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Expectativas com dados dos Estados Unidos, inflação e balanços | Nova Futura

Written by Nova Futura | 28/04/2020 03:00:00

Ontem (27), foi um dia de bom humor para os mercados ao redor do mundo, com as bolsas americanas a refletir as expectativas dos agentes quanto à reabertura da economia dos Estados Unidos, mais especificamente no Alaska, Georgia, Carolina do Sul, Tennessee e Texas, onde até restaurantes e alguns estabelecimentos estão voltando a funcionar. A abertura, juntamente com a fala de Steven Mnuchin no domingo (26), informando que a economia voltará a crescer após a reabertura, fez com que os agentes tivessem perspectivas positivas quanto ao futuro, as quais foram refletidas no mercado de ações.

Assim, o Dow Jones liderou as altas nos EUA, com elevação de 1,51%. O S&P 500 teve ganhos de 1,47% e a Nasdaq de 1,11%. O VIX, com a melhora das expectativas dos agentes em relação à economia americana, escalou nova queda. O indicador de risco teve retração de 7,35%, alcançando 33,29 pontos.

Na Europa, o desempenho dos principais mercados não foram diferentes do observado nos Estados Unidos. Os investidores ficaram empolgados com a esperança de alívio do isolamento social, com alguns países já demonstrando implantar uma agenda gradual, como a Itália que a partir de 4 de maio reabrirá a sua economia, permitindo que os negócios sejam retomados.

Apesar de perspectivas ruins para os dados econômicos, há expectativa de estímulos por parte dos governos e das reuniões do FED e do BCE (Banco Central Europeu), com mais medidas de estímulo econômico.

Dado o cenário acima, Frankfurt liderou as altas, com ganhos de 3,13%, seguida por Milão que com 3,09% de ganho. Paris subiu 2,55%, Madrid teve elevação de 1,78% e Londres, com expectativas positivas após o primeiro ministro Boris Johnson voltar às suas atividades, acumulou alta de 1,64%.

As altas acima dos trópicos só não foram mais contundentes por conta da retração nos preços do petróleo, interrompendo a recuperação da semana passada. Apesar de ser um fato negativo, o mercado espera que a commodity ainda levará tempo para retomar seus preços, por conta do nível de oferta elevado ainda existente na economia e da demanda que ainda não se recuperou.

Desse modo, o petróleo Brent teve retração de 6,76% fechando a sessão cotado a US$ 19,99 e a referência WTI derreteu 24,56% cotado US$ 12,78 o barril ao fim do dia.

No Brasil, o que outrora trouxe forte perdas, ontem (27) gerou ânimo ao mercado. A cena política, mais uma vez foi protagonista na bolsa de valores de São Paulo.

Após a saída de Sérgio Moro e especulação quanto à saída de Paulo Guedes do ministério da economia, por conta de uma certa insatisfação no que diz respeito ao Plano Pró-Brasil apresentado pelo general Walter Braga Netto, fez com que muitos agentes e a mídia especulasse mais uma ruptura no governo de Bolsonaro.

Da mesma forma que Moro representava estabilidade jurídica e, de certa forma, “moral” para o governo Bolsonaro, Guedes é símbolo de estabilidade econômica, haja vista que o economista apoia medidas de restrição fiscal e de reformas que rebaixam o risco percebido em relação ao Brasil.

Assim, com o alívio da notícia, o principal índice da B3, o Ibovespa, somou ganhos de 3,86%, alcançando 78.238,60 pontos.

Apesar das negociações positivas entre o presidente e Centrão, com concessão do comando do Banco do Nordeste, o grupo político ainda se mostra com tendenciosos ao Plano Pró-Brasil, mesmo que isso custe a saída do ministro Paulo Guedes.

Tal incerteza gera elevação do risco percebido em relação ao país que se traduz na elevação da taxa de câmbio. O dólar comercial fechou o dia com elevação de 1,12% cotado a R$ 5,65.

EUA: varejo, contas externas, imóveis, consumo, atividade econômica e petróleo

Hoje (28), haverá a divulgação de muitos dados econômicos nos Estados Unidos, a afirmar os efeitos da crise do covid-19 na economia, além dos balanços de grandes empresas que também serão divulgados. O Census Bureau divulgará a prévia da balança comercial e o Nível de Estoques do Varejo.

O nível de estoques com exceção dos veículos, tende a ter leve aumento de acordo com as expectativas do mercado, pois a retração econômica que já vinha mostrando seus efeitos por intermédio de outros indicadores econômicos antecedentes, principalmente no que diz respeito ao consumo.

Por outro lado, com a esperança de reabertura da economia, alguns empresários do setor podem ter aumentado um pouco os estoques, esperando uma leve elevação consumo. Todavia, segundo especialistas como Richard Thaler, possivelmente, os consumidores mesmo após a abertura da economia ou, até mesmo recuperação econômica, tenderão a ficar mais avessos a gastar, sem comprometer sua renda no curto prazo.

A instituição também divulgará a prévia da Balança Comercial, mostrando o caminho da contas externas americanas. Na última divulgação, a balança comercial registrara US$ 59.885 bilhões de déficit e as expectativas do mercado para a balança de março de US$ 62.670 bilhões de déficit. O aumento do déficit se deve às quedas nas exportações por conta do retração econômica mundial. No entanto, também pode haver retração nas importações, uma vez que a renda americana também está em queda.

Todavia, a renda dos demais países podem cair fortemente, tendo em vista que os maiores importados dos Estados Unidos são vizinhos da América do Norte, Canadá e México, seguidos por China, Japão, Reino Unido, Alemanha e Coréia do Sul. Tais países também sofreram fortemente com crise, de modo que suas importações também tivessem retração.

No que diz respeito ao consumo, o Coference Board divulgará índice de confiança do consumidor em relação ao mês de abril. A Redbook Research Inc. também publicará um indicador importante de atividade econômica.

Também focado no setor varejista, é mais um indicador que pode conduzir as expectativas em relação ao comércio e, por consequência, à economia. O indicador nas últimas observações, registrou quedas contundentes de 2,0% em 21/04 e -6,9% em 28/04 na perspectiva anual e de -8,3% e -10,6% respectivamente na perspectiva mensal.

Da mesma maneira que o consumo impacta forte mente no índice de confiança do consumidor do Conforence Board e o do índice de Estoques do Varejo do Census Bureau, essa varável impacta fortemente o indicar Redbook.

As unidades do FED de Richmond e de Dallas divulgarão seus níveis de atividade industrial e de serviços. Apesar de não serem relacionados à atividade da economia americana como um todo, tais dados são importantes para ter uma prévia do desempenho da economia americana.

O índice de atividade industrial de Richmond, pelas perspectivas do mercado, deve ter retração de 6 pontos contra 2 pontos registrados na última observação. Já o indicador do setor de serviços deve ter elevação, saindo de 1 ponto e, segundo as expectativas, atingindo 13 pontos.

Já para o FED de Dallas, o que se espera é uma diminuição da desaceleração, saindo de -78,8 para -68,4 pontos. Quanto ao setor de serviços, em Dallas, é feito um indicador de receitas do setor de serviços e também se espera diminuição da queda, de modo que o indicador saia de -67 para -35,4 pontos.

Para o petróleo, será publicado pelo American Petroleum Institute (API), o estoque de petróleo bruto. Na última observação foram registrados números elevados nos estoques da commodity, mesmo que com retração. Todavia, ainda há a possibilidade dos estoques estarem em níveis elevados, haja vista a queda na demanda global.

Hoje também será um dia com divulgação de resultados de empresas importantes como Ford Motors, 3M, Harley-Davidson, Pfizer, Pepsico, S&P Global e UBS.

Brasil: inflação e balanços

No Brasil, o dia não possui uma agenda muito extensa de indicadores econômicos. No entanto, muitos balanços serão divulgados.

No que diz respeito dado que conjuntura do dia, o IBGE divulgará o IPCA-15 (Índice de preços ao consumidor amplo contabilizado com a contagem de 15 dias). O indicador mostra o aumento do custo de vida das famílias, isto é, a variação dos preços para famílias que recebem de 1 a 40 salários mínimos.

A expectativa do mercado é de que o indicador tenha elevação, tanto na perspectiva mensal saindo de 0,02% para 0,06% e na perspectiva anual, de 3,67% para 3,71%.

A elevação dos preços, caso ocorra, pode ser explicada pelo aumento na demanda por remédios e pelo aumento nos preços dos alimentos, tendo em vista o aumento da demanda ao longo do isolamento social.

Quanto às empresas que divulgarão seus resultados, serão publicados os balanços de Romi SA (ROMI3), Minerva Foods (BEEF3), Vale (VALE3), Localiza (RENT3), Raia Drogasil (RADL3), Santander (SANB11), Smiles (SMLS3) e Cielo (CIEL3).