Mercados cautelosos aguardando a inflação nos EUA e vendas no varejo surpreendem positivamente no Brasil

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Os mercados europeus fecharam em baixa no pregão de ontem (09). As incertezas apontadas pelo BCE foram um fator condutor para aqueda dos principais índices do continente. A autoridade monetária do continente informou que começará a alta de juros no próximo mês com expectativa de aumento em 25 pontos base. Contudo, também informou a possibilidade de ajuda aos PIIGS (Portugal, Ireland, Italy, Greece & Spain), países mais frágeis da Zona do Euro por conta do elevado endividamento.

A alta de juros por si só, já é um fator que afeta o valuation das companhias, o adendo de possibilidade de ajuda às economias dos países citados faz com que as perspectivas com os riscos também sejam elevadas, uma vez que “contribuir” para a situação de tais países descompensa parte do esforço feito para conter a inflação. Londres teve queda de 1,54%. Frankfurt perdeu 1,71%. Paris perdeu 1,40%. Milão teve queda de 1,90%, Madri perdeu 1,49% e Lisboa teve recuo de 0,52%.

Nos Estados Unidos, a situação foi parecida. Os investidores ficaram cautelosos aguardando os números de inflação que estão a ser divulgados hoje, sendo um importante vetor para a decisão de política monetária do FED que o correrá no dia 15 deste mês. Adicionalmente, as incertezas apontadas pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) em relação ao crescimento da economia global e do próprio país, dado os gargalos produtivos, restrições de oferta ao fornecimento de petróleo e alimentos. Internamente, os pedidos iniciais por seguro-desemprego saíram de 202 mil para 229 mil, podendo ser um indicativo de alguns setores estarem com crescimento no número de desempregados, mas o número ainda é historicamente baixo. O Dow Jones teve queda de 1,94%. O S&P 500 e o Nasdaq perderam 2,38% e 2,75% respectivamente.

No Brasil, o Ibovespa fechou com queda de 1,18% a 107.094 pontos. O mau humor externo acabou afetando a bolsa brasileira, tal como a queda do minério de ferro e as informações de que Xangai iria fechar algumas regiões. Tal situação fez com que o IPCA abaixo do esperado fosse ofuscado. Os receios pelo lado fiscal também permanecem o que continuou a penalizar as companhias de setores cíclicos como Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3). Tirando força do índice, em termos de pontuação, Vale (VALE3) teve queda de 3,38%.

Para Hoje (10/06)

Na Ásia, os mercados acabam fechando majoritariamente em queda. Não obstante às medidas de fechamento na China, a principal bolsa do país fechou em alta com a recuperação das ações do Alibaba. Contudo, as demais bolsas da região fecharam em queda influenciadas pelo mau humor da véspera e com cautela em relação aos dados a serem divulgados nos EUA. O Shanghai Composto teve alta de 1,42%. O Nikkei teve queda de 1,49%. Hong Kong perdeu 0,29% e o Kospi caiu 1,1%.

O minério de ferro negociado na bolsa de Dalian teve baixa de 1,72%, a 914,50 iuanes, o equivalente a US$ 136,66

Nos EUA, os futuros operam estáveis. Os investidores aguardam o CPI. O dado é importante, uma vez que é um dos principais balizadores da política monetária do FED. O mercado espera que haja alta de 0,7% no mês, de modo que continue em 8,3% no ano. Também será divulgado os índices de confiança de consumo da Universidade de Michigan.

Na Europa, os investidores temem os números de inflação nos Estados Unidos e, além disso, a decisão do BCE ontem faz os spreads dos Bonds abram, sendo um vetor de risco para o mercado de renda variável, isto é, títulos do tesouro em níveis elevados.

No Brasil, a pressão baixista sobre o minério de ferro por conta dos fechamentos na China (Xangai e Pequim) tende a afetar companhias com importante pontuação no Ibovespa. Como ponto positivo, as vendas no varejo superaram as expectativas chegando a 4,5% no ano e o petróleo também está voltando a subir, podendo gerar força para a correção do mercado.

No corporativo, a Eletrobras informou que o preço por ação foi fixado em R$ 42,00, perfazendo o montante total de R$ 33,7 bilhões. A oferta marca a maior privatização de uma empresa no Brasil em mais de 20 anos.

O Conselho de Administração do Bradesco (BBDC3;BBDC4) aprovou pagamento de juros sobre o capital próprio (JCP) intermediários, relativos ao primeiro semestre de 2022, no valor total de R$ 2 bilhões, sendo R$ 0,178723065 por ação ordinária e R$ 0,196595372 por ação preferencial.

A M. Dias Branco informou na véspera que foi celebrado contrato a fim de adquirir 100% das quotas representativas do capital social da Nutrition, titular da marca Jasmine. O valor da operação não foi revelado.

A Klabin informou que celebrou procedimentos finais para aumento de capital na controlada Aroeira Reflorestadora. Segundo a empresa, o objetivo principal da operação será a exploração da atividade florestal em Santa Catarina.

A CCR registrou queda de 1,3% no tráfego total de maio de 2022 em relação ao mês do ano passado.

A CRGI informou que reduziu a participação que administra em ações preferenciais e American Depositary Receipts representativos de Ações PN de emissão da Azul.

A Eneva adquire Termelétrica Fortaleza, da Enel, por R$ 431,5 milhões. A Termofortaleza tem como principal ativo operacional a UTE Fortaleza, uma usina termelétrica a gás.

Autor: Matheus Jaconeli – Analista CNPI 2917

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