O apetite pelo risco caiu fortemente ontem (10), o discurso positivo por parte da autoridade monetária europeia em relação aos estímulos à economia, foi ofuscado por ruídos em relação ao Brexit. Nos EUA os pacotes de estímulos minguaram sem acordo.
Nos Estados Unidos, o mercado abriu em alta, tendo em vista as perspectivas de estímulos do BCE para amenizar os impactos da crise na economia do continente. Todavia, os receios europeus e locais (nos EUA) pesaram para o mau humor de quinta-feira (10).
Apesar do aumento dos preços sob a perspectiva dos consumidores, os pedidos iniciais por seguro desemprego, vieram um pouco acima do esperado, evidenciado que o mercado de trabalho americano e, por seu turno, a economia americana ainda “patina” em meio as consequências da pandemia.
A política, além dos ruídos sino-americanos, impactou fortemente na bolsa americana, renovando as mínimas, sem acordo entre democratas e republicanos no que diz respeito ao pacote de estímulos fiscais.
O Dow Jones, teve queda de 1,45%. O S&P 500, perdeu 1,76% e a Nasdaq, teve retração de 1,99%.
Os mercados europeus fecharam em queda por conta da cautela por parte dos investidores com o discurso de Lagarde.
As incertezas quanto retomadas econômica permanece, haja vista o os dados macroeconômicos insatisfatórios para a Zona do Euro. Ainda pensando na conjuntura econômica, a banqueira central disse que o comportamento do câmbio é novo, mas que o BCE estará de olho nos movimentos da variável econômica.
Quanto á inflação, ainda há perspectivas de que ela fique em níveis baixos, de modo que os preços ainda não subam no curto prazo. Com isso, o BCE estuda medidas para estimular a economia.
As relações com o Reino Unido também foram um alvo da preocupação dos investidores do continente, com a União Europeia a informar que o Reino Unido terá de pagar uma obrigação legal para finalizar a sua saída do bloco.
Ademais, os ruídos envolvendo Estados Unidos e China e as eleições americanas, também contribuíram para a queda.
Paris e Madrid, perderam 0,39% e 0,31% respectivamente. Frankfurt, desvalorizou 0,21%. Londres, caiu 0,21%. Milão, registrou leve alta, impulsionada pela Fiat Chrysler e Bancos.
Sem drivers, os ativos brasileiros se desvalorizaram com o mau humor advindo do hemisfério norte.
Como houve aumento da aversão ao risco e o Brasil a bolsa brasileira é considerada um ativo de risco, além da questão fiscal que, apesar de já estar precificada, ainda pesa em suas decisões, gerou forte venda.
O Ibovespa, teve queda de 2,49%, a 98.834,59. O dólar, avançou 0,38%, a R$ 5,32.
O mercado de petróleo, por conta do desequilíbrio entre oferta e demanda, fechou em baixa, repercutindo também à aversão ao risco nos mercados internacionais.
A cautela global quanto à recuperação da economia impacta a demanda pela commodity, com a oferta relativamente constate e, além disso, os descontos nos preços anunciados pela Saudi Aramco nessa semana, pressionam os preços do petróleo para baixo.
Além disso, o fato da Índia, uma das maiores demandantes de petróleo do mundo, passa pelo pico do covid-19.
Assim, o petróleo WTI, teve retração de 1,79%, a US$ 37,30. O petróleo tipo Brent, caiu 1,97%, a US$ 40,06.
Hoje (11), o Bureau of Labor Statistics, publicará o relatório de inflação ao consumidor americano com o IPC (índice de preços ao consumidor) e o núcleo do indicador, o qual exclui os preços non core, isto é, alimentação e energia.
Como a demanda ainda não está forte o quanto se esperava, apesar dos sinais de que a economia americana esteja se recuperando, o hiato do produto permanece grande, fazendo com que os preços não subam.
Os impactos negativos da crise continuam a gerar consequências à maior economia do mundo, conforme pode ser visto pelos pedidos iniciais por seguro desemprego divulgados ontem, que continuam a evidenciar que há muitas pessoas sem emprego no país.
O índice completo, tem perspectiva de acelerar 0,3% ao mês em agosto ante 0,6% de julho. Ao ano, a perspectiva é de que o indicador alcance 1,2% de elevação, contra 1,0% em julho.
O núcleo, também deve ter comportamento análogo, sando de 0,6% e indo para 0,2% em agosto e se mantendo em 1,6% ao ano.
O departamento de agricultura dos Estados Unidos divulgará o seu relatório de Estimativas de Oferta e Demanda Agrícola Mundial (WASDE).
O relatório apresenta as previsões para os principais fornecedores e demandantes de produtos agrícolas do mundo como soja, algodão, proteínas e açúcar.
Haja vista o aumento da demanda por produtos agrícolas de alguns países, principalmente da China, por conta da queda do retorno da economia e diminuição dos temores do covid-19, podem aumentar a demanda por parte de tais produtos, conforme vem ocorrendo.
Sobre os preços, o enfraquecimento do dólar frente as outras moedas, fizeram commodities em geral subirem, mas começou a subir em setembro, após os temores de deflação na Europa.
O Tesouro Americano, divulgará o Balanço Orçamentário dos Estados Unidos, a evidenciar a trajetória das contas públicas do país.
A expectativa do mercado é de que o déficit das contas americanas seja ampliado saindo de US$ -63,0 Bilhões em julho para US$ -245,0 Bilhões em agosto.
O aprofundamento do déficit se deve às medidas realizadas e esperadas devido o aumento dos gastos para contar os efeitos do covid-19.
Com o nível de desemprego elevado e sem a renda nos patamares anteriores, a tendência é de avanço dos déficits por enquanto.
Por fim, a Baker Hughes, divulgará o número de sondas de petróleo em atividade em solo americano.
Após os dados dos estoques de petróleo avançando na última semana, existe a possibilidade de que as sondas tivessem aumento de suas operações.
Todavia, pensando para a próxima semana, após os preços da commodity ter caído, para as próximas, há possibilidade de diminuição nas operações.
Na Europa, os principais dados são relativos à Alemanha e ao Reino Unido. Como se trata de importantes economias do continente, os números podem contribuir para a formação nas expectativas e de preços de ativos ao longo do pregão de hoje (11).
Começando pela Alemanha, a agência Destatis publicará o seu relatório de inflação para o país.
Após Lagarde, informar que a deflação continua a ser um ponto de preocupação, a presidente da entidade acredita que os preços podem se recuperar em um segundo momento.
Outro fator dentro da Zona do Euro que contribui para as dúvidas quanto à atividade econômica e, por consequência a queda nos preços é o retorno do covid-19 para o continente.
Assim, a o IPC mensal de agosto, apesar da expectativa de avanço em relação ao mês imediatamente anterior saindo de -0,5% e com expectativa de atingir -0,1%.
No Reino Unido a agenda estará cheia de indicadores de atividade econômica, com destaque para o PIB, Produção Industrial e Balança Comercial.
Começando pelo PIB, publicado pelo Office for National Statistics, o indicador possui perspectivas que ainda não são positivas, tendo em vista que o mercado ainda têm cuidado ao fazer suas projeções por conta dos sinais de uma segunda onda no país, as expectativas para os dados na observação anual e trimestral, contando a média de três meses, ainda são negativas.
Os números esperados pelo mercado são de queda de 21,7% contra retração de 1,7% ao ano. Ao trimestre, a queda se reduz, saído de 20,4% para 7,5%. Ao mês, há bons números, mas inferior quando comparado a junho, saindo de crescimento de 8,7% para 6,7% em julho
Os dados do PIB, vão em linha com a produção industrial, divulgada pela mesma agência.
Para a produção industrial total, ao mês espera-se que o indicador saia de 9,3% para avançar 4,0%. Desconsiderando serviços públicos, os agentes esperaram que a produção industrial tenha avanço de 5,0% em julho, contra 11,0% em junho.
Por fim, será publicado os dados da balança comercial de julho. Tendo em vista a queda na renda externa e os impasses em torno do Brexit, há perspectivas que o déficit da balança comercial saia de £ -5,12 Bilhões para £ -6,9 Bilhões.
Após divulgação da inflação no na quarta-feira (09) e do varejo ontem (10), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgará os dados do setor de serviços.
Como o setor de serviços tende a levar mais tempo para se recuperar, haja vista que a elasticidade renda da demanda por parte dos agentes em relação ao mercado é menos sensível e por também depender da evolução dos demais setores.
No entanto, como os dados de junho superaram as expectativas, o mercado espera avanço em julho, mesmo que de forma mais modesta, de acordo com o varejo e demais dados de atividade econômica.
Ao mês, a expectativa é de que o indicador alcance elevação de 3,1%, contra 5,0% em junho. Ao ano, a retração deve sair de -12% para -10,4%.