O cenário corporativo nesta quinta-feira pode ficar em segundo plano em dia de divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e dos EUA, além de desdobramentos sobre a decisão da Argentina de renegociar a sua dívida pública, o que tende a afastar os investidores estrangeiros de países emergentes. No entanto, o noticiário segue aquecido para Oi, Cemig e seguradoras. O mercado acompanha ainda mais um capítulo da tentativa de acordo comercial entre os EUA e China, fato que tem mexido diretamente nos papéis de empresas ligadas a commodities como Petrobras, Vale e CSN.
E por falar na petrolífera, a estatal divulgou ontem à noite que seu conselho de administração aprovou uma nova política de remuneração aos acionistas. Segundo a companhia, a principal mudança está no estabelecimento da dívida bruta como parâmetro para pagamento de dividendos, o que torna o cálculo mais objetivo e transparente para quem detém ações da estatal.
Segundo a nova política, se a dívida bruta da Petrobras estiver abaixo de US$ 60 bilhões, incluindo os compromissos relacionados a arrendamentos mercantis, a companhia poderá distribuir 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e os investimentos. Mas, caso o valor da dívida bruta esteja acima de US$ 60 bilhões, a Petrobras poderá distribuir os dividendos mínimos obrigatórios previstos em lei e no Estatuto Social.
“Isso mostra que a empresa está colocando ordem na casa e tem como prioridade arrumar o endividamento. É uma notícia muito positiva, mas para o investidor que está interessado apenas em dividendo robusto, pode ser ruim, como é o caso dos estrangeiros. Então a ação ON, que é basicamente composta por estrangeiro e o governo, pode sofrer um pouco”, avalia um analista.
Além disso, a companhia informou ainda que obteve decisão favorável definitiva, sem possibilidade de recurso, do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carg), que cancelou débito da ordem de R$ 5,9 bilhões em favor da empresa. A decisão diz respeito à homologação de créditos de PIS e Cofins. Outra informação divulgada pela Petrobras foi que seu conselho de administração aprovou a incorporação da Petrobras Logística de Gás (Logigás), com o objetivo de simplificar e otimizar a estrutura societária do grupo.
Fique de olho também na divulgação da última prévia do Ibovespa que valerá até o final de 2019. As duas prévias anteriores tinham a entrada de ação ON da Notre Dame Intermédica, e nenhuma saída.
No exterior, o clima é de otimismo tanto na Europa quanto nos futuros de Nova York, que chegam a subir mais de 1%. Os investidores seguem animados um dia após a formação de um novo governo de coalizão na Itália e após o Ministério de Comércio da China afirmar que Pequim e Washington continuam “em comunicação efetiva” sobre a atual disputa comercial, e que ambos os lados estão discutindo se seguirão adiante com negociações marcadas para setembro. A inversão da curva de juros nos EUA, porém, segue monitorada de perto, assim como o caso Argentina, que anunciou ontem à noite quatro medidas para conter temores sobre capacidade de pagamento. (veja nota publicada às 7h02)
Oi
Em encontro com o presidente Jair Bolsonaro (PSL), o presidente da AT&T, Randall Stephenson, apresentou um “plano ambicioso” de investimentos no País e “interesse” em negócios da Oi, que está em recuperação judicial. O executivo busca o aval do Brasil da operação em que a gigante americana comprou a Warner Media.
O negócio de R$ 85 bilhões envolveu 18 países e aguarda somente autorização do Brasil para ser concluído. Os investimentos da empresa no País seriam produção de conteúdo local, streaming e outros segmentos, como telefonia móvel. A empresa teria sinalizado ao governo que a operação no Brasil seria prioritária, maior do que a da Europa e estaria atrás apenas dos negócios da AT&T nos Estados Unidos.
Na reunião, segundo uma fonte, houve “menção” de que “seria uma possibilidade” a AT&T ter interesse em negócios da Oi. Segundo outra pessoa do governo com acesso às discussões, o interesse da empresa pela Oi é “concreto”, mas dependeria de como avançam as alterações sobre o marco das telecomunicações.
Segundo um operador, uma possível compra das operações totais ou parciais da Oi é “bastante positivo porque a empresa está trilhando um caminho que, se não for revertido, terminará em quebra”.
Cemig
A Cemig lançou edital de licitação para venda de imóveis em Belo Horizonte, em Dores do Indaiá, na região Oeste de Minas Gerais, e em Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha. A venda será feita por meio de pregão eletrônico, no próximo dia 3 de setembro, na plataforma do Portal de Compras da Cemig.
Conforme destacou a estatal em nota à imprensa, a licitação faz parte da iniciativa de “otimização do portfólio de imóveis” da companhia e visa otimizar e adensar a ocupação de edificações utilizadas pela empresa, de modo a permitir a redução de despesas operacionais com manutenção, segurança, limpeza, conservação e pagamento de tributos.
“A empresa está muito endividada, então qualquer ação para reduzir os custos é muito positivo, ainda mais porque prepara a empresa também para o processo de privatização”, apontou um especialista.
Eletrobras
Foi reiniciado pela 5ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJ-DFT) o julgamento do recurso de apelação interposto pela controlada Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) nos autos de ação cível ajuizada pela Energia Potiguar Geradora Eólica e outras que alegam prejuízos ocasionados pelo atraso na entrega da linha de transmissão 230 kV Extremoz II – João Câmara II.
“No mérito, vencido o desembargador relator, os demais quatro desembargadores votaram pelo provimento da apelação da Chesf para afastar a condenação imposta pela sentença de 1º grau, julgando improcedente a demanda”, explica a Eletrobras.
Sucroalcooleiras
O governo da Índia anunciou hoje uma nova rodada de subsídios para que usinas do país exportem açúcar. Na safra 2019/2020, a partir de 1º de outubro, as companhias terão US$ 876,74 milhões de suporte público para comercializar 6 milhões de toneladas, ou US$ 146,14 por tonelada. O volume é maior que o de 5 milhões de toneladas subsidiado na atual safra pelo governo indiano.
Seguradoras
A Superintendência de Seguros Privados (Susep) publica hoje uma nova norma que derruba uma amarra antiga do mercado de seguros: a obrigatoriedade de apólices anuais. A partir de agora, seguradoras poderão desenhar produtos sob medida para os anseios dos consumidores brasileiros sob a ótica do prazo. Ao invés de vigência anual, as apólices poderão ter duração de meses, dias, horas, minutos ou até mesmo sem prazo definido, ou seja, intermitente.
Essa flexibilização já existe em diversos mercados mais desenvolvidos e agora será permitida também no Brasil. “O mercado demandava essa flexibilidade de prazo. Estamos fazendo uma atualização da regulação para torná-la o mais flexível possível no intuito de estimular produtos mais acessíveis e atrair um número maior de consumidores brasileiros para o mercado”, explica o diretor da Susep, Rafael Scherre, em entrevista exclusiva ao Broadcast.
FONTE: AE – BROADCAST