Ontem (29), os mercados fecharam em alta devido as expectativas positivas dos agentes em relação à abertura da economia dos Estados Unidos e da Europa.
Nos Estados Unidos, a animação foi com mais um anúncio da empresa Gilead Sciences, afirmando que as pesquisas em torno do remédio remdesivir podem ter bons resultados, de acordo com a reação dos pacientes infectados pelo covid-19, que receberam o tratamento com o fármaco.
Apesar do resultado negativo do PIB americano, em 4,9% no primeiro trimestre desse ano e com o anúncio cauteloso do presidente do FED, Jerome Powell, a mostrar preocupação com a economia americana no curto e médio, as bolsas do país continuaram a ter bom desempenho, confiando em bom retorno dos negócios após a abertura e nos possíveis resultados do medicamento da Gilead.
Tendo em vista tal cenário, a Nasdaq liderou os ganhos, com destaque para empresas de tecnologia como Microsoft e Tesla, a acelerar 3,57%. O S&P 500 se elevou 2,66% e o Dow Jones teve ganhos de 2,21%. O VIX caiu fortemente, desacelerando 6,97%, a atingir os 31,23 pontos.
Ainda no hemisfério norte, as bolsas Europeias também tiveram um bom desempenho, escalando a terceira alta consecutiva.
As expectativas quanto à reabertura econômica e flexibilização das regras de isolamento social em países como Itália, Espanha, Alemanha e França continuam a ditar o ânimo dos agentes, não obstante os dados de conjuntura econômica ruins.
Com tal cenário, Madrid liderou o rali de ontem (29), com ganhos de 3,21%, seguida por Frankfurt (+2,89%). Londres teve ganhos de 2,63%. Paris e Milão fecharam a sessão com alta de 2,22% e 2,21% respectivamente.
Em terra tupiniquins, o mercado não deu atenção aos acontecimentos negativos da política, com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, barrar a nomeação de Alexandre Ramagem a diretor da polícia federal.
O foco dos agentes ficaram nas expectativas em relação à reabertura da economia e aos resultados positivos, acima da expectativas publicado por algumas empresas como Vale e Minerva Foods após o pregão.
Desse modo, o principal índice da B3 fechou o dia com ganhos 2,29%, a atingir os 83.170,80 pontos. O dólar resistiu o risco político e fechou quase no zero a zero, com retração de 0,02%, finalizando a sessão em R$ 5,3361.
O petróleo, após dados de estoques abaixo das expectativas nos Estados Unidos, a commodity fechou o dia em elevação de 22,04% na referência WTI sendo cotado a US$ 15,06 e o petróleo Brent fechou o dia US$ 22,54, com ganhos de 10,16%.
Hoje (30), os Estados Unidos terá mais um dia de agenda cheia. Um dos dados mais esperados pelo mercado são referentes ao mercado de trabalho. O Departamento do Trabalho americano divulgará os Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego, indicador que vinha registrando dados elevados por conta da crise ocasionada pelas medidas de contenção ao covid-19.
Após 4,427 milhões de pedidos pelo benefício, o mercado espera queda na demanda pela ajuda governamental, com pedidos na ordem de 3,500 milhões de pedidos.
Apesar da queda, o número continua elevado. No entanto, caso as expectativas referentes à abertura da economia por parte do mercado se confirmem, haverá no indicador, porém de forma suave.
Outro dado do referente ao mercado de trabalho, mas divulgado pelo Bureau of Statistics. A agência divulgará o custo do emprego, isto é, da mão-de-obra para o trimestre. A variação deve ser baixa em 0,6% contra 0,7% da última observação. Como a demanda por trabalho caiu, tais custos devem continuar em níveos baixos.
Quanto aos preços e consumo pessoal, serão divulgados a variação de gastos pessoais e o índice de preços para gastos de consumo pessoal. Devido à redução na renda das famílias, os gastos tendem a cair. Assim, tanto o Índice de Gastos Pessoais, quanto o PCE (Índice de Variação dos Preços dos Gastos Pessoais tendem). O mercado espera que os gastos pessoais tenha queda de 0,5% e PCE tenha aceleração de 1,6% em março contra 1,8% observado no mês anterior.
Em Chicago, a agência de pesquisas ISM divulgará o PMI de abril para a região no mês de abril. Assim, o mercado espera que o indicador tenha queda saindo de 47,8 e atingindo 38,0 no mês de abril. A perspectiva negativa é decorrente da crise gerada pelos efeitos do novo coronavírus na economia.
Começando pela principal economia da Zona do Euro, a Alemanha, terá como destaque os relatórios disponibilizados pela agência Destatis. A instituição divulgará a variação nas vendas do varejo para março. Visto a queda no consumo das famílias decorrente da crise do covid-19 que ainda estava forte no mês referenciado (março), o mercado espera retração forte.
As expectativas dos agentes sinalizam desaceleração de 7,3% nas vendas do setor varejista, conta elevação de 1,2% no mês de fevereiro. O desemprego, decorrente da diminuição dos postos de trabalho, tendem a se elevar.
O mercado acredita que o relatório da Destatis para a taxa de desemprego tenha elevação de 5% para 5,2% para o mês de abril.
Já para Zona do Euro, espera-se inflação próxima de zero. Assim como na retração das vendas do varejo por conta da queda na demanda por bens e serviços a inflação também tende a ter contração. A esperança do mercado é de inflação mensal de 0,1% em abril, contra 0,7% em março.
Ainda para o bloco, a Eurostat divulgará PIB trimestral do bloco a evidenciar de forma mais contundente o desempenho da economia europeia.
Tendo em vista os indicadores antecedentes como PMI, dados de consumo, produção e contas externas, os agentes aguardam queda de 3,2% no PIB do bloco econômico. O dado é importante para sinalizar aos formuladores de política econômica a quais medidas devem continuar a ser tomadas contra a crise econômica.
Por fim, mas não menos importante, o BCE (Banco Central Europeu) informará suas perspectivas quanto a economia da Zona do Euro e quais políticas serão adotadas para conter os impactos do coronavírus.
Apesar das economias europeias já estarem se planejando para a reabertura econômica, a crise ainda gerará resultados profundos na economia, os quais precisarão ser acompanhados de perto.
No Brasil, o Tesouro nacional divulgará os dados referentes as contas públicas. Devido à ampliação dos gastos com medidas para tentar conter os efeitos do covid-19, o mercado espera que o balanço orçamentário tenha resultado negativo com prejuízo de R$ 66 bilhões. Ao considerar o Superávit, o mercado também espera retração, em R$ 24,8 bilhões de prejuízo público.
Expectativas em relação às contas públicas estão em queda, devido o aumento dos gastos emergenciais para conter os impactos advindos do covid-19 e à retração nas receitas provenientes da queda na renda das famílias queda na atividade empresarial.
Quanto ao mercado de trabalho, espera-se elevação de 70 milhões de novos desempregados devido ao fechamento de postos de trabalho. Assim, a taxa de desemprego também deve sair dos 11,6% e alcançar níveis mais altos.
A expectativa do mercado é de elevação para 11,8%, mas a depender da profundidade dos efeitos da crise ocasionada pelo vírus na economia brasileira, o dado pode ter elevação mais contundente.
Quanto aos preços, o IBGE divulgará o IPP (índice de preços ao produtor). Com o aumento do desemprego, há retração na renda das famílias e, com isso, queda na demanda por bens e serviços, a qual faz com que as empresas não consigam passar os custos de produção para os preços de venda e, com isso, as mesas param de produzir.
A redução na produção faz com que a demanda por produtos dos fornecedores também caia de modo que os preços percebidos pelos produtores tenham queda. No entanto, o aumento dos preços de alimentos e a desvalorização do real frente ao dólar pode trazer elevação para o índice, mesmo que permaneça em patamares baixos.