O último dia útil da semana marca também o fim da temporada de balanços do terceiro trimestre, com destaque para os números de Natura, Via Varejo, Light, BRMalls, Qualicorp, Centauro, entre outras. No entanto, é o exterior quem deverá dar o tom aos negócios nesta quinta-feira. Ontem, o Ibovespa voltou para a faixa dos 106 mil pontos no fechamento, após notícia de que as conversas comerciais entre Estados Unidos e China atingiram uma trava por questões de compras agrícolas, o que pesou nas ações de empresas ligadas a commodities. Hoje, a cautela continua, com analistas acrescentando dados fracos chineses.
Entre as empresas, a Natura&Co reportou lucro líquido consolidado contábil, que inclui os efeitos da norma IFRS16, de R$ 63,8 milhões no terceiro trimestre de 2019, queda de 52% em relação ao mesmo período do ano passado. Excluindo os ajustes do IFRS16, a queda do lucro líquido teria sido menor, de 48,4%, para R$ 68,6 milhões. Segundo a empresa, o lucro foi impactado pelos custos não recorrentes relacionados à aquisição da Avon, que totalizaram R$ 36,5 milhões, entre serviços profissionais e custos de financiamentos.
O Ebitda consolidado e ajustado pelo IFRS16 subiu 37,4%, para R$ 548,3 milhões. Desconsiderando os efeitos na norma contábil, a Natura&Co apontou queda de 17,4% no Ebitda, para R$ 398,9 milhões, com margem de 11,5%, queda de 3,4 pontos porcentuais em relação ao terceiro trimestre de 2018.
Para o analista do Citi Tobias Stingelin, os resultados da Natura no geral vieram “bem em linha” com as expectativas do mercado, com exceção das margens da The Body Shop (TBS). Em relatório, ele observa que “sim, houve uma contração da margem no trimestre”, mas ele prefere acreditar que essas margens devem melhorar novamente com a normalização das despesas com marketing.
“A principal surpresa negativa veio da The Body Shop, que registrou uma contração de 100 pontos na margem Ebitda ajustada em razão de maiores despesas gerais e administrativas (no balanço a companhia menciona complicações relacionadas as crescentes tensões em Hong Kong)”, aponta Stingelin.
O Citi recorda ainda que os acionistas da Avon e da Natura aprovaram ontem a fusão entre as empresas, outro “importante marco para a conclusão da transação no início de 2020”. A companhia informou ainda o cronograma da conclusão do processo de incorporação de ações da Avon. Caso os acionistas dissidentes não exerçam o direito de retirada, cujo prazo final é 13 de dezembro, no dia 17 será a consumação da incorporação das ações e também a data de corte. No dia 18 terão início as negociações e no dia 20 de dezembro, o crédito das ações.
Voltando ao exterior, após rumores que pesaram nas bolsas mundiais, o assessor de Comércio da Casa Branca, Peter Navarro, negou as informações e disse estar otimista sobre chance de acordo comercial com China. Hoje, foi divulgado que a produção industrial chinesa avançou 4,7% em outubro com relação ao mesmo mês de 2018. O resultado frustrou as expectativas de analistas, que previam alta de 5,2%, e indica uma desaceleração ante o ganho anual de 5,8% registrado em setembro. No mesmo período, as vendas do varejo chinês tiveram alta de 7,2% na comparação anual, também abaixo do avanço de 7,8% projetado por analistas. Em setembro, as vendas do varejo haviam subido 7,8% ante o mesmo mês do ano passado. Entre os destaques positivos, a Alemanha apresentou alta de 0,1% no terceiro trimestre, em relação ao trimestre anterior, evitando assim uma recessão técnica.
Ainda relacionado à China, o mercado deve monitorar a informação de que o Departamento de Alfândegas do país suspendeu a proibição de importação de carne de aves dos Estados Unidos, que estava em vigor desde 2015. A medida tem efeito imediato e deve ficar no radar dos investidores de BRF.
Light
A Light registrou no terceiro trimestre lucro líquido de R$ 1,519 bilhão, montante 253 vezes superior aos R$ 6,13 milhões anotados no mesmo período do ano passado. O número, porém, foi influenciado pelo reconhecimento pela decisão judicial favorável, com trânsito em julgado, de exclusão do ICMS da base de PIS/COFINS e já era esperada pelo mercado.
O Ebitda ajustado consolidado atingiu R$ 1,084 bilhão no terceiro trimestre, aumento de R$ 749 milhões, ou 223,3%, na comparação anual. A forte alta decorre da receita de R$ 1,086 bilhão do reconhecimento do trânsito em julgado do processo relacionado ao ICMS sobre PIS/Cofins. Excluindo os efeitos não-recorrentes, o Ebitda seria de R$ 291 milhões, o que corresponde a redução de 13,2% em relação ao terceiro trimestre, explicado pelo aumento das contingências.
Diante disso, o Citi considerou o balanço da Light no terceiro trimestre mais fraco do que o esperado em aspectos operacionais, o que indica dificuldade de recuperação mais à frente. “Esperamos reação negativa do mercado ao balanço, uma vez que o resultado operacional foi fraco apesar do reconhecimento de créditos”, afirmam os analistas Marcelo Britto e Caio Yamate.
Via Varejo
A Via Varejo obteve prejuízo de R$ 383 milhões no terceiro trimestre de 2019, número mais de 4,5 vezes maior que a perda de R$ 83 milhões registrada no mesmo período de 2018. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Via Varejo no trimestre ficou negativo em R$ 176 milhões, ante resultado positivo de R$ 322 milhões de um ano antes. No critério ajustado, o número entre julho e setembro foi positivo em R$ 157 milhões, queda de 62,7% na comparação anual.
Ontem, após cair mais de 9% depois que a empresa informou que criou em 10 de outubro um comitê para conduzir uma investigação independente sobre denúncias anônimas de supostas irregularidades contábeis, ação ON fechou em baixa de 1%.
BRMalls
A BRMalls, dona de 31 shopping centers, obteve lucro líquido de R$ 258,462 milhões no terceiro trimestre de 2019, avanço de 180% em comparação com o mesmo período de 2018. A forte alta do lucro foi impulsionada pela venda, no início de agosto, de sete shoppings considerados não estratégicos no plano da companhia.
Já o lucro líquido ajustado – que desconsidera o efeito da venda dos sete shoppings, além de outros efeitos contábeis – foi de R$ 186,828 milhões, alta de 51,4% na comparação entre os mesmos trimestres.
O Ebitda ajustado somou R$ 211,746 milhões, expansão de 16,8%. O resultado ficou 8,4% abaixo do que a média das projeções de seis instituições financeiras consultadas pelo Prévias Broadcast, de R$ 231,2 milhões. A margem do Ebitda ajustado cresceu 3,6 pontos porcentuais, para 71,6%.
Cemig
A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) decidiu não alterar sua participação acionária atual na Renova Energia. A empresa tinha até ontem para se manifestar sobre o exercício ou não de seu direito de preferência no processo de venda da fatia da Light na Renova. Em 14 de outubro, a Light anunciou a venda de sua fatia de 17,17% na Renova por R$ 1 para o fundo CG I FIP Multiestratégia, dos sócios-fundadores da geradora. Com a operação, o fundo CGI FIP passou a deter 34,62% do capital total da Renova, e a Cemig, 36,23%. O restante das ações está nas mãos de minoritários, como BNDESPar, fundo InfraBrasil e FIP Caixa Ambiental.
Segundo apurou o Broadcast, a Cemig chegou a pedir aos acionistas uma prorrogação do prazo para tomar a decisão. Segundo fonte que acompanha de perto o processo de recuperação judicial da Renova, o processo de venda da fatia da Light está bastante indefinido, e o pedido de extensão do prazo tinha a ver, entre outros motivos, com os trâmites internos de deliberação na Cemig.
Ainda relacionado à empresa, a agência de classificação de risco Fitch elevou ontem o rating da companhia de B+ para BB-, mas revisou a perspectiva para a empresa de positiva para estável. “As atualizações da Cemig refletem a melhoria do perfil financeiro do grupo, como resultado da diminuição da alavancagem e do prolongado perfil de vencimento da dívida”, diz o relatório da Fitch.
Qualicorp e Hapvida
A Qualicorp encerrou o terceiro trimestre de 2019 com lucro líquido de R$ 119,1 milhões, o que representa um crescimento de 9% ante o mesmo trimestre do ano passado. O Ebitda ajustado somou R$ 271,5 milhões entre julho e setembro, com crescimento de 11,7% ante um ano antes. A margem Ebitda ajustado ficou em 52,4% ante 49,5% do terceiro trimestre de 2018.
No mesmo setor, a Hapvida registrou lucro líquido de R$ 215,9 milhões no terceiro trimestre, alta de 13,5% em relação ao mesmo período do ano passado. O Ebitda ex-impacto do IFRS 16, atingiu R$ 235,3 milhões, crescimento de 23,7%, com margem de 17,9% (+1,6 p.p.).
Vivara
Em seu primeiro balanço após a abertura de capital, a Vivara reportou lucro líquido de R$ 39,570 milhões, queda de 0,6% em relação ao resultado do mesmo trimestre de 2018. O lucro líquido ajustado, que considera a adoção da norma IFRS16 e efeitos não recorrentes, foi de R$ 43,086 milhões, alta de 8,2% na mesma base de comparação. O Ebitda ajustado somou R$ 53,575 milhões, alta de 8,6%, o que gerou margem de 22,3% frente a 22,4% no terceiro trimestre de 2018.
Eztec
A incorporadora paulistana Eztec apresentou lucro líquido de R$ 61,239 milhões no terceiro trimestre de 2019, aumento de 81% em relação ao mesmo período de 2018, segundo balanço publicado há pouco. O crescimento do lucro líquido da Eztec decorreu do aumento dos lançamentos e das vendas, o que contribuiu com a expansão da receita líquida e a diluição das despesas.
O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 50,071 milhões, aumento de dez vezes na mesma base de comparação. A margem Ebitda subiu de 4,0% para 24,3%.
Aliansce Sonae
A Aliansce Sonae registrou prejuízo líquido consolidado de R$ 132,935 milhões no terceiro trimestre deste ano, revertendo lucro de R$ 23,115 milhões de igual período do ano passado. A empresa informou ainda um prejuízo líquido gerencial de R$ 145,160 milhões, revertendo lucro de R$ 47,227 milhões de igual período do ano passado. O Ebitda ajustado subiu 11,8%, atingindo R$ 164,4 milhões, com margem de 73,6% (+1,1 p.p.).
Centauro
A Centauro reportou lucro líquido de R$ 38,413 milhões no terceiro trimestre de 2019, considerado os efeitos da norma IFRS 16. O valor representa alta de 0,07% na comparação com o lucro líquido de R$ 38,387 milhões de igual período do ano anterior. Os dados foram divulgados hoje, quarta-feira, em balanço enviado à CVM. A empresa também divulgou o lucro líquido sem o efeito do IRFS 16, de R$ 46,754 milhões no terceiro trimestre, alta de 21,8% ante igual período do ano passado.
O Ebitda com IFRS 16 somou R$ 117,076 milhões entre julho e setembro, alta de 42,8% ante igual etapa do ano passado. Já o Ebitda sem o IFRS 16 somou R$ 80,550 milhões, queda de 1,8% ante um ano.
Randon
A Randon apresentou lucro líquido consolidado de R$ 78,539 milhões no terceiro trimestre, desempenho 88,6% superior ao reportado no mesmo período do ano passado. O Ebitda consolidado somou R$ 192,1 milhões, aumento de 28,6%, com margem de 14% (+0,5 p.p.).
Outras notícias
A Petrobras iniciou a fase vinculante do processo de duas concessõe terrestres, incluindo instalações de escoamento, chamadas Polo Cupiúba e Carapanaúba, ambas no Amazonas. Os dois polos tiveram produção média de 81 barris de óleo por dia e 82 mil m³ por dia de gás em 2018, em média. A Petrobras tem 100% destas operações.
A Anima Holding assinou um contrato de opção de aquisição da mantença de Instituição de Ensino Superior com a Fundação Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul). A Anima terá até o dia 04 de janeiro de 2021 para adquirir a instituição na cidade de Tubarão, em Santa Catarina.
O conselho de administração da Transmissora Aliança de Energia Elétrica (Taesa) aprovou o pagamento de dividendos e Juros sobre Capital Próprio (JCP) referentes ao terceiro trimestre deste ano. Os dividendos serão de R$ 0,3516 por Unit, equivalente a R$ 121,156 milhões. Já os juros totalizam R$ 0,1898 por Unit, ou R$ 65,386 milhões. Os proventos serão pagos com base na posição acionária do dia 19, e no dia 21, os papéis passam a ser negociados ex-dividendos e juros. Os créditos serão realizados aos acionistas no dia 29 deste mês.
O conselho de administração da CVC escolheu Maurício Montilha para o cargo de diretor Financeiro e de Relações com Investidores da companhia. Na semana passada, a companhia havia informado a renúncia de Leopoldo Saboya. Montilha ocupava o cargo de CFO global da Atento, onde ele foi responsável pela reestruturação após a compra da companhia pela Bain Capital.
FONTE: AE BROADCAST
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