Ontem (17), os mercados financeiros do mundo não fecharam em direção única, mediante o cenário desafiador para recuperação econômica, uma possibilidade de segunda onda de covid-19 no horizonte e acirramento das tensões no ambiente geopolítico no mundo.
Nos Estados Unidos, apesar dos estímulos sinalizados pelo FED, o discurso evidenciando receio dos formuladores de política econômica em relação ao retorno da economia e o cenário desafiador que segue em escalada entre Washington e Pequim fez com que os agentes ficassem avessos ao risco, realizando nos ativos presentes no S&P 500 e no Dow Jones. A Nasdaq terminou o dia no positivo pelo fato de empresas de tecnologia estarem a demonstrar bom desempenho em momentos desafiadores.
Desse modo nem mesmos os dados de conjuntura econômica do dia apresentarem números acima do esperado, o mercado não resistiu ao mau humor.
Mesmo assim, os ganhos da Nasdaq foram modestos, em 0,15%. O Dow Jones e S&P 500 perderam 0,65% e 0,35% respectivamente.
O VIX, apesar do cenário adverso, teve retração de 0,59%, a 33,47 pontos.
Na Europa, parte das bolsas resistiram às más notícias relacionadas aos temores de choques geopolíticos envolvendo China e Estados Unidos. Além disso, a possibilidade de uma nova onda de covid-19 foi mitigado pela notícia de um asteroide que pode ajudar no tratamento das pessoas infectadas com o coronavírus.
Paris teve alta de 0,88%, seguida por Frankfurt, com ganhos de 0,54%. Londres subiu 0,17%. Milão e Madrid fecharam em queda de 0,20% e 0,22% respectivamente.
No Brasil, os investidores precificaram a possibilidade de corte na taxa Selic e a esperança de que as reformas administrativa ou tributária saírem do papel, contribuiu para o apetite ao risco.
Os dados negativos referentes ao setor de serviços, com queda de 11,7% não abalaram os agentes, pois apesar de acima das expectativas, os números ainda estavam próximos.
Além disso, o marco do saneamento básico pode contribuir para retomada do econômica pós-pandemia, por conta da atração de investimentos para o setor. Conforme diz a literatura econômica, investimentos em infraestrutura tem a capacidade de impulsionar o crescimento econômico.
Assim, contrariamente ao hemisfério norte, o mercado brasileiro subiu forte. O Ibovespa avançou em 2,16% alcançando os 95.547 pontos. O Dólar comercial fechou em alta moderada de 0,54%, cotado a R$ 5,25.
Por conta de uma possível queda na demanda global advinda da nova onda de covid-19 o anúncio de produção de petróleo acima do esperado pelo departamento de energia dos Estados Unidos, os preços da commodity fecharam em baixa.
O Brent teve queda de 0,61%, sendo cotado a US$ 40,71 o barril. O WTI teve retração de 1,09%, a US$ 37,96 o barril.
Começando pelos dados do mercado de trabalho, como ocorre em toda quinta-feira, o departamento do trabalho dos Estados Unidos publicará os pedidos iniciais por seguro-desemprego.
Considerando a reabertura e retomada dos negócios ao longo do mês de maio e a primeira metade do mês de junho, quando ainda não havia temor algum de uma possível segunda onda, a economia americana iniciou sua recuperação, principalmente no que diz respeito a setores ligados ao varejo e serviço, pelo fato do comércio ter retomado suas atividades.
Assim, espera-se queda de 15,69% na demanda pelo benefício, saindo de 1,542 milhões, para 1,300 milhões. O mercado também espera novo declínio nos pedidos contínuos pelo benefício, saindo de 20,929 milhões, para 19,800 milhões.
O FED da Filadélfia divulgará o seu relatório de emprego, levando em consideração os empregos industriais. A expectativa é que o emprego na região continue com dados negativos, por conta da demora de recuperação relativa ao setor industrial frente a outros setores conforme será explicado abaixo.
Quanto à atividade econômica, a autoridade monetária da região publicará o índice de atividade industrial para junho.
Apesar de apresentar melhora, o indicador terá continua no negativo, pois setor industrial ainda tende a sofrer com os efeitos do covid-19, tendo menor velocidade de retorno quando comparado ao setor de serviços ou ao varejo, uma vez que o processo de produção dos produtos industriais é mais complexo e exige mais tempo.
Assim, a expectativa do mercado para o indicador, é de que ele saia de -43,1 em maio para -23,0 em junho.
Seguindo a mesma lógica, Índice de Investimento em Bens de Capital (CAPEX) Philly Fed também deve ter elevação leve, saindo de 15,2 e indo para 22 pontos para junho.
Quanto aos indicadores antecedentes, o Conference Board divulgará o Índice Mensal de Indicadores Antecedentes, com o objetivo de sinalizar o topo e o fundo de ciclos de negócios se utilizando de dados econômicos relativamente atrasados.
Assim, o índice consegue evidenciar de forma mais clara o estado da economia com esses dados que, individualmente estariam defasados.
Por conta da reabertura econômica, os agentes esperam que o indicador saia do negativo com retração de 4,4% e suba 2,2% em maio.
Para a Europa, o dado mais importante será o relatório disponibilizado pelo Banco Central Europeu (BCE).
Como as expectativas do mercado estão, de certa forma, mistas, pois há perspectivas positivas em relação aos estímulos de importantes bancos centrais como o FED, BOJ e BOE estão fazendo e negativas no que diz respeito aos temores relacionados à segunda onda de covid-19, o que pode frustrar a retomada econômica e aprofundar a recessão, conforme elucidado pelo relatório da OCDE.
Assim, o relatório é de suma importância para o alinhamento das expectativas dos agentes.
No Brasil, após a decisão do Banco Central em cortar a taxa de juros em 0,75 pontos percentuais, com a Selic ficando em 2,25%, conforme o esperado pelo mercado e com a entidade monetária a considerar o cenário desafiador para economia.
Apesar do índice ser referente ao mês de abril, quando a crise do covid-19 ainda não estava em seu auge, como o observado em maio, existe possibilidade de queda.
O começo do fechamento do comércio e a queda na renda dos agentes, podem fazer com que o indicador venha abaixo evidenciando retração.