Após a possibilidade de alívio nas tensões no leste europeu poderem ser amenizadas com a conversa entre Biden e Putin, costurada por Macron, gerou ânimo nas bolsas europeias no início do pregão. Todavia, o anúncio do Kremlin de que a conversa não gera nenhum tipo de garantia, trouxe os mercados abaixo novamente. Para intensificar ainda mais a tensão, grupos separatistas em Donetsk, região fronteiriça à Rússia, pediram apoio militar russo para enfrentar as tropas de Kiev. Londres teve queda de 0,39%. Frankfurt teve queda de 2,07%. Paris perdeu 2,04%. Milão teve queda de 1,72%. Madri e Lisboa perderam 1,18% e 2,46%, respectivamente. Em Moscou, o índice Moex derreteu 10,50%. Após o fechamento do mercado, Putin fez um discurso com afirmações duras contra a Ucrânia e reconhecendo as províncias separatistas de Donestsk e Luhansk como independentes.
No Brasil, não obstante a alta nos preços do minério de ferro e do petróleo, contribuindo para o bom desempenho de companhias como Vale, CSN, Petrobras e Petrorio, os riscos geopolíticos acabaram por afetar os mercados emergentes e a bolsa local em dia de pouco volume devido ao feriado do dia do presidente nos Estados Unidos. O Ibovespa teve queda de 0,94% cotado 111.820 pontos.
Para hoje (22/02)
Os receios de que as tensões no Leste Europeu possam ganhar um tom ainda mais belicoso após as falas de Putin e reconhecimento das repúblicas de Donetsk e Luhansk, os mercados asiáticos seguiram o caminho de seus pares ocidentais. Internamente, um dos destaques foi a queda do HSBC (-3,,59%) devido as provisões ligadas ao setor imobiliário, contribuindo para que Hong Kong tivesse queda de 2,69%. Taiwan teve perda de 1,38%. O Nikkei, no Japão, caiu 1,71%. Seul perdeu 1,35%. Na China Continental, o Xangai e o Shenzhen tiveram redução de 0,96% e 1,23% respectivamente.
Na Europa, as bolsas operam em queda devido aos riscos inerentes ao avanço dos russos às províncias separatistas com o objetivo de evitar que soltados de Kiev se aproximem. Ontem o discurso de Putin foi contundente e também declarou reconhecimento de Donetsk e Luhansk como repúblicas independentes, o que amplia a probabilidade de conflito. Também foram divulgados indicadores de atividade econômica, mas estes ficarão, de certa forma, à sombra das notícias advindas do leste.
Nos Estados Unidos, os futuros também operam em queda, também por conta dos receios em torno da questão russa. Serão divulgados no dia PMI e indicadores de expectativa de consumo, mas o foco do mercado será o desenrolar das questões geopolíticas.
No Brasil, serão divulgados os dados do IPCA-15 e de confiança do consumidor. Apesar da importância dos indicadores de conjuntura, os investidores se atentarão aos rumos que a questão europeia tomará.
A alta do petróleo pode beneficiar companhias como PetroRio e Petrobras, mas o recuo do minério de ferro deve trazer influência negativa para mineradoras e siderúrgicas.
Na agenda corporativa, a Consan (CSAN3) e a Porto Seguro (PSSA3) divulgaram fato relevante informando rescisão do Acordo de Investimento, encerrando, desta forma, todas as tratativas para a potencial formação da joint venture para atuação em mobilidade, denominada “Mobitech”. Para a companhia a estratégia é mais prudente tendo em vista o avanço das taxas de juros e possível agravamento da situação macroeconômica.
Na agenda de balanços serão divulgados: R Petroleum, BRF, Localiza, Nubank, Raia Drogasil e Telefonica Brasil.
Autor: Matheus Jaconeli – Analista CNPI 2917