Apesar do fechamento positivo na sexta-feira (28) para o Ibovespa, com ganho de 1,15% devido a ajuda do setor financeiro, o resultado da semana foi negativo. A queda acumulada na última semana do mês foi de 8,36%.
Não obstante os resultados positivos das contas públicas, redução no desemprego e o aumento de vagas formais sendo criadas o que é muito positivo para economia, a preocupação do mercado foi e continuará sendo o COVID-19.
Ao longo da semana, grandes players do mercado revisaram diminuição nas projeções para o crescimento econômico, tais quais grandes empresas americanas em seus guidances (perspectivas).
O mês que se inicia estará de olho no desenvolvimento da doença para além da China, onde, aparentemente, o surto já está sendo tratado e relativamente controlado. Todavia, na Europa, EUA e outros países, inclusive o Brasil, a doença toma força com o número de suspeitos e afetados crescendo. Nesse caso, empresas relacionadas à viagens podem ser fortemente afetadas.
Tudo indica que a recuperação será lenta e, enquanto a economia real não retomar o fôlego, o mercado de capitais ensaiará altas. Porém pouco expressivas em relação a quantidades de quedas e voltará após a real tomada da economia, a qual depende fortemente da contenção do surto de coronavírus fora da China e da atuação do governo e dos bancos centrais para amenizar os possíveis impactos decorrentes da doença.
Um dos impactos negativos sentidos na economia real, foi a forte queda no indicador de produção divulgado pela agência Markit referente à China. O país registrou um PMI Composto de 28,9 em fevereiro, contra 53 em janeiro e o PMI Industrial ficou 35,7, abaixo das expectativas de 46,0 e os 50 pontos registrados em janeiro.
A queda na produção do país asiático impacta toda economia global, dado que se trata do maior importador/exportador do mundo. Se a China produz menos, demanda de matéria prima que são ofertadas por países como o Brasil é menor. Do lado da oferta, uma redução na produção chinesa, significa menor quantidade de bens de capital necessários para produção de outros bens.
Pensando em empresas negociadas na B3, o impacto é direto em empresas em siderúrgicas, outras empresas exportadores de commodities e empresas que dependem de insumos e bens de capital importados. As empresas que exportam para China tem redução na demanda por seus produtos e as empresas que importam do país têm preção em suas margens por conta do aumento nos custos. Outras empresas que podem ser afetadas pela situação, são as do setor logístico e de portos.
Ademais a queda no indicador de produção da China, as bolsas asiáticas fecharam o último pregão do mês em queda. Hang Sang caiu 2,42%. Xangai teve retração de 3,71%. O Nikkei teve perda 3,67%. O KOSP derreteu 3,30%.
Nos EUA, o calendário da semana foi recheado de dados sobre a atividade, emprego e expectativas em relação ao país. Apesar da maioria dos indicadores apresentarem bons resultados. O mercado estava de olho na evolução da doença, assim como ocorrera no mundo inteiro.
O Dow Jones fechou com queda de 1,39%. S&P 500 com queda de 0,82% e, quase no zero a zero, a Nasdaq teve ganho de 0,01%.
O VIX, indicador de volatilidade referente ao S&P 500 alcançando o patamar de 40,11%, a mostrar forte risco em relação à bolsa americana, podendo esta ter elevação de 40,11% ou queda de 40,11%.
A diferença entre as taxas das Treasures americanas ao fim da sexta-feira (28), ficou em -26 b.p. mostrando grande receio dos agentes em relação à uma recessão nos EUA, comportamento que foi se concretizando ao longo do mês.
Em relação ao avanço do coronavírus, a Califórnia teve mais três casos da doença e Nova York registrou o seu primeiro caso durante o fim de semana. Contudo, os futuros das bolsas americanas estavam em alta ontem (01), com os mercados animados em relação às possíveis ações do FED.
Na Europa, a semana foi de indicadores fracos em relação de as expectativas dos agentes, inflação e, até mesmo, atividade econômica e balança comercial para as principais economias do continente. Os caso de coronavírus, continuam a subir, com 30 caso na França, aumento de 50% dos casos na Itália e 36 casos em todo Reino Unido.
As bolsas da região também fecharam em queda na última semana do mês. Frankfurt, liderou a queda com 3,86% de redução. Milão caiu 3,58%. Paris perdeu 3,38%. Londres teve retração de 3,18% e Madrid caiu 2,92%.
Hoje (02), o calendário econômico não estará muito cheio. Como de praxe de toda segunda-feira, o Banco Central divulga o relatório focus com as expectativas dos analistas de mercado.
Ainda pensando em conjuntura econômica, serão divulgados o PMI industrial e a balança comercial de fevereiro. As expectativas para ambos indicadores não são positivas, acompanhando as revisões negativas para o crescimento da economia brasileira e os dados anteriores de atividade econômica aquém do esperado e um possível déficit na balança comercial por conta da queda nas exportações devido à desaceleração da economia global.
No calendário de balanços, estão previstos MRV Engenharia e Vulcabras.
Como em todo mundo, as preocupações serão em torno do coronavírus. No final de semana, mais um caso foi registrado em São Paulo e o número de suspeitos subiu para 252.
Nos EUA, assim como nos demais países, o foco será o avanço do coronavírus no país. Ademais, há indicadores importantes a serem divulgados, tais como o PMI, ISM (Índice de emprego do setor manufatureiro), Gastos do setor da construção civil e os preços do setor manufatureiro.
Tais indicadores, apesar de que o momento seja focado no desenvolvimento do coronavírus, podem ser mais variáveis que influenciam os formuladores de política econômica em relação as taxa de juros americanas.
Na Alemanha, principal economia do continente, será divulgado o PMI industrial de fevereiro. Após um dado considerado acima do esperado para janeiro com o índice atingindo 47,8. A expectativa é de que o indicador se mantenha. A economia alemã sofre com a redução da economia global, pois o país é um dos maiores exportadores do planeta e, além disso, a China importa muitos produtos do país, o que impacta consideravelmente a economia do país.
O mesmo indicador será divulgado para a União Europeia e Zona do Euro e as expectativas para o indicador também são de estagnação com os agentes preocupados com o desenvolvimento do coronavírus e seus possíveis impactos.
Ontem (01), houve aumento de casos em muitos países além da Itália, com aumento de 50%. A França registrou mais 30 casos. A Espanha computou mais 26 pessoas infectadas. A Alemanha com 51 novos casos e o Reino unido registrou mais 13 cidadãos infectados.
Como já foi dito, a situação só melhorará de fato, com a redução e controle da doença, ação dos governos e bancos centrais. Contudo, tais esforços podem levar tempo e, com isso, a economia se recuperará de forma lenta.
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