Hoje (16), o FOMC divulgou a decisão da política monetária, elevando a taxa de juros americana de 0,25% para 0,50% ao ano. Atualmente tal decisão é de grande importância para o mercado dado que o FED tem ficado atrás da curva há algum tempo, ao passo que a inflação dos Estados Unidos continuou a se elevar, chegando a 7,9%, praticamente quatro vezes acima da meta da autoridade monetária americana (2%).
Outro fator importante que faz com que a política monetária seja contracionista é o avanço no mercado de trabalho. No último payroll foram criadas 678 mil vagas, contra a expectativa de 400 mil empregos e superando o mês anterior (janeiro), quando foram criadas 467 mil vagas. A taxa de desemprego também começa a evidenciar queda, chegando a 3,8%.
Tais indicadores são importantes, pois são eles que balizam a decisão da política monetária. A economia continua crescendo com a reabertura, controle da Covid-19 e os pacotes de estímulos feitos anteriormente, que contribuem para que a atividade econômica evolua o que é traduzido por intermédio do avanço no número de empregos criados e redução do desemprego.
Pelo outro lado, temos o avanço da inflação, que é reflexo da oferta monetária abrupta no momento da Covid-19 sem que haja a retração, como ocorreu nos mercados em desenvolvimento, como o Brasil. Os gargalos na cadeia de fornecimento afetando a oferta, alta das commodities, a própria reabertura e, recentemente, os choques de oferta ocasionados pela guerra entre a Ucrânia e Rússia afetam o mercado e deram um impulso adicional nos preços do petróleo, gás natural, níquel, trigo e fertilizantes.
O impacto das perspectivas de alta nas taxas de juros, acabam por afetar os mercados financeiros, como podemos ver nos rendimentos dos títulos de 10 anos do tesouro americano que hoje está em 2,1759%, níveis não vistos desde 2019.
No mercado de ações, isso pode gerar uma fuga para os títulos mais seguros, dado que os yelds dos títulos americanos — os mais seguros — ficarão mais atrativos, fazendo com que saiam recursos de ativos mais arriscados, no caso, renda variável.
Um setor que pode sofrer impacto, é o de tecnologia, pois nos Estados Unidos, as Big Techs como Google, Apple e Microsoft são empresas com grande caixa e forte geração de lucro, sendo um “investimento substituto” em momento de queda de juros, como ocorreu no auge da pandemia e agora temos o movimento contrário.
A alta dos juros nos Estados Unidos também afeta o Brasil, com o aumento do rendimento dos títulos de dívida da maior e mais segura economia do mundo.
Como internamente já vemos ampliação de riscos com a aproximação das eleições e gastos que podem fragilizar as contas públicas, a alta nos rendimentos dos títulos dos Estados Unidos poderá fazer com que os títulos americanos sejam mais atraentes, penalizando, principalmente empresas cíclicas, dado que as altas da taxas de juros externo também afete os juros internos, fazendo com que as ações de tais empresas caíam.
Assim, também será possível evidenciar alta no dólar, dado que haverá maior demanda do papel em detrimento dos reais, com o objetivo de aplicar em tais títulos.
Mais informações sobre o mercado financeiro
Com todas essas informações, fica evidente que é importante para o investidor compreender o que ocorre no mercado interno e externo, além de seus possíveis desdobramentos para tomar a melhor decisão.
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Autor: Matheus Jaconeli – Analista CNPI 2917
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