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Impactos na Petrobras, entenda o que está acontecendo

Written by Nova Futura | 12/03/2020 03:00:00

Essa semana foi marcada por instabilidade e fortes Impactos na Petrobras. A estatal é uma das principais empresas do ramo de petróleo do mundo, por isso, sofre impacto de variação nos preços da commodity.

No entanto, a demanda global por petróleo já vinha em queda desde o fortalecimento do surto de coronavírus em fevereiro. Então, a economia já mostrava sinais de crescimento abaixo do esperado. O surto da doença acabou por piorar a situação, pois com o risco de desaceleração da China maior exportador/importador e produtor do mundo, o restante da economia mundial também fica enfraquecida.

Sendo assim, quanto menos a economia cresce, menor é a demanda por petróleo, dado que toda indústria que usa a commodity como matéria prima ou seus derivados como insumo para produzir seus bens, acaba tendo suas atividades reduzidas, pressionando os preços internacionais do petróleo para baixo.

Assim, com esse cenário, o petróleo WTI saiu de US$ 63,95 o barril no dia 5 de janeiro, para US$ 47,13 em 5 de março, um pouco antes das tensões entre os membros da OPEP e Rússia.

Previamente ao choque entre sauditas e russos e o agravamento do coronavírus para além da China, a ação mais negociada da empresa (PETR4) vinha com bom desempenho, chegando a ser contada a R$ 30,55 em 19 de fevereiro. Contudo, o avanço do covid-19 e a queda nas expectativas dos agentes, no que diz respeito ao crescimento econômico devido aos impactos do vírus, fizeram o papel cair para R$ 26,89 em 4 de março.

Avanço do vírus

Ademais os problemas decorrentes ao avanço do vírus, as discussões entre os membros da OPEP+, em especial sauditas e russos, desencadeou mais um choque sistêmico. Por consequência levou os mercados em todo mundo para baixo, especialmente empresas ligadas ao mercado de petróleo.

A resistência de Moscou em reduzir a produção de petróleo levou os sauditas a revidarem, anunciando forte aumento em sua produção.

A intenção dos Sauditas era manter o nível de preços, porém os Russos não aceitaram a proposta, pois queriam se beneficiar de uma alta produção e pressionar os produtores que operam em campo de xisto. Diferente do que estava em negociação até o final de fevereiro.

Com isso, na segunda-feira (09) as cotações de petróleo tiveram a maior redução diária desde a Guerra do Golfo, em 1991, caindo mais de 20%. Assim, gerando os grandes impactos na Petrobras.

Entre o dia 4 e 9 de março, período entre as discussões entre Rússia e Arábia e a declaração de conflito entre os dois países, houve desvalorização de 40,31% na principal ação da empresa:

Fonte: Nova Futura/Investing

Ações e impactos na Petrobras

As ações preferencias da Petrobras (PETR4) acumularam queda de 29,70%, uma vez que as ações ordinárias (PETR3) tiveram perda de 29,68%. O movimento foi análogo com outros grandes players mundiais. As americanas Chevron e Exxon Mobil, caíram 15,37% e 12,22% respectivamente. A francesa Total teve perdas de 16,61%. A britânica Shell, teve queda de 17,17% em suas ADR’s negociadas em Nova York. A russa Gazprom derreteu 13,61% em Moscou.

As ações da Petrobras tiveram maior queda em relação às demais, porque o Brasil possui classificação de risco diferente em relação as economias avançadas, pois é um emergente, apresentando maiores níveis de risco. Assim, em momentos de pânico, como o ocorrido na segunda-feira (09), os ativos brasileiros, de modo geral, amargam quedas maiores quando comparados com ativos do exterior.

Apesar de todo risco inerente à Petrobras, por conta de sua exposição ao ciclo econômico, preço das commodities e até mesmo risco político, a empresa possui bons fundamentos. Sendo assim uma oportunidade de longo prazo.

De acordo com o que foi dito anteriormente, a empresa registrou resultado recorde em 2019, somando lucro de 40,9 bilhões no acumulado do ano passado e 8,15 bilhões no quarto trimestre de 2019.

Aumento no EBITDA

Por conta do ganho de eficiência na produção, a estatal brasileira teve aumento de 32,6% no EBITDA. Assim, a empresa consegue obter mais lucros com suas operações. O indicador contribui para uma métrica que ajuda a compreender como a empresa está gerindo seu débito. A Dívida líquida/EBITDA vem caindo, mostrando que a Petrobras consegue pagar as despesas com a sua produção.

Fonte: Nova Futura/Economática

O retorno sobre o patrimônio líquido (Return on equity), indicador que mostra o quanto de retorno é gerado pela empresa a partir do capital nela investido e de seus recursos próprios vem sendo muito positivo para Petrobras. A empresa mostra tendência de alta no indicador, o que é muito positivo para o investidor de PETR4:

Fonte: Nova Futura/Economática

Esses são uns dos indicadores que mostram consistência e rentabilidade da empresa, um fator que também deve ser levado em consideração ao tomar uma decisão de investimento em ações de uma empresa.

Outro fator que também deve ser levado em conta para o investidor sobre os impactos da Petrobras, é a análise conjuntural, pois ela leva em conta o perfil do negócio da empresa, como ela se comporta mediante aos choques e qual é a natureza do choque.

Impactos na Petrobras e preços do petróleo

Historicamente, a média de preços do petróleo fica entre US$ 30,00 e US$ 60,00. Assim, para que os preços da commodity fique abaixo dos US$ 30,00, seria necessário um choque tecnológico que barateasse consideravelmente a extração de petróleo ou o colapso da OPEP. Deste modo, a queda recente no preço do petróleo é transitória, análogo aos evidenciados anteriormente ao longo da trajetória recente deste mercado, havendo sempre recuperação.

Esses choques transitórios não afetam a empresa no longo prazo, pois sua forma de extração é feita offshore (em campos no mar) ou onshore (em terra) e isso traz resistência ao negócio no longo prazo, dado que as plataformas de exploração dos grandes campos de petróleo alcançam o seu limite de produção de 10 a 20 anos.

Já as empresas que fazem sua extração em campos de xisto, são muito mais sensíveis à volatilidade nos preços da commodity, ao longo do tempo, pois a vida útil do campo de xisto dura, em média, 2 anos.

Fonte: Investing

Em conclusão, é possível que outras empresas sofram como os impactos na Petrobras, porém a companhia enfrentará isso ao longo do tempo.

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