As bolsas europeias fecharam majoritariamente em alta com o apetite pelo risco nos mercados globais a esteira de alta na madrugada dos mercados asiáticos após a China afirmando estímulos para sustentar a economia e o mercado financeiro. Internamente, o mercado seguiu Nova York em dia de poucos dados econômicos e as expectativas de algumas negociações entre Rússia e Ucrânia, devido a conversa sobre um novo acordo em relação à exigência da Ucrânia não entrar para a Otan. Londres subiu 1,62%. Frankfurt subiu 3,76%. Paris teve elevação de 3,68%. Milão teve avanço de 3,34%. Lisboa e Madri ganharam 1,02% e 1,75% respectivamente.
Em Nova York, não obstante o tom hawkish do FED, as bolsas fecharam em alta. A elevação da taxa de juros de 0,25% para 0,50% já estava no preço, mas Jerome Powell fez comentários como “o mercado de trabalho nos EUA pode lidar com alta de juros”. Todavia, a queda nos rendimentos das Treasuries de 30 anos evidencia que os agentes esperam que o FED terá que diminuir o ritmo, possivelmente, prevendo uma recessão. O Dow Jones teve alta 1,53%. O S&P 500 e o Nasdaq tiveram perda de 2,24% e 3,77% respectivamente.
No Brasil, o mercado seguiu o mesmo caminho que seus pares globais em um dia de tomada pelo risco com o Ibovespa fechando com alta de 1,98% a 111.112,43 pontos. A alta do minério de ferro após a sinalização de estímulos do governo do país. Setorialmente, a indústria e a saúde foram destaques, dado que há empresas com bons fundamentos que estavam caindo como foi o caso de WEG (WEGE3) e Embraer (EMBR3), que anunciou a pareceria com Global Crossing Airlines Group assinando uma carta de intenções referentes a 200 aeronaves eVTOL. A queda nos Dis, contribuíram para a alta de setores cíclicos como aviação. Vale (VALE3) foi o principal destaque devido à alta do minério.
Para hoje (17/03)
As bolsas asiáticas fecharam o pregão em alta com o bom-humor dos investidores ainda guiados pelas promessas de ontem (16) referente aos estímulos por parte de Pequim e a queda de novos casos sintomáticos locais da China continental que caíram pelo segundo dia consecutivo melhorando as perspectivas em torno do fechamento de importantes cidades. Não obstante o FED mais duro, os mercados asiáticos seguiram as altas de seus pares ocidentais do pregão anterior. Adicionalmente, os investidores ficam de olho na possibilidade de acordo entre russos e ucranianos. Ademais, o terremoto no Japão de 7.3 pontos na Richter não assustou as bolsas do continente. O Nikkei teve alta de 3,46%. Seul avançou 1,33%. Hong Kong teve ganhos de 7,04% e Taiwan ganhou 3%. Na China continental o Shenzhen e o Xangai tiveram avanço de 2,24% e 1,40% respectivamente.
Minério de ferro negociado na bolsa de Dalian teve alta de 4,65%, a 810,00 iuanes, o equivalente a US$ 127,67.
Após a decisão de política monetária, os investidores nos Estados Unidos tentam digerir a decisão como pode ser visto na queda dos futuros em Nova York. Se por um lado diminui a incerteza da condução da política monetária, por outro, o mercado estará a calcular o impacto do tom mais agressivo da autoridade monetária da maior economia do mundo. As Treasuries de 30 anos ontem, após a decisão, indicavam possibilidade de perda de ímpeto da autoridade monetária. Todavia, ainda é algo a ser avaliado, pois o mercado de trabalho e a inflação seguem fortes no país. Na agenda econômica, teremos os dados de produção industrial, setor imobiliário e pedidos por seguro-desemprego:
Na Europa, as bolsas também operam em queda. Apesar das sinalizações de possibilidade de paz no leste do continente, ainda não há nenhum avanço e isso gera, em certa medida, frustração. Tal qual ocorre em Nova York, os agentes tentam assimilar a decisão e o tom mais agressivo do FED. Quanto aos dados internos, a inflação continua a subir na Zona do Euro e os investidores aguardam a decisão do BoE.
No Brasil, os investidores vão digerir a decisão do Copom e do Fomc. Ambas as autoridades monetárias subiram os juros, sendo que aqui no Brasil, vimos o juro saindo de 11,75% para 11,75% conforme o esperado. Na divulgação à imprensa, o Bacen informou que espera fazer mais uma alta de 1p.p e que estará a monitorar os choques inflacionários com parcimônia. Hoje a autoridade monetária também divulgará o seu indicador de atividade econômica, o IBC-Br expectativa de queda de 0,25%.
Como ponto positivo para o mercado temos mais um dia de alta das commodities. O minério de ferro em Dalian e o petróleo sobem. A commodity energética tem avanço com a Agência Internacional de Energia (AIE) informando que três milhões de barris podem sair do mercado por conta da questão russa. Os sinais de cautela estão na arena política com a questão dos combustíveis e o mau-humor externo, que pode afetar, principalmente, o lado mais cíclico do mercado. Petrobras (PETR3; PETR4) pode sofrer ou ter ganhos minimizados com as pressões em trono da saída de Silva e Luna, indicando ingerência governamental na companhia.
Quanto à Reforma Tributária, a Comissão de Constituição de Justiça do Senado (CCJ) adiou ontem novamente a votação da proposta de emenda constitucional que tem o objetivo de reformar o sistema tributário brasileiro. A postergação, evidencia, mais uma vez as dificuldades de aprovação dos projetos do governo.
De olho nas eleições, Mourão formaliza filiação ao Republicanos e declara apoio à reeleição de Bolsonaro.
No radar corporativo, temos os balanços de: B3 (B3SA3), Lojas Renner (LREN3), Grupo Soma (SOMA3), brMalls (BRML3), CPFL Energia (CPFE3), Cyrela (CYRE3) e Cury (CURY3).
Dentre as notícias, a Aliansce Sonae (ALSO3) comunicou que formalizou e encaminhou, nesta quarta-feira (16), nova proposta de combinação de negócios ao Conselho de Administração da brMalls (BRML3). A proposta tem vencimento em 14 de abril.
O IRB (IRBR3) informou que recebeu solicitação para inclusão de candidatos para concorrer a membros do Conselho Fiscal na próxima Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária. As indicações vieram de Geração Futuro L Par Fundo de Investimento em Ações e Luiz Barsi.
A Eneva (ENEV3) informou que os acionistas da Focus Energia (POWE3) receberão R$ 8,1738 para cada ação ordinária da empresa no encerramento do pregão de 11 de março de 2022 e que passaram a integrar a base acionária da Eneva a partir de 14 de março de 2022.
A Braskem (BRKM5) somou lucro líquido de R$ 530 milhões no balanço do 4T21, representando uma queda de 37% no resultado na comparação anual, que foi de R$ 846 milhões.
A MRV&Co (MRVE3) teve lucro líquido atribuído aos controladores de R$ 300 milhões no quarto trimestre de 2021 (4T21), cifra 53,1% superior ao registrado em igual etapa de 2020.
Autor: Matheus Jaconeli – Analista CNPI 2917