A temporada de balanços segue a todo vapor nesta terça-feira, com destaque para os números de Eletrobras, que reverteu o prejuízo obtido no terceiro trimestre de 2018 (de R$ 2,26 bilhões) e registrou lucro líquido de R$ 716 milhões no terceiro trimestre de 2019. Considerando o resultado das operações continuadas, ou seja, sem contar o desempenho do segmento das empresas de distribuição, que foram vendidas, esses ganhos reverteram as perdas de R$ 1,248 bilhão. Além disso, Embraer também divulgou seu resultado há pouco. Entre outros destaques, fique de olho em Magazine Luiza, IRB, Itaúsa, Cosan, Marfrig, AES Tietê e empresas de educação.
A Eletrobras destacou que o resultado foi influenciado pelo aumento da receita na Amazonas GT em R$ 469 milhões com o início de fornecimento do contrato de comercialização de energia da usina termoelétrica Mauá 3 e o recebimento de receita adicional por investimentos em melhorias nas hidrelétricas que operam sob o regime de cotas (GAG Melhoria), de R$ 250 milhões. A Eletrobras destacou, ainda, a redução de suas despesas operacionais recorrentes com pessoal, materiais, serviços de terceiros e outros (PMSO), em 17%.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia somou R$ 2,76 bilhões, montante 303% maior que o reportado em igual etapa de 2018. A margem Ebitda cresceu 28 pontos porcentuais, passando de 10% para 38%. Além disso, a empresa anotou provisões operacionais totais de R$ R$ 1,092 bilhões no terceiro trimestre deste ano. O montante, porém, é 57,6% menor em relação aos R$ 2,578 bilhões registrados em igual etapa de 2018.
Embraer
A Embraer registrou prejuízo líquido atribuído aos acionistas de R$ 314,4 milhões no terceiro trimestre deste ano. O valor é 501,1% maior que os R$ 52,3 milhões reportados em igual período de 2018. Já pelo critério ajustado, a companhia contabilizou prejuízo líquido de R$ 191,7 milhões, ante perda de R$ 73,8 milhões reportada um ano antes. Esse parâmetro exclui o imposto de renda e contribuição social diferidos no período.
O Ebitda totalizou R$ 75,0 milhões entre julho e setembro, queda de 83,1% frente aos R$ 444,2 milhões registrados um ano antes. A margem Ebitda, por sua vez, ficou em 1,6%, contração de 8,0 pontos porcentuais (p.p.) sobre o terceiro trimestre de 2018.
Sobre o desempenho de suas operações no período, a companhia atribuiu a redução no Ebit e na margem Ebit a quedas de rentabilidade na Aviação Comercial (mix de entregas menos favorável), Defesa & Segurança (revisões da base de custos no contrato de desenvolvimento do KC-390) e Serviços & Suporte (queda de receita em peças sobressalentes e materiais). Porém, a empresa afirma que essa piora foi compensada por maior rentabilidade na Aviação Executiva, devido a receitas mais altas e diminuição nas despesas administrativas e comerciais.
A Embraer destaca ainda que, no trimestre, observou elevação das “outras receitas (despesas) operacionais líquidas”, principalmente em virtude dos custos de separação relacionados à parceria estratégica com a Boeing. Entre julho e setembro, a fabricante entregou 17 aeronaves comerciais e 27 executivas (15 jatos leves e 12 grandes), comparado aos 15 jatos comerciais e 24 executivos (17 leves e sete grandes) entregues um ano antes. Ao final do trimestre, a carteira de pedidos firmes atingiu US$ 16,2 bilhões, contra US$ 16,9 bilhões no segundo trimestre deste ano e US$ 13,6 bilhões no terceiro trimestre de 2018.
BR Distribuidora
A BR Distribuidora encerrou o terceiro trimestre de 2019 com lucro líquido de R$ 1,336 bilhão, alta de 23,9% sobre o mesmo período do ano passado. Em nove meses, o lucro da companhia soma R$ 2,115 bilhões, alta de 33,2%. O Ebitda recuou 60,4% no trimestre e somou R$ 602 milhões. O Ebitda ajustado foi de R$ 771 milhões, alta de 22,1%, o que gerou uma margem de 2,4%, ante 3,2% no terceiro trimestre de 2018.
A estratégia da BR Distribuidora de elevar suas vendas está surtindo efeito no terceiro trimestre deste ano. A companhia apresentou volume de vendas na rede de postos 0,8% maior na comparação com o terceiro trimestre de 2018, para 5,754 milhões de metros cúbicos. A empresa, entretanto, perdeu 0,4 ponto porcentual no market share na comparação trimestral, em razão do seu reposicionamento de margens no diesel e no etanol.
A companhia fechou em setembro com alavancagem medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda de 0,8 vez, queda na comparação com o 1,5 vez reportado no fim de igual período em 2018.
Para os analistas da Eleven Financial Diana Stuhlberger e Bianca Passerini, as iniciativas da empresa para cortar custos e melhorar sua estratégia de precificação deverão gerar ganhos de eficiência nos próximos anos, mas “ainda assim, o desempenho do terceiro trimestre mostra que não está sendo fácil para a companhia recuperar a participação de mercado perdida”.
IRB Brasil Re
Ao menos o ressegurador IRB Brasil Re, a francesa CNP, a japonesa Tokio Marine e a BB Seguridade estão na disputa final do ramo de seguro habitacional da Caixa Seguridade, que concentra os negócios securitários do banco público, conforme informou a Coluna do Broadcast. O prazo para envio da oferta não-vinculante, que serve de passaporte para arrematar o ativo, terminou ontem. O passo é fundamental para a Caixa Seguridade colocar os pés na bolsa, o que é esperado para o início do ano que vem, possivelmente em fevereiro.
Considerado a ‘joia da coroa’, o seguro habitacional tende a ser um dos ramos mais disputados da companhia devido ao volume de negócios em questão, considerando que a Caixa Econômica Federal é líder em financiamento imobiliário, com quase 70% deste mercado. O IRB deve disputar o ativo ao lado de um ressegurador internacional. Os demais players estão na batalha sozinhos.
Magazine Luiza
A demanda pela nova emissão de ações (follow on) do Magazine Luiza superou em mais de duas vezes o total oferecido e pode ultrapassar os R$ 5 bilhões, apurou a Coluna do Broadcast. Em geral, os investidores estão fazendo seus pedidos pagando valor de mercado, ou seja, dispostos a pagar o preço do papel negociado em bolsa, sem desconto. Isso não acontece, em geral, em ofertas subsequentes, como é o caso.
Além disso, desde que lançou a operação, no dia 30 de outubro, a ação também não caiu, movimento comum em follow ons. O papel do Magazine Luiza será precificado hoje, quando se encerra o período de reuniões com investidores, o chamado roadshow.
Com a demanda até o momento, o lote adicional, com 30 milhões de ações, deverá ser vendido aos investidores. Com isso, a oferta passará a ter uma parcela secundária, com a venda de 20 milhões de ações da família Trajano, o que pode somar algo próximo de R$ 900 milhões. Procurado, o Magazine Luiza não comentou.
Itaúsa
A companhia Itaúsa reportou lucro líquido de R$ 1,958 bilhão no terceiro trimestre de 2019. O valor representa queda de 28,04% na comparação com o lucro líquido de R$ 2,721 bilhões de igual período do ano anterior.
Marfrig
A Marfrig Global Foods reportou lucro líquido de R$ 100,358 milhões atribuído ao controlador das operações continuadas no terceiro trimestre de 2019. O resultado reverte o prejuízo líquido de R$ 126 milhões registrado um ano antes.
Além disso, a companhia Marfrig reportou lucro líquido de R$ 640,994 milhões no terceiro trimestre de 2019. O valor representa alta de 104,4% na comparação com o lucro líquido de R$ 313,596 milhões de igual período do ano anterior. O Ebitda ajustado foi de R$ 1,5 bilhão no terceiro trimestre, aumento de 28,6% no comparativo anual.
Cosan
A Cosan registrou lucro líquido de R$ 818,9 milhões no terceiro trimestre de 2019, 18 vezes superior ao lucro R$ 43,9 milhões de igual período de 2018. O período, entre julho e setembro deste ano, corresponde ao segundo trimestre da safra 2019/2020 de cana-de-açúcar, um dos principais ramos de atividade da companhia. A Cosan relatou lucro ajustado proforma de R$ 460,8 milhões, ante lucro proforma de R$ 172,9 milhões no terceiro trimestre de 2018.
O Ebitda da Cosan somou R$ 2,188 bilhões no terceiro trimestre de 2019, contra R$ 930,8 milhões no mesmo trimestre de 2018, alta de 134%. O Ebitda ajustado proforma atingiu R$ 1,564 bilhão, alta de 29,7% na mesma base de comparação.
A Cosan revisou para baixo, em seu balanço do segundo trimestre de 2019, o guidance anual de Ebitda da Raízen Combustíveis Brasil e da Raízen Argentina. No mesmo documento, a companhia elevou o guidance de Ebitda da Moove, divisão de lubrificantes, óleos básicos e especialidades.
Segundo a companhia, o Ebitda da Raízen Combustíveis Brasil passa de um intervalo entre R$ 2,900 bilhões a R$ 3,200 bilhões, para entre R$ 2,750 bilhões e R$ 2,950 bilhões em 2019, “refletindo a revisão das projeções de crescimento econômico (PIB) para o País, que afeta diretamente o consumo de combustíveis”.
São Martinho
O Grupo São Martinho reportou lucro líquido de R$ 61,982 milhões no segundo trimestre do ano-safra 2019/2020, encerrado em 30 de setembro. O resultado é 5,9% maior do que o registrado em igual período da temporada 2018/2019, de R$ 58,542 milhões. O Ebitda da companhia sucroenergética cresceu 31,6% na mesma comparação trimestral, para R$ 407,946 milhões, e o Ebitda ajustado avançou 22,6%, para R$ 387,858 milhões.
Yduqs e Anima
A Yduqs, ex-Estácio Participações, reportou lucro líquido de R$ 152,511 milhões no terceiro trimestre de 2019, queda de 21,52% na comparação com o mesmo período de 2018. O Ebitda ajustado do período chegou a R$ 343,9 milhões, já contabilizando os ajustes da norma contábil IFRS 16. O valor representa alta de 21,6% em relação ao terceiro trimestre do ano passado. Excluindo os efeitos do IFRS 16, o Ebitda ajustado chegou a R$ 289,6 milhões, alta de 2,4%.
Já a Anima Holding registrou prejuízo líquido de R$ 2,472 milhões no terceiro trimestre de 2019, redução de 85,16% em relação ao terceiro trimestre de 2018. O Ebitda ajustado, sem considerar os efeitos da norma IFRS-16 mas já considerando a aquisição da Ages, chegou a R$ 52,4 milhões, aumento de 29,5%. A margem Ebitda ficou em 17,8%, 2 p.p. maior que no terceiro trimestre do ano passado. O Ebitda considerando os efeitos do IFRS somou R$ 78,1 milhões, o que representa margem de 26,6%.
Sanepar
A Sanepar registrou lucro líquido de R$ 243,6 milhões no terceiro trimestre de 2019, resultado 84,5% acima do reportado no mesmo período do ano passado. Segundo a companhia de saneamento paranaense, esse desempenho decorre principalmente do crescimento da receita líquida e da base comparativa mais baixa do terceiro trimestre de 2018. O Ebitda totalizou R$ 485,7 milhões no período, um incremento de 36,1%, com uma margem de 41,0% (+6,8 pontos porcentuais).
Rumo
A Rumo teve lucro líquido de R$ 369 milhões no terceiro trimestre, montante 61,2% maior que o reportado em igual intervalo de 2018. No mesmo período, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia subiu 18,5%, para R$ 1,206 bilhão, enquanto a margem Ebitda ficou em 58,6% (+4,4 pontos porcentuais).
CPFL Renováveis
A CPFL Renováveis fechou o terceiro trimestre com lucro líquido de R$ 123,887 milhões, alta de 2,3% ante o mesmo período de 2018. O Ebitda somou R$ 384,201 milhões entre julho e setembro, valor 10% menor que o verificado um ano antes.
AES Tietê
A AES Tietê fechou com a Unipar Carbocloro acordo para a formação de uma joint venture para a geração de energia eólica. O projeto terá 155 MW de capacidade eólica instalada, equivalentes a 78 MW médios de energia assegurada a P50, sendo que 60 MW médios serão comercializados por meio de um contrato com prazo de 20 anos, com início de vigência em 2023.
Após o fechamento do negócio, será dado início à construção do parque eólico, a ser localizado em pipeline greenfield cujos direitos hoje pertencem à AES Tietê, localizado nos municípios de Tucano, Biritinga e Araci, no Estado da Bahia. As partes estimam que o início de construção será em 2021 e que o investimento será de R$ 4 milhões/MW instalado.
PetroRio
A PetroRio divulgou seus dados operacionais preliminares de outubro. No mês passado, a companhia registrou uma produção diária de 23.081 barris de óleo equivalente (boepd), ante 20.408 boepd registrados em setembro, aumento de 13,10%. O campo com maior volume de produção foi o de Frade, com 13,577 boepd. Polvo registrou produção de 6.629 boepd e Manati, 2.875 boepd.
Outras notícias
O Itaú Unibanco Holding realizou emissões de Letras Financeiras Subordinadas Nível 2 no valor de R$ 2,3 bilhões em negociações privadas com investidores profissionais. As Letras Financeiras possuem prazo de vencimento de 9 e 10 anos com opção de recompra a partir de 2024, sujeito a prévia autorização do Banco Central.
O conselho de administração da CCR aprovou a 5ª emissão de debêntures de sua controlada Companhia de Participações em Concessões (CPC) no valor de R$ 700 milhões. A operação vai contar com a garantia fidejussória da CCR.
A emissão será feita em série única, com prazo de 12 anos, com remuneração oferecida aos investidores correspondente a 100% da taxa DI mais um prêmio de 1,50% ao ano. Além da fiança da CCR, a CPC terá que transferir 100% das ações da CCR ViaSul para uma empresa constituída para este fim, a Newco, e as ações desta nova empresa serão oferecidas em alienação fiduciária.
A BR Properties informou que o BTG Pactual, administrador do Fundo de Investimento Imobiliário VBI FL 4440, não aprovou a alienação de 50% do único imóvel de titularidade do fundo denominado “Edifício Faria Lima 4440”. A decisão foi tomada pelos cotistas do fundo em assembleia geral extraordinária ocorrida em 1º de novembro e reinstalada em 8 de novembro de 2019.
FONTE: AE BROADCAST