A aprovação do texto-base da reforma da Previdência com 379 votos a favor é um fator positivo, porém o surpreendente encerramento da sessão pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, logo após a votação do primeiro destaque com o intuito de evitar uma desidratação da proposta, pode levar à realização de lucros. Ontem, o Ibovespa fechou em alta pelo quinto pregão seguido e terminou em novo recorde histórico, aos 105.817 pontos.
A dúvida quanto à robustez da proposta veio depois que os deputados rejeitaram o primeiro destaque, com alterações nas regras de aposentadoria dos professores. Maia disse que os destaques serão analisados hoje, em sessão a partir das 9h. Há 18 destaques na fila para serem apreciados. Neste contexto, as reações devem ser sentidas principalmente nas ações de bancos e estatais.
Algumas horas depois de a reforma da Previdência ter sido aprovada pela Câmara dos Deputados, os fundos de índices (ETFs, na sigla em inglês) do Brasil operaram em alta na Europa – com elevações superiores a 1% no mercado alemão.
No noticiário corporativo, atenção para IRB Brasil Re, com a confirmação da oferta de ações que hoje pertencem à União e ao Banco do Brasil. Além disso, Direcional, EDP Energias do Brasil e Banco Inter divulgaram prévias operacionais do segundo trimestre.
Ainda no Brasil, operadores destacam a divulgação das vendas no varejo, às 9h, “que podem animar as empresas varejistas já que a previsão é de alta”, apontou Pedro Galdi, analista da Mirae Asset. Já Vale e CSN tendem a realizar lucros, após avanços acentuados, devido à baixa de 1,31% no preço do minério de ferro negociado no porto de Qingdao, na China, nesta quinta-feira, cotado a US$ 119,37 a tonelada, informou um operador.
No exterior, o otimismo com o tom “dovish” (favorável a estímulos) do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, continua. O dirigente sinalizou ontem no Congresso dos Estados Unidos que um corte nas taxas de juros deve ser efetuado no fim deste mês. Estimando custos de financiamento menores à frente, os investidores foram às compras de ações em todo o mundo, levando as bolsas da Ásia a fecharem em alta. Os mercados na Europa e os futuros de Nova York também seguem no positivo.
Hoje, às 11h, Powell fala no Senado. Embora seu discurso seja o mesmo de ontem, os investidores seguirão atentos à sessão de perguntas e respostas. Vale destacar também para o índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA, às 9h30, que poderá dar mais pistas sobre uma atuação do Fed na reunião de política monetária no fim de julho, já que a inflação tem se mostrado enfraquecida.
IRB
O ressegurador IRB Brasil Re confirmou o anúncio de uma oferta de ações subsequente (follow on) para dar saída à União e ao Banco do Brasil, conforme antecipou o Broadcast em matéria no dia 06 de junho. Pelo fechamento de ontem, de R$ 101,45, a operação tem potencial para atingir cerca de R$ 8,5 bilhões. Nessa conta, a fatia do BB vale R$ 4,787 bilhões, e a da União, R$ 3,685 bilhões.
Segundo fato relevante, a precificação da oferta secundária, com esforços restritos, acontecerá na próxima quinta-feira, dia 18. As ações que são objeto do follow on começarão a ser negociadas em 22 de julho.
A venda da fatia de União e do Banco do Brasil no IRB ocorre após as ações do ressegurador subirem 11,48% desde que a Caixa Econômica Federal fez uma oferta, no início do ano, para dar saída ao Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo (Fgeduc). Essa será a segunda operação subsequente (follow on) com papéis da companhia neste ano.
A oferta será realizada nos termos da Instrução 476 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), com esforços restritos de distribuição. Isso significa que, aos investidores no Brasil, a oferta poderá ser apresentada a 75 investidores, mas subscrita por apenas 50. Para os estrangeiros, contudo, não há restrições. Esse modelo permite maior rapidez na colocação da oferta.
A saída da União e do Banco do Brasil, por meio da BB Seguridade, de bloco de controle do ressegurador IRB Brasil Re em uma oferta de cerca de R$ 8,5 bilhões deve elevar o nível de governança corporativa da companhia, que se torna, finalmente, uma empresa privada, na opinião da casa de análise financeira Eleven Financial, cuja tese de investimento permanece a despeito do movimento.
“Com apenas Itaú e Bradesco no controle, acreditamos que o IRB Brasil Re se tornará uma empresa melhor e, finalmente, privada. Portanto, recomendamos a entrada na oferta”, destaca a equipe da Eleven.
Petrobras
Sobre a Petrobras, a petroleira boliviana YPFB quer disputar uma fatia do gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol) dos 51% que vão ser vendidos pela estatal, e assim garantir o controle da rede de transporte. Atualmente, a estatal do país vizinho possui 12% de participação na TBG, que cuida da rede entre a fronteira e o Estado de São Paulo. Em comunicado do Ministério de Minas e Energia do País, a estatal informa que vai entrar na licitação que será promovida pela Petrobras. Com isso, espera ampliar sua influência no mercado de gás brasileiro.
EDP Energias do Brasil
A EDP Energias do Brasil divulgou os dados referentes ao mercado de energia da companhia no segundo trimestre do ano. O total de sua energia distribuída aumentou 2,5% no período frente a igual intervalo do ano passado, para 6,412 milhões de MWh. O aumento na EDP São Paulo foi de 0,8% (para 3,878 milhões de MWh) e na Distribuição Espírito Santo de 5,3% (2,534 milhões de MWh), com destaque para o crescimento de 22,8% da classe rural. No semestre, o volume de energia distribuída cresceu 3,8%.
Direcional
A Direcional Engenharia encerrou o segundo trimestre de 2019 com expansão nos lançamentos e queda nas vendas. Os lançamentos totalizaram R$ 499,660 milhões (parte Direcional) em valor geral de vendas (VGV) no segundo trimestre, alta de 35,6% em comparação com o mesmo período do ano passado. A companhia lançou um total de 11 empreendimentos ou novas etapas.
Por sua vez, as vendas contratadas líquidas foram de R$ 291,204 milhões no segundo trimestre, recuo de 1,4%, enquanto no semestre alcançaram R$ 544,994 milhões, baixa de 17,4% (parte Direcional). A velocidade de vendas consolidada da Direcional caiu para 14% no segundo trimestre, ante 15% um ano antes.
Aéreas
Apesar de o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) ter autorizado, na semana passada, que o Estado de São Paulo baixe o ICMS sobre o querosene de aviação (QAV) até o limite de 10%, o governo paulista não pretende reduzir o tributo até esse piso. Segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, a queda do ICMS sobre o QAV de 25% para 12% já foi aprovada pela assembleia legislativa e será aplicada nesses termos.
O governo estadual anunciou no início do ano que reduziria o ICMS sobre o combustível de aviação de 25% para 12%, com a condição de que as empresas aéreas trouxessem mais voos para os aeroportos paulistas. A questão, no entanto, ficou travada no Confaz, o que obrigou São Paulo a tentar a via mais longa, por meio da Assembleia Legislativa. Isso porque, para ingressar no convênio que permite a redução do ICMS sobre o QAV, o Estado precisaria da aprovação de todos os demais entes da federação.
A preocupação, no entanto, era de que, como São Paulo já tem alta atratividade de voos, houvesse uma competição desigual, uma vez que, dentro do convênio, ficaria autorizado a reduzir a alíquota não só para os 12% pedidos, mas ainda abaixo disso, sem um piso.
Banco Inter
O Banco Inter divulgou nesta quarta-feira prévia operacional do segundo trimestre com um volume transacionado em cartões de R$ 1,6 bilhão. O desempenho é 2,7 vezes maior do que o reportado um ano antes. Na mesma base de comparação, o número de correntistas cresceu 3,4 vezes, somando 2,5 milhões. No trimestre, o banco bateu recorde de abertura de contas, com 612 mil novas contas, três vezes mais que no segundo trimestre de 2018. O banco informou que abriu mais de 10 mil contas por dia útil em junho. Foram totalizadas 53,1 mil solicitações de portabilidade de salário no segundo trimestre de 2019.
Outras notícias
A Cielo confirmou, em comunicado ao mercado, mudanças na sua área de relações com investidores, conforme antecipou a Coluna do Broadcast na última segunda-feira, dia 08. O diretor Victor Schabbel se despede da Cielo e, conforme noticiado pela Coluna, comandará a cobertura do setor financeiro, incluindo bancos, no Bradesco BBI. Em seu lugar, Thiago Stanger passa a responder pelo departamento de Relações com Investidores com reporte direto a Gustavo Sousa, Vice-Presidente Executivo de Finanças e Diretor de Relações com Investidores.
Alessandro Gregori Filho renunciou ao cargo de diretor Financeiro e de Relações com Investidores da CPFL Renováveis. Ele também renunciou à diretoria de Novos Negócios, que comandava interinamente. Ele ingressou na empresa em 2011, e em 2018, assumiu as funções com diretor Financeiro e de RI. O atual diretor presidente, Fernando Mano da Silva, ficará interinamente nos cargos deixados por Gregori Filho.
O Banco Indusval anunciou a emissão privada de letras financeiras subordinadas, em duas séries, no valor total de, no mínimo, R$ 55,2 milhões e, no máximo, R$ 64,2 milhões. No valor mínimo, a primeira emissão será de R$ 25,2 milhões e a segunda de R$ 30 milhões. No valor máximo chegará a R$ 29,1 milhões e R$ 35,1 milhões.
AE BROADCAST