Ontem (06), a maioria das bolsas fecharam em queda, mediante dados de conjuntura muito ruins e aumento das tensões entre Estados Unidos e China. Além disso, um dos principais termômetros para medir o desemprego na maior economia do mundo, registrou números desagradáveis trazendo desânimo até para o mercado de petróleo.
Tal cenário gerou retração para as bolsas americanas, com exceção da Nasdaq que se animou com os resultados das empresas de tecnologia. Assim, a Nasdaq subiu 0,51%. S&P 500 e Dow Jones registraram queda de 0,68% e 0,91% respectivamente.
O VIX, mediante a insegurança quanto a economia americana devido os cortes de vagas anunciados pelo ADP System, registrou aumento de 1,28%, a alcançar 34,04 pontos.
Na Europa o dia foi de perda para os principais mercados do continente. Os dados fracos de atividade econômica publicados pela agência IHS Markit quanto ao PMI de serviços da Zona do Euro e de construção civil do Reino Unido, contribuíram para o desânimo dos agentes.
Além disso a Comissão Europeia, ao anunciar suas perspectivas de crescimento para a região, prevê desaceleração de 7,7% no PIB, antes da retomada em 2021, com esperança de crescimento de 6,2%.
Outro dado forte para levar mau humor às bolsas europeias, foi a queda de 15% nas encomendas à indústria na maior economia da Zona do Euro, a Alemanha.
Tendo em vista o dia cheio de dados ruins, as quedas foram lideradas por Milão, com queda de 1,31%. Frankfurt derreteu 1,15%. Madrid teve retração de 1,13% e Paris desacelerou 1,11%. Londres, apesar dos dados econômicos ruins, ficou quase no zero a zero, avançando 0,07%.
O mercado brasileiro estava cauteloso esperando o anúncio do COPOM com a decisão da taxa de juros ao fim do dia. De forma geral, o mercado foi afetado pelo mau humor das bolsas internacionais e queda do petróleo.
Um dado positivo vindo de fora foi o bom resultado da empresa Mercado Livre, impulsionando empresas do setor varejista no Brasil. Com expectativas em relação ao corte da taxa Selic e desânimo internacional, o Ibovespa fechou com queda de 0,51%, alcançando os 79.063 pontos.
Com a esperança de corte na taxa básica de juros, o dólar fechou a sessão cotado a R$ 5,70, elevação de 2,03%.
Ao fim do dia, após o fim do pregão, o Banco Central do Brasil, Bacen, publicou sua decisão. O corte foi além das expectativas, em 0,75 b.p., com base na distância entre o produto praticado e potencial e a inflação em queda, cada dia ficando distante da meta, a alcançar novo recorde histórico de 3,0%, dividindo a opinião de especialistas de mercado.
O petróleo, com as tensões entre EUA e China e os dados decepcionantes do ADP System, teve queda na 4,04% na referência Brent, cotado a US$ 29,72 e o WTI fechou em queda de 2,32%, cotado a 23,99.
Hoje (07), o Departamento do Emprego dos Estados Unidos divulgará os dados referentes ao mercado de trabalho, sendo mais um conjunto de indicadores a evidenciar o caminho que a economia americana está a trilhar em um cenário tão desafiador.
Após a ADP System divulgar ontem (06), queda 20.236 milhões de vagas durante o mês de abril, será divulgado o número de pedidos por seguro-desemprego no país.
O dado de ontem (06), evidencia o quanto o mercado de trabalho vem sofrendo com o avanço do coronavírus. Como já vem sendo dito nos últimos textos, ao realizar a análise dos demais indicadores, as medidas que visam a contenção da propagação da doença, acabam por asfixiar o mercado de trabalho, fazendo com que muitos postos trabalho sejam destruídos e, por consequência, manter a demanda elevada por benefícios governamentais, mesmo que a procura seja declinante.
Assim, as expectativas por parte do mercado, são de que o montante referente à semana passada totalizem 3 milhões de pedidos, contra quase 4 milhões da última observação. A reabertura da economia em alguns estados americanos e o fato de se tratar de uma variável de estoque, fazem declinar o número. Todavia, os níveis ainda são elevados, podendo contribuir para níveis elevados do payroll.
Ainda, serão divulgados dados referentes ao custo e produtividade e custo unitário da mão-de-obra.
Como a economia americana está parada e setores que exigem alta demanda tecnológica e trabalhadores capacitados fecharam as portas, a tendência é de queda na produtividade.
Dessa forma, os salários também registram retração, uma vez que os salários dos trabalhadores dependem de sua produtividade. A queda na produtividade e, por consequência, no salário evidenciam indiretamente queda na inflação.
No entanto, como a crise atual mostra um choque do lado da oferta e da demanda, o isolamento social faz com que grande número de pessoas fiquem em casa, ou seja, há também uma retração na oferta de trabalho, o que pode elevar o custo da mão de obra, além dos cuidados que os empregadores devem ter por conta da crise para contratar.
Assim, as expectativas do mercado para produtividade no setor não agrícola é de queda de 5,5% e de elevação no custo da mão-de-obra unitária, em 4%.
Na Alemanha, principal economia da União Europeia, a agência de pesquisa Destatis divulgará seu relatório referente à produção industrial de março.
Tendo em vista que no mês ao qual o relatório se referirá, a produção industrial provavelmente alcançará níveis muito baixos, pois no período o covid-19 continuava sendo um perigo não controlado, mesmo que a o país tenha sido um dos mais eficientes do mundo ao combater a pandemia.
Com as políticas de restrição social e a queda na demanda por bens e serviços e, até mesmo, diminuição da renda disponível dos agentes, mesmo que em menor grau de países subdesenvolvidos e até desenvolvidos como os Estados Unidos, o mercado espera retração de 7,5% na produção industrial do país.
O dado será mais uma evidência do quanto a crise afetou o país europeu. Caso as estimativas do mercado se confirmem, a indústria alemã terá seu pior mês desde o computado em março de 2009.
BoE (Bank of England) divulgará seu relatório de política monetário e percepções quanto à economia britânica.
Além disso, a autoridade monetária também decidirá o seu Quantitative Easing e a taxa de juros da economia.
Uma vez que espera-se que as medidas de isolamento social sejam flexibilizadas o mercado espera que o QE (Quantitative Easing) tenha sido menor no mês de maio e que a taxa de juros definida pelo banco central continue no mesmo patamar.
Todavia, é necessário precaução quanto ao avanço ao que ocorre no Reino Unido, uma vez que a região ultrapassou a Itália no número de mortes ocasionadas pelo coronavírus.
No Brasil, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) divulgará o seu relatório mensal no que diz respeito a venda e produção de veículos durante o mês de abril.
No dia 5 de maio, a instituição já tinha evidenciado queda brusca na venda de carros, com retração de 76% no mês passado. Tal dado, pode pesar fortemente no resultado geral para o mês de abril, em volvendo as demais modalidades de automóveis.
A queda na renda disponível dos agentes o sentimento de incerteza em relação à economia, mesmo após o pico do covid-19 no Brasil, faz com que os agentes fiquem inseguros a comprometer sua renda no longo prazo com financiamentos, por exemplo, fazendo com que haja retração na demanda pelo bem.
Outro fator que deve ser levado em consideração, é queda na demanda por outros bens, como a indústria automobilística possui fortes sinergias com outros setores da economia pelo fato de produzir e vender o meio de transporte pelo qual os produtos são disponibilizados, por exemplo, faz com que a procura por automóveis também caia. O setor agrícola e de proteína podem ser um dos “setores-parceiros” que podem contribuir de forma positiva para o resultado.
Tendo em vista o cenário desafiador para o setor, a expectativa do mercado é de retração de na produção e vendas, evidenciando o aprofundamento da crise do covid-19 e seus impactos na economia brasileira.
Na China, serão divulgadas as contas externas pelo National Bureau of Statstics of China.
Tendo em vista a queda na renda disponível de muitos países, apesar da demanda por produtos hospitalares, os agentes esperam que exportações do país asiático tenha queda de 15,7% em abril, contra -6,6% em março.
As importações, tendo em vista a queda na produção de bens e serviços crescimento, ainda insatisfatório da China, também tende a ter retração. O mercado espera queda de 11,2% em abril, contra retração 1,0% em março.
Apesar da retração ser mais acentuada nas exportações, a balança comercial, isto é, exportações menos as importações, ainda ficarão positivas, haja vista a oferta de máscaras, respiradores e a imensa gama de produtos necessários para o momento, o saldo ainda ficará positivo, fora o volume exportado decorrente da grande participação produtiva do gigante asiático na economia global.
Apesar do saldo positivo esperado pelo mercado de US$ 6,53 bilhões em abril, a retração da economia global e da própria economia chinesa significa desaceleração de 68,14% nas contas externas do país em relação ao mês anterior, caso as expectativas de mercado estejam corretas, evidenciando enfraquecimento do comércio global.