Ontem (21), os mercados sucumbiram ao noticiário europeu de uma nova cepa de COVID-19 que se desenvolveu a partir do Reino Unido. Com a notícia da mutação do coronavírus, os mercados europeus fecharam em baixa, levando muitos países europeus fecharem suas fronteiras para os voos oriundos do país insular. A nova variante do vírus também forçou o governo britânico a realizar o endurecimento das medidas de restrição social.
Londres, teve queda de 1,73%. Frankfurt, desacelerou em 2,82%. Paris, perdeu 2,43%. Milão, teve queda de 2,57%. Madri e Lisboa tiveram desvalorização de 3,08% e de 2,19% respectivamente.
O petróleo, mediante ao risco da mutação sofrida pelo coronavírus, levando ao enrijecimento das medidas de lockdown devido a seu maior grau de contaminação, fez os preços do petróleo despencarem.
O WTI para fevereiro, teve queda de 2,58%, a US$ 47,97. O Brent, perdeu 2,58%, a US$ 50,91 o barril.
Nos Estados Unidos, apesar da celebração de um acordo entre os republicanos e democratas em relação ao pacote de estímulos de US$ 900 bilhões, a notícia da mutação da Sars-cov-2 fez com que as bolsas americanas fechassem majoritariamente em queda. Todavia, o parecer da OMS em relação a eficácia das vacinas contra a nova versão do vírus contribuiu para a limitação das perdas.
O Dow Jones, teve alta de 0,12%. O S&P 500 e a Nasdaq perderam 0,39% e 0,10% respectivamente.
O principal índice da B3 passou por retração por conta do aumento do risco global ocasionado pela mutação na COVID-19. Além disso, o ambiente político contribui para a desaceleração da bolsa ao fim do pregão. Rodrigo Maia e o líder do governo na câmera, Ricardo Barros, discutiram, pois Maia se negou a retirar ada pauta uma proposta de aumento nos repasses da União para os municípios.
Devido aos ruídos políticos e o cenário externo, o Ibovespa teve queda de 1,86% contado a 115.822,57 pontos. O dólar teve alta 0,78%, cotado em R$ 5,12.
As bolsas asiáticas fecharam em queda, digerindo as preocupações quanto às implicações que podem se ocasionadas pela nova mutação da COVID-19 no Reino Unido, de modo que também na Ásia, a aprovação dos estímulos nos Estados Unidos ficasse em segundo plano.
Na China continental, o Xangai perdeu 1,86% e o Shenzhen, teve retração de 1,76%. Nas ilhas satélites Hong Kong e Taiwan, recuaram em 0,71% e 1,44% respectivamente.
Em Tóquio, o Nikkei caiu 1,04% e o principal índice sul-coreano, Kospi, teve retração de 1,62%.
Os mercados globais tentam reagir ao susto de ontem (21) ocasionado pela mutação da COVID-19 no Reino Unido, que teve constatação de contaminação 70% maior que o vírus original. Além disso, o mercado também tenta responder ao acordo entre democratas e republicanos referente ao pacote de US$ 900 bilhões. Assim, as bolsas na Europa começam o dia operando no positivo, também em virtude de dados positivos no Reino Unido e na Alemanha, e os futuros nos Estados Unidos, abriram próximo da estabilidade.
No Brasil, mais uma vez o externo gerará preço no mercado local, mas as notícias internas relacionadas à PEC que eleva a transferência para municípios. A Emenda constitucional que aumento os repasses para Fundo de Participação dos Municípios, caso aprovada, pode gerar impacto anual de R$ 4 bilhões segundo o secretário do Tesouro, Funchal, o que pode gerar impactos negativos para a retomada da economia. Assim, a depender do que for solucionado na arena política, também haverá impacto no mercado de ações, juros e câmbio.
O mercado também fica atento ao IPCA-15, um dos principais dados antecedentes do indicador oficial de inflação, o IPCA.
No Reino Unido, o Departamento Nacional de Estatísticas divulgou a última prévia dos dados trimestrais da economia do país. Os números divulgados pela instituição tiveram resultados acima do esperado em sua maioria. Os investimentos das empresas tiveram alta de 9,4% contra as expectativas de 8,8%; o PIB trimestral teve elevação de 16,0%, contra expectativa de 15,5%. Todavia as transações correntes tiveram déficit de £ 15,7 bilhões contra as expectativas de £ 21,30 bilhões, mas o aumento do déficit também se deveu ao aumento nas importações de bens que ocorre em decorrência da melhora no nível de atividade econômica.
Quanto aos dados mensais, a dívida líquida do setor público registrou elevação acima do esperado, somando um montante de £ 30,84 bilhões, contra a expectativa de £ 27,30 bilhões. O aumento do endividamento se deve, em grande medida ao aumento no número de contaminados pela COVID-19 exigindo que o governo tenha aumento de seus gastos, que em parte, são pagos com base em aumento do endividamento. O que também eleva a necessidade de financiamento líquido do setor público, saindo de £ 20,027 bilhões para £ 23,518 bilhões.
Na Alemanha, o instituto Gfk divulgou os números da pesquisa projetam o clima do consumidor para o mês de janeiro. O indicador superou as expectativas dos agentes de -8,8 pontos, alcançando -7,3 pontos. Embora as medidas de restrições contra a COVID-19 continuem rígidas no país, o noticiário positivo em torno das vacinas contribui para a melhora nas expectativas para o primeiro mês do ano de 2021.
A FGV (Fundação Getúlio Vargas) divulgou os números referentes à confiança do consumidor. O índice ajuda os agentes a analisarem o comportamento do consumo e criarem expectativas em relação à variável que é um importante componente da demanda agregada. O indicador teve queda em relação a novembro, saindo de 81,7 pontos para 78,5. O número mostra a terceira queda consecutiva evidenciando a piora nas perspectivas dos consumidores o que é ocasionado pelo aumento no número de casos de COVID-19 e o desemprego elevado. Segundo a pesquisa, 97,5% dos consumidores enxergam dificuldades para obter emprego fazendo com que o consumidor não tenha expectativas positivas.
Quanto ao IPCA-15, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os agentes esperam elevação de 1,18% no mês de dezembro, contra avanço de 0,81% em novembro. A expectativa de elevação nos preços no mês se deve a um efeito sazonal, devido às datas comemorativas, além da possiblidade da elevação nos preços de energia e alimentação.
Nos Estados Unidos, o Escritório de Análise Econômicas, trará importantes números de atividade econômica, entre os principais se destacam os preços dos produtos que compõe o PIB e o PIB trimestral. Como se trata da última observação dos indicadores trimestrais, não há expectativa de muta variação nos números em relação às prévias anteriores. Espera-se que o PIB trimestral anualizado tenha elevação de 31,1% e o índice de preços alcance elevação de 3,50%.
Outro indicador trimestral importantes são os lucros corporativos, divulgados pelo departamento do comércio americano. Devido aos números divulgados pelas companhias ao longo do terceiro trimestre do ano, os agentes esperam aumento de 27,5% nos lucros corporativos contra retração de 10,7% registrados no segundo trimestre do ano. A melhora se deve, em grande medida à melhora nas expectativas e ao começo da retomada da atividade econômica no trimestre.
Quanto ao mercado imobiliário, a Associação Nacional de Corretores do país divulgara as vendas de casas usadas durante o mês novembro. Devido ao aumento no número de casos da COVID-19, o mercado espera retração de 1,0% nas vendas, após elevação de 4,3% em outubro, evidenciando maior cautela dos agentes econômicos em relação à aquisição da categoria.
Por fim, ao fim do dia, a agência de Administração de Informações do Petróleo divulgará o número da produção de petróleo bruto em solo americano durante semana por parte do setor privado. Após elevação de 1,973 milhão de barris na semana anterior, há a possiblidade de redução na produção.
Autor: Matheus Jaconeli