Mais uma vez as bolsas europeias fecharam em queda e, não é por fato novo, mas algo que sempre volta à pauta. Na verdade, ultimamente, os momentos de alta são de refrigério em meio à um ambiente de forte queda.
Os gatilhos de queda, principalmente para o continente, continuam, como a inflação, a cansativa e custosa guerra na Ucrânia, os temores de recessão e um BCE atrasado que já promete altas de juros, mas em alguns momentos diz que terá certa ajuda aos PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha).
Por muito tempo, os sinais de inflação eram claros e as medidas contra a Rússia foram tomadas rapidamente e isso não fez a guerra cessar, basicamente, piorou a situação. Assim, a queda de se deve a algo que já tínhamos no radar.
Quanto ao comentário de autoridades monetárias, o Lagarde acredita que um improvável cenário de inflação pré-Covid e o BoE vê a possibilidade de mais um aumento de 50 p.b na próxima reunião.
Quanto aos dados de atividade econômica, na Alemanha, o Commerzbank analisa que apesar da desaceleração na inflação da maior economia do continente, o indicador deve voltar a subir devido as condições globais. Na bolsa de Londres, o FTSE 100 teve o melhor desempenho do dia entre os principais índices europeus, ao recuar 0,15%. Frankfurt teve recuo de 1,73%. Paris teve queda de 0,90%. Milão cedeu 1,21%. Na península ibérica, Lisboa e Madri perderam 0,66% e 1,56% respectivamente.
Nos Estados Unidos, a história também não é diferente. O banco central da maior economia do mundo também passou por muito tempo assumindo uma transitoriedade da inflação, fazendo com que ele ficasse atrás da curva e agora se vê em uma posição em que seja necessário subir juros, não em dose homeopática como poderia ter sido, mas de forma mais contundente, para tentar frear a inflação.
Bom, se pode negar a realidade, mas não as consequências de negá-la e, pelo visto, foi isso que o ocidente acabou fazendo. Todavia, os descontos na bolsa americana fazem com que os índices tenham certa resistência quando comparado às últimas quedas em Nova York. Quanto à atividade econômica, o PIB teve queda de 1,6% no primeiro trimestre e quanto à comentários de autoridades monetárias, Powell afirmou que o aperto monetário envolverá “alguma dor”. O índice Dow Jones fechou em alta de 0,27%, em 31.029,31 pontos, o S&P 500 caiu 0,07%, a 3.818,83 pontos, e o Nasdaq registrou queda de 0,03%, a 11.177,89 pontos.
No Brasil, o Ibovespa seguiu o mau humor global. Internamente, temos uma situação que, em termos de atividade, não é tão ruim. Todavia, o cenário de risco acaba afetando a bolsa negativamente. Isso acontece com a proximidade das eleições e o fato de o governo buscar a reeleição, fazendo medidas que são contrárias aos bons ditames do mercado.
O primeiro objetivo de qualquer político é se eleger, o segundo é se reeleger e as outras coisas não importam muito. Pelo lado positivo, vimos um IGP-M abaixo das expectativas com aceleração de 0,59%. Assim, o principal índice da B3 teve queda de 0,96% a 99.622 pontos.
Para hoje (30/06)
Na Ásia, os mercados fecharam majoritariamente em queda, acompanhando os temores no ocidente e a queda na produção industrial japonesa em 7,2% em maio. Na China, no entanto, o governo informou que crescimento da atividade fabril em junho, mesmo com um PMI ligeiramente abaixo do esperado, chegando a 50,2 pontos. Shaghai teve queda de 1,10%. O Nikkei teve recuo de1,54%. Hong Kong e Seul perderam 0,62% e 1,91% respectivamente.
Na Europa, os mercados operam em queda, com os mesmos receios que assombraram os mercados ontem, os quais foram citados acima. Os dados divulgados na Europa nesta quinta-feira incluíram dados preliminares da inflação francesa para junho, que mostraram que o índice de preços ao consumidor do país subiu 5,8% em relação ao ano anterior, ante 5,2% em maio. Além disso, a Alemanha registrou queda de 3,6% nas vendas no varejo e o PIB do Reino Unido teve a leitura final de 0,8%, conforme o esperado.
Nos Estados Unidos, os futuros operam em queda devido aos temores inflacionários e recessivos que foram endossados pela fala de Powell ontem. No calendário, o PCE sai de 0,2% para 0,6%. E os pedidos por seguro desemprego saíram de 228 mil para 231 mil.
No Brasil, o mercado deve acompanhar o mau humor global e a queda nos preços das commodities. Quanto à agenda econômica, está previsto o relatório trimestral de inflação (RTI) do Banco Central e PNAD que evidenciou taxa de desemprego de 9,8% ante projeção de 10,2%, sendo a menor taxa desde 2015. Também será divulgada a Pnad contínua de maio. Na política, a PEC dos auxílios continua no radar.
No corporativo, a Cemig adquire participação em três usinas fotovoltaicas. O valor total a ser desembolsado pela subsidiária integral Cemig SIM será de aproximadamente R$100 milhões. As usinas fotovoltaicas, localizadas em Minas Gerais, são detidas pela Genesys Participação Societária e por Antônio Carlos Torres.
A Ambipar adquire o controle da Bioenv, empresa de análise e monitoramento ambiental. Operação foi realizada pela controlada Ambipar Response e não teve valores divulgados
A Light informa que o diretor-presidente da companhia, Raimundo Nonato de Castro, renunciou ao cargo, por motivos pessoais Posto será ocupado interinamente pelo presidente do conselho de administração, Wilson Poit
A Kepler Weber aprovou assinatura do MOU preliminar visando à aquisição de 50% mais uma quota da Procer, principal player do Brasil com foco em tecnologias para desenvolver equipamentos que permitem a automação de silos. Valor da operação não foi divulgado.
Localiza e a Unidas informaram a relação de troca final de ações e o valor da combinação de negócios. Segundo as empresas, os acionistas da Unidas receberão para cada ação ordinária de emissão da companhia 0,43884446 ações ordinárias da Localiza.
Suzano comunicou que celebrou contrato de compra e venda para aquisição da totalidade das ações de emissão da Caravelas Florestal por R$ 336 milhões, que será pago em uma única parcela após a verificação de condições precedentes, incluindo a aprovação do Cade.
Autor: Matheus Jaconeli – Analista CNPI 2917
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