Mercados em queda com o risco inerente aos lockdowns na China e receio em relação ao crescimento econômico global

Tempo de leitura: 3 min.

As bolsas europeias fecharam em queda após o fim do feriado. Os receios em torno da intensificação da guerra em solo ucraniano continuam a abalar as expectativas dos investidores, dado que a continuidade do conflito afetará fortemente o crescimento da economia do continente e a inflação. Hoje, em reunião do FMI, as projeções para o crescimento da Zona do Euro caíram de 3,9% para 2,8%, no Reino Unido saiu de 4,7% para 3,7%. Além do FMI, o Banco Mundial também ressaltou suas preocupações em torno dos efeitos da guerra entre Ucrânia e Rússia, devido a alta nos preços de alimentos, gerando impacto na segurança alimentar na Europa e no mundo. Londres teve queda de 0,20%. Frankfurt teve baixa de 0,07%. Paris recuou 0,83%. Milão teve recuo de 0,96%. Na Península Ibérica, Madri e Lisboa recuaram 0,06% e 0,44% respectivamente.

As bolsas em Nova York fecharam em alta, com os investidores buscando ativos de tecnologia que estavam descontados e expectativas positivas em relação aos balanços do IBM e Netflix (que decepcionou no after). Assim, mesmo com a alta dos juros com as Treasuries de 10 anos chegando a 2,79% ao fim do pregão, os principais índices desempenharam bem. O Dow Jones teve queda de 1,45%. O S&P 500 e o Nasdaq tiveram avanço de 1,61% e 2,15% respectivamente.

No Brasil, os ruídos do ponto de vista fiscal acabaram por afetar fortemente o mercado levando os DIs e o dólar para cima. Quanto ao desempenho dos ativos em si, o que mais tirou pontos do Ibovespa foram Vale, com a queda do minério de ferro e os investidores aguardando os dados de produção industrial. Bancos tiveram queda ao passo em que governo avalia reajuste de 5% mais correção do tíquete de servidores. Pelo lado positivo, não obstante a alta do petróleo, a Petrobras teve alta sendo influenciada pela notícia de venda das ações da companhia em posse do BNDES. Adicionalmente, o FMI aumentou suas projeções de crescimento para o país saindo de 0,3% para 0,8% para este ano. O Ibovespa fechou com queda de 0,54% cotado 115.056,91 pontos.

Para hoje (25/04)

Na Ásia, os mercados caíram fortemente por conta da política mais agressiva de lockdown na China. A política ocorre devido ao aumento de casos em outras cidades, podendo afetar fortemente a economia do continente e do globo, já que se trata da segunda maior economia do mundo. Tal efeito, também prejudica fortemente o desempenho das commodities.  O Shanghai composto perdei 5,13%. O Nikkei caiu 1,90%. Hong Kong e Seul caíram 3,73% e 1,76% respectivamente.

Minério de ferro negociado na bolsa de Dalian despenca 10,73%, a 794,5 iuanes, o equivalente a US$ 121,10.

Os efeitos dos lockdowns na China também afetam os índices nos Estados Unidos, por conta do efeito que pode ser gerado no crescimento econômico global e possibilidade de impactos nas cadeias produtivas por falta de muitos produtos que são produzidos em solo chinês. No corporativo, o mercado fica de olho no Twitter, pois a empresa reavalia a possiblidade de Elon Musk adquirir a empresa. Assim, mesmo com as eleições pró-mercado na França, com a vitória de Macron, ainda há pontos mais preponderantes que afetam as bolsas. Quanto ao conflito entre Ucrânia e Rússia, ainda não há desfecho.

Na Europa, os mercados fecham em queda pressionados pelas perspectivas de inflação e receios de lockdown na China.

No Brasil, o cenário também é negativo para a bolsa. Apesar da pressão deflacionária que pode ser gerada pelo desempenho do petróleo e minério de ferro, para o Ibovespa, tal cenário ruim dado a participação de importantes empresas relacionadas a tais commodities. A queda nos rendimentos das Treasuries de 10 anos, que em tese poderia tirar a pressão dos DIs, será contrabalanceada com a possível alta do dólar com investidores fugindo do risco. Na agenda econômica, há um dado positivo devido a alta de 1,5 ponto no índice de confiança do consumidor, chegando a 78,6 pontos.

No corporativo a Cyrela (CYRE3) aprovou a distribuição de dividendos correspondente a R$ 0,5647788378 por ação ordinária da companhia. Papéis passam a ser negociados “ex-dividendos” a partir do dia 25 desse mês. O pagamento ocorrerá até o fim do ano.

A Eletrobras (ELET3, ELET6) aprovou em AGO o pagamento de dividendos de R$ 1,340 bilhão. Será considerada a posição acionária de 22 de abril de 2022 e as ações serão negociadas “ex” direito a estes dividendos a partir de 25 de abril. Pagamento ocorrerá até 31 de dezembro de 2022.

A Equatorial (EQTL3) vende 8,6 milhões de MWh de energia no 1º tri, alta de 3,5%. Empresa registra maior crescimento no mercado livre de energia, cuja venda subiu 12,2%; no mercado cativo, avanço atingiu 2%.

O IRB (IRBR3) informou ter registrado um prejuízo líquido de R$ 50,9 milhões em fevereiro de 2022, comparado a um lucro de R$ 20,8 milhões em fevereiro de 2021. No primeiro bimestre de 2022, contudo, o lucro líquido acumulado foi de R$ 63,2 milhões, ante um lucro líquido no mesmo período de 2021 de R$ 38,8 milhões.

Guerra e logística global sustentam preços da celulose em alta. Uma nova rodada de aumento de preços da celulose de fibra curta começou a ser implementada por produtores sul-americanos na China. Fator que pode contribuir para alta de Suzano, Klabin e Irani.

Autor: Matheus Jaconeli – Analista CNPI 2917  

Deixe um comentário