Ontem (27), os mercados fecharam em alta com expectativas positivas em relação à recuperação da economia após reabertura. No entanto, como foi publicado no Livro Bege do FED, os formuladores de política monetária ainda têm receio de uma retomada lenta da economia americana, por conta de um retorno heterogêneo nos estados americanos.
Apesar do aumento do acirramento do fator China, com o país pressionando ainda mais as liberdades de Hong Kong, os agentes focaram na recuperação da economia nos Estados Unidos.
Ainda, pesando pelo lado positivo, os dados de conjuntura econômica, no país, em sua maioria ficaram acima do esperado, evidenciando o início da retomada da economia.
O Dow Jones, liderou as bolsas americanas, com ganhos de 2,21%. O S&P 500 teve elevação de 1,45% e a Nasdaq teve ganhos mais modestos, com a realização de ações de tecnologia, com ganhos de 0,77%. O VIX, com a expectativa positiva dos agentes, fechou a sessão a 1,11% a 27,70 pontos.
Na Europa, os agentes também ficaram animados. Os anúncios da UE (União Europeia) apresentar um plano de € 750 bilhões para ajudar membros do bloco a se recuperarem da crise.
Além disso, o BCE também discute mais formas de ajuda e estímulos à economia do bloco, levando em conta medidas de ajuda multilaterais.
Na França, Emmanuel Macron, afirmou que o governo projeta gastos bilionários para ajudar o setor automobilístico.
Madrid liderou as altas, com ganhos de 2,44%, seguida por Paris, que subiu 1,79%. Frankfurt teve alta de 1,33%. Londres e Milão também tiveram elevação, subindo 1,26% e 0,28% respectivamente.
No Brasil o mercado também subiu forte. A expectativa de reabertura de algumas cidades e o anúncio do plano gradual de retomada das atividades em São Paulo, animaram os mercados.
Os dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), com o resultado líquido de 860.503 empregos com carteira assinada destruídos. Apesar da destruição das vagas, o resultado foi o melhor que o esperado, o que pode ter sido ocasionado pela campanha de não demissão de algumas empresas e medidas de cortes salariais para evitar demissões.
Um fato que poderia gerar problemas para o mercado, a busca da Polícia Federal sob o mandato do Supremo Tribunal Federal (STF), ao apurar fake news, fazendo buscas e apreensões a blogueiros, empresários e políticos.
No entanto, Augusto Aras, realizou pedido para suspender o inquérito, afirmando que operação foi realizada sem o aval da PGR (Procuradoria Geral da República), de modo que o inquérito precisa preservar “prerrogativas institucionais ao Ministério Público de garantias fundamentais, evitando-se diligências desnecessárias, que possam eventualmente trazer constrangimentos desproporcionais”.
O pedido de Aras, diminui o risco percebido em relação ao país, diminuído a taxa de juros longa. O dólar teve queda de 1,34%, fechando o dia cotado a R$ 5,2743.
O petróleo fechou em queda por canta da Rússia anunciar que pode reverter a produção da commodity, indo contra o acordo com a OPEP, no que diz respeito ao corte na produção. Além disso, a intensificação da tensão entre China e Estados unidos, por conta do governo de Pequim endurecer as duras medidas contra a liberdade em Hong Kong.
O Barril Brent teve queda de 3,51%, cotado a US$ 35,45. A referência WTI perdeu 4,48%, fechando a sessão a US$ 32,81
EUA: PIB, duráveis, mercado de trabalho, moradias e petróleo
Hoje (28), começando pelo PIB, o Bureau of Economics Analysis o relatório do Produto Interno Bruto (PIB) e o índice de preços dos bens que compõem o PIB trimestral dos Estados Unidos.
A expectativa para o PIB é de retração, haja vista os impactos do covid-19 na economia americana, gerando forte retração na renda dos agentes, diminuindo o consumo de bens e serviços. A crise, com sua característica peculiar, também afetou a oferta, pelo fato das firmas não produzirem por conta das medidas de isolamento social e pelos insumos que não estavam sendo produzidos internacionalmente por países como China (principalmente) e Índia.
Como a crise gerou um choque tanto pela oferta (produção), quanto pelo lado da demanda, levou a economia americana abaixo, tal qual nas demais economias. Assim, os agentes esperam retração de 4,8% no PIB trimestral.
A queda no PIB, também gera diminuição nos níveis de preço. Uma vez que a queda do produto interno bruto também tem forte relação com a queda no consumo e os agentes estão a produzir menos, demandando menos de seus fornecedores, os preços caem. No entanto, os agentes estão cautelosos em relação aos níveis de preços, considerando choques de demanda e de oferta, com expectativa de aceleração de 1,4% nos preços como na última observação.
Outro dado importante referente ao nível de atividade econômica, o Núcleo de Pedidos de Bens Duráveis, isto é, com exclusão de transportes.
O indicador publicado pelo Census Bureau, tem expectativa de forte retração por parte do mercado, em 14%. Como foi dito quanto ao PIB, a queda na oferta diminui a demanda das firmas por bens duráveis importantes para a produção e, além disso, as famílias também tendem a não demandar tal categoria de bens, uma vez que os desempregos vêm aumentado e, por consequência, a renda.
Quanto ao mercado de trabalho, o Departament of Labor, divulgará os dados semanais dos Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego.
Apesar dos pedidos iniciais estarem caindo ao longo das observações, haja vista que a própria natureza do indicador é de uma variável de estoque e, também, por conta da gradual reabertura da economia em muitos estados americanos.
A expectativa do mercado é de que os pedidos iniciais por seguro-desemprego tenham aumento de aproximadamente 14%, saindo de 2.438 milhões de pedidos para 2.100 milhões.
No entanto, os pedidos contínuos, ou seja, a quantidade de pessoas demandando o subsídio de desemprego após o pedido inicial, tende a alcançar recorde, com expectativa de 25.750 milhões.
Por fim, outros dados muito importantes e, sempre muito esperado pelo mercado financeiro, são os estoques de petróleo bruto e os estoques de petróleo em Cushing Oklahoma.
Os dados da EIA (Energy Information Administration) quanto aos estoques de petróleo bruto, tendem a ter nova queda nessa semana. Uma vez que os players produtores no mercado da commodity, estão a se comprometer em diminuir a produção, com o objetivo de trazer o equilíbrio para o mercado, a perspectiva dos agentes é de retração 2,500 milhões de estoques.
Os estoques de petróleo em Cushing, Oklahoma, também tem expectativa de queda de 4,261 milhões de barris produzidos, o que pode trazer elevação para o WTI, dado que petróleo em Oklahoma é a base para a referência.
A queda na produção representa boas notícias para o mercado financeiro, trazendo força compradora para empresas petroleiras e de energia.
Europa: indicadores de confiança e preços na Alemanha
Na Europa, a agência Eurostat divulgará dados de indicadores de confiança de empresas e consumidores, do consumidor, de serviços e industrial para o mês de maio.
Tais indicadores, são importantes, pois mostram o quanto os agentes estão reagindo em relação à recuperação da economia europeia após o covid-19. Segundo as expectativas dos agentes, todos os indicadores citados acima devem ter leve melhora, para o mês de maio, refletindo a abertura econômica e o controle do avanço do covid-19 nos países europeus, endossando o argumento de Lagarde e Guindos em seus anúncios, a confirmarem que o pior para os países do bloco já passou.
Os agentes esperam que o Índice de Confiança de empresas e do consumidor tenha avanço, saindo de 67 para 70,3 pontos. O indicador de confiança do consumidor tende a ter retração igual a de abril em 18,8 pontos. Quanto aos serviços, apesar do indicador ter perspectivas de continuar no negativo, demonstra avanço, saindo de -35 para -28,6 pontos. Para a indústria, a queda também deve diminuir, alcançando -27 em maio, contra -30,4 pontos de abril.
A Destats divulgará o IPC (índice de preços ao consumidor) para a Alemanha. O indicador é importante, pois mostra, de forma indireta, pois mostra o quanto a economia alemã está aquecida ou não.
O mercado espera que o importante indicador de inflação tenha, novamente, queda. Como o indicador vem caindo além das expectativas dos agentes, eles revisam suas perspectivas para baixo, para que não ocorram novos erros de previsão. Assim, quando o preço observado é menor que o esperado, os corrigem suas expectativas para baixo.
Tendo em vista o raciocínio acima, caso as expectativas do mercado se concretizem, na análise anual, IPC pode sair de 0,9% em abril e acelerar 0,6% em maio. Quanto à observação mensal, o indicador pode sair de 0,4% para de decréscimo de 0,1% em maio.
Brasil: taxa de desemprego
No Brasil, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgará seu relatório de desemprego, com o importante indicador da taxa de desemprego.
Os agentes esperam que o desemprego avance, mas sensivelmente, saindo de 12,2% e indo para 12,3%. Os agentes possuem expectativa de baixa elevação pelo fato de abril ainda, os impactos da crise ainda não foram tão absorvidos pelo mercado de trabalho, ainda mais, com dados do CAGED (O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de ontem (27), ficar abaixo do esperado pelo mercado devido às medidas de diminuição salarial e posição de demissão por parte de muitas empresas, mesmo que saldo líquido tenha sido de destruição de 860.503 postos de trabalhos em abril e de 763.232 postos no acumulado do quadrimestre.
Contudo, como resultado da crise, o desemprego no país, que já é alto, pode se elevar.
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