.
Outro evento importante será o discurso Weidmann, presidente do Bundesbank (banco central alemão). Caso o discurso seja de viés de baixa, as bolsas da região podem se animar.
O Primeira Análise saí todos os dias úteis da semana com as melhores notícias para você. Confira aqui o anterior.
Ainda não abriu sua conta na Nova Futura? Então, clique aqui e abra gratuitamente.