A sexta-feira tão aguardada pelos investidores chegou e a primeira parte dos negócios deverá ser guiada por cautela e expectativa pelo discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, às 11h (de Brasília), no simpósio anual de política monetária em Jackson Hole. Ainda assim, o noticiário corporativo segue aquecido, com o mercado acompanhando os desdobramentos de uma possível privatização da Petrobras. Além disso, as construtoras, que arrancaram ganhos significativos essa semana com as mudanças nas regras de financiamento, seguem digerindo os benefícios que poderão colher, mas analistas chamam a atenção para a possibilidade de um movimento de realização de lucros.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou ontem que é “temerário” falar na hipótese de privatizar a Petrobras até 2022, por se tratar de uma empresa de capital aberto. “Eu estive a manhã inteira de ontem com o governo e não me falaram nada de privatizar a Petrobras”, disse o parlamentar, depois de participar de evento em São Paulo.
“Falar na hipótese de privatizar uma empresa de capital aberto não parece o caminho correto. Você mexe com o valor de uma ação sem informar antes os seus acionistas e a sociedade como um todo que você pretende fazer isso”, afirmou. “No caso da Eletrobras isso foi feito, então eu tenho condições de falar”, disse o presidente da Câmara, para quem o correto, neste momento, é focar na privatização da empresa de energia elétrica.
Em relação à Eletrobras, o parlamentar ressaltou que, segundo o governo, a empresa perdeu a capacidade de investir, pois precisa fazer investimentos de R$ 16 bilhões e só tem investido R$ 3 bilhões. “Sendo verdade, e eu acredito que seja, quem perde são os brasileiros”, declarou Maia.
Ao contrário do informado pela Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), as assembleias para votar a proposta de ajuste salarial e outras questões do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) da Petrobras serão estendidas até o dia 30 de agosto, e não 21 como informaram anteriormente. O prazo inicial teve que ser estendido, segundo a FNP, por conta de tabelas de turno e embarque dos trabalhadores.
Segundo a Petrobras, “após três meses de negociações, com diversas reuniões, a Petrobras apresentou em 8 de agosto sua proposta final às entidades sindicais. Os empregados estão apreciando a proposta em diversas assembleias pelo país”, disse a Petrobras em nota.
Voltando ao exterior, a direção do que ocorrerá na economia dos EUA e global nos próximos meses poderá ser dada nesta manhã. Esta será a primeira aparição de Powell, após o corte de juros nos EUA em julho, e após o presidente americano, Donald Trump, voltar a pressionar o dirigente para novos apertos monetários. Diante disso, os investidores operam em compasso de espera e as bolsas da Europa e os futuros de Nova York operam em alta, porém próximo a estabilidade, assim como o petróleo.
Eletrobras
A Eletrobras atualizou a situação do valor de crédito cedido pela Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron) no âmbito de processo de privatização da distribuidora do Norte do País. Esses créditos são referentes à Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) da Ceron.
A estatal federal lembra que o montante líquido cedido pela Ceron foi de R$ 3,8 bilhões, em junho de 2017. Mas a liberação depende de fiscalizações feitas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que havia liberado R$ 1,6 bilhão na fiscalização referente ao período de 30 de julho de 2009 a 30 de junho de 2016.
Ontem, a Aneel soltou Nota Técnica corrigindo o valor para R$ 1,9 bilhão, por causa da adição de R$ 103 milhões referente à correção pelo IPCA, mais R$ 160 milhões por pleitos realizados pela Ceron e pela Eletrobras, que foram acatados pela Aneel.
“Quando começa a ter muita especulação tanto de venda quanto de créditos, o papel acaba subindo, mas certamente o referencial das ações hoje estarão no Powell”, destacou Pedro Galdi, analista da Mirae Asset.
Construtoras
A Taxa Referencial (TR) representa um grande risco para o sistema de crédito brasileiro, na opinião do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães. Enquanto os bancos emprestam com recursos da poupança, que tem liquidez diária, os empréstimos imobiliários tem prazo de até 30 anos e duração média de 12 a 15 anos. Esse descasamento, diz, é um risco que “ninguém quer falar”.
Apesar de admitir que o crédito imobiliário corrigido pelo IPCA tem risco, Guimarães diz que o banco está indo com cautela e estará atento para fazer ajustes no produto, lançado essa semana. Sobre a possibilidade de alta da inflação e aumento da dívida do mutuário, o executivo ressalta que a TR também pode ser elevada em uma eventual subida de preços na economia. “É um erro assumirmos que a inflação irá subir e a TR fica constante. Isso não existe”, diz o presidente da Caixa, em entrevista exclusiva ao Broadcast.
Outro ponto a ficar de olho no setor é o de baixa renda. A crise nas contas públicas gerou um gargalo na liberação de verbas para o Minha Casa Minha Vida (MCMV) que emperrou a comercialização de aproximadamente 30 mil moradias no País nas últimas cinco semanas, de acordo com estimativa de empresários do setor da construção civil. Os problemas desta vez estão concentrados nas faixas 1,5 e 2 do programa habitacional, que atendem pessoas com renda familiar entre R$ 1,8 mil e R$ 4,0 mil.
Os empresários afirmaram que o represamento se agravou após a portaria interministerial número 7, publicada no Diário Oficial da União no dia 13 de agosto. Ela estabeleceu em R$ 450,0 milhões o limite que o Orçamento Geral da União vai cobrir de subsídios para esse público no ano. Segundo o Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR), responsável pelo programa, R$ 430,2 milhões já foram repassados. Faltam então R$ 19,8 milhões.
Isso significa que os próximos financiamentos do MCMV para essas duas faixas serão bancados com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). (Leia mais na nota publicada às 7h30)
Eztec
A Eztec anunciou o lançamento de alto padrão, em São Paulo, com valor geral de vendas (VGV) total de R$ 120,4 milhões. O Haute Ibirapuera é um projeto residencial com 58 unidades.
Na semana passada, a companhia elevou a meta de lançamentos em 2019 do patamar de R$ 1 bilhão a R$ 1,5 bilhão para R$ 1,5 bilhão a R$ 2 bilhões. No primeiro semestre, os lançamentos da Eztec representaram R$ 707 milhões em VGV. Com mais dois lançamentos previstos para o terceiro trimestre, a empresa espera atingir ao final de setembro VGV de R$ 1,7 bilhão.
“A notícia é positiva, mas a recuperação do setor será só no ano que vem porque este ano ainda está muito fraco. Ainda assim, essa sinalização é boa e deve beneficiar o papel”, aponta Galdi.
Oi
Acionistas e credores da Oi avaliam emissão de dívida da Oi como alternativa de financiamento que não configure uma nova capitalização. Segundo fontes ouvidas pelo Valor Econômico, os bancos contratados estudam lastrear a captação em ativos a serem vendidos ou um Fidc (fundo de investimento em direitos creditórios) garantidos por recebíveis em fluxo futuro de receita.
Sabesp
A Sabesp deve assumir o serviço de esgotamento sanitário em Guarulhos de forma emergencial. A companhia diz que a Prefeitura do município enviou a notificação, considerando o risco diante de decretação da caducidade do serviço anteriormente prestado pela Sagua.
A operação emergencial tem início em até 72 horas e a operação pode ter duração de 60 dias, prorrogável pelo mesmo período.
Azul
A Azul fechou um acordo comercial de voos com a ASTA Linhas Aéreas, empresa mato-grossense focada em aviação sub-regional. Com a parceria, a Azul começará a atender sete novos destinos no Mato Grosso: Água Boa, Canarana, Juara, Juína, Lucas do Rio Verde, Primavera do Leste e Tangará da Serra. A expectativa é que o acordo entre em vigor em até 90 dias.
A ASTA espera que, com o acordo comercial, a demanda por voos aumente em 30%, principalmente por conta da extensão da malha da Azul e da imediata conexão com os voos da companhia em Cuiabá.
Outras notícias
A varejista holandesa C&A iniciou a contratação dos bancos para seguir em frente com a abertura de capital de sua subsidiária no Brasil. A oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) pode ocorrer ainda neste ano, quando se unirá na bolsa brasileira com concorrentes como Riachuelo e Lojas Renner, que já têm ações listadas. A companhia é controlada pela Cofra Holding, baseada na Suíça. No Brasil, a rede está presente há mais de 40 anos, e com mais de 280 lojas pelo País. O faturamento anual da varejista no Brasil é estimado em R$ 5 bilhões. Esse não é o primeiro movimento da C&A em busca de investidores. No passado, a varejista sondou fundos de private equity, como o Advent, que já tem experiência com o setor. Procurada, a C&A disse não comenta “rumores e especulação de mercado”.
A Iguá Saneamento está perto de protocolar pedido junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para realizar sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). A Iguá é a antiga CAB Ambiental e mudou de nome após a empresa passar por uma reestruturação. A companhia tem 18 operações, sendo 14 concessões e quatro Parcerias Público-Privadas, em São Paulo, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Alagoas. Os bancos Itaú BBA, BTG Pactual, Bradesco, Bank of America Merrill Lynch e Santander coordenarão a oferta.
A Localiza informou que a sua subsidiária, a Localiza Fleet, de Minas Gerais, protocolou na CVM pedido de registro de emissor de valores mobiliários na categoria “B”. A companhia esclarece que, uma vez aprovado o pedido, passará a ser companhia aberta. O objetivo é acessar diversos instrumentos do mercado de capitais de renda fixa.FONTE: AE BROADCAST
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