A quarta-feira começa com o setor de construção no foco do mercado, após prévias operacionais de MRV Engenharia, Tenda e Eztec. A paralisação na liberação de recursos no âmbito do Minha Casa Minha Vida (MCMV) por 56 dias, entre julho e setembro, prejudicou as operações da MRV Engenharia, maior construtora do programa habitacional no País. Por causa desse problema, a companhia lançou menos projetos do que o planejado no terceiro trimestre, realizou menos repasses e ainda sofreu com queima de caixa, de acordo com relatório operacional preliminar. Fique de olho também em Vale, CSN, siderúrgicas, Oi, Renova e CCR.
Os empreendimentos lançados pela MRV totalizaram R$ 1,630 bilhão em valor geral de vendas (VGV) no terceiro trimestre de 2019, 3% menos do que no mesmo período de 2018. Como a MRV só lança novos projetos após obter o financiamento à construção, o volume de lançamentos teria sido maior se não fosse o atraso na liberação do crédito, explicou a companhia.
As vendas líquidas alcançaram R$ 1,395 bilhão, expansão de 18,8%. O resultado foi o maior já registrado em um terceiro trimestre na história da companhia. Esse avanço ocorreu em decorrência de uma política comercial mais agressiva e da maior quantidade de imóveis no estoque, disponíveis para venda, graças aos projetos lançados nos meses anteriores.
Segundo o gestor da Criteria Investimentos Vitor Miziara, o resultado tende a pressionar os papéis, uma vez que menos lançamentos gera maior queima de capital. Já os analistas do BTG Pactual Gustavo Cambauva e Elvis Credendio, embora os números do terceiro trimestre tenham ficado abaixo do esperado, “ainda vemos valor em MRV, pois a maioria dos problemas do terceiro trimestre será revertida no quarto trimestre, a MRV tem ganhado participação no mercado e avaliação da empresa está barata”, destacaram.
Ainda no setor de construção, a população de baixa renda que está nos municípios com até 50 mil habitantes será o foco do governo no novo programa habitacional que será lançado no lugar do Minha Casa Minha Vida. O modelo funcionará com um sistema de voucher, em que as famílias receberão recursos para comprar, construir ou reformar a casa própria. O ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, antecipou ao Broadcast que o público potencial do programa é de famílias com renda de até R$ 1,2 mil mensais em média, mas o valor exato será definido de acordo com a região. (leia mais na nota publicada ontem às 22h55)
No cenário político doméstico, destaque para a fala do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que assegurou ontem à noite a conclusão da reforma da Previdência para a terça-feira que vem, dia 22. A proposta ainda depende de uma votação em segundo turno no plenário da Casa. Ontem, os senadores aprovaram um projeto que divide os recursos do megaleilão do petróleo com Estados e municípios, destravando a votação em segundo turno da proposta que alerta o sistema de aposentadorias no País. A sessão do plenário para a votação da Previdência deve ocorrer às 14h do dia 22. Antes disso, às 11 horas, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) vai realizar uma sessão para analisar as emendas apresentadas após a votação do primeiro turno da reforma.
No exterior, notícias conflitantes em torno de um possível acordo do Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) tem deixado as bolsas ao redor do mundo voláteis. Por um lado, autoridades do Reino Unido e da União Europeia estão pessimistas em relação às chances de fechar um acordo sobre o Brexit, uma vez que o Partido Unionista Democrático (DUP, pela sigla em inglês), da Irlanda do Norte, se opôs a propostas feitas pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, segundo fontes. Já o O principal negociador da União Europeia (UE) para o Brexit, Michel Barnier, afirmou aos comissários do bloco que está otimista em fazer um acordo para o divórcio ainda hoje. Às 15h (de Brasília), segundo informações, haverá um encontro entre Barnier e autoridades da UE.
Entre as commodities, atenção para as ações de Vale, CSN e outras siderúrgicas, após o preço do minério de ferro negociado no porto de Qingdao, na China, fechar em queda de 5,53%, a US$ 87,86 a tonelada, após a Vale, nesta semana, e a Rio Tinto, ontem, anunciarem aumento de produção, apontou um operador.
A Rio Tinto embarcou mais minério de ferro no último trimestre, em comparação com o mesmo período do ano anterior, quando seu centro de mineração australiano se recuperou de contratempos operacionais e relacionados ao clima. A mineradora, um dos maiores exportadores mundiais de ingredientes siderúrgicos, reportou embarques de minério de ferro de suas operações em Pilbara de 86,1 milhões de toneladas nos três meses até setembro, alta de 1% no trimestre imediatamente anterior e 5% no mesmo período do ano anterior.
Tenda
A construtora Tenda divulgou suas prévias operacionais do terceiro trimestre de 2019, além de guidances para alguns números no fechamento do ano. Entre julho e setembro, as vendas líquidas somaram R$ 536,9 milhões, crescimento de 9,6% em relação ao mesmo período de 2018. No acumulado em nove meses, o valor soma R$ 1,423 bilhão, alta de 2% ante o ano passado.
Os distratos ficaram em 9% das vendas brutas no trimestre, ante 9,9% de um ano antes. No acumulado de 2019, esse índice está em 9,3%, ante 9,6% em 2018. Em número de unidades, as vendas líquidas no trimestre somaram 3.781, aumento de 5,5% na comparação anual. A velocidade de vendas (VSO) líquida passou de 31,5% para 28% em um ano. Segundo a Tenda, essa redução é fruto do ambiente mais restritivo para aprovação de crédito pelos bancos.
Os lançamentos no terceiro trimestre somam Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 761,4 milhões, valor 32% maior que o registrado no mesmo período de 2018. Em relação aos guidances, a companhia espera que a Margem Bruta Ajustada feche o ano de 2019 entre 34% e 36%. Até o segundo trimestre, este indicador estava em 35,9%. Para as vendas líquidas, a empresa espera que o valor feche o ano entre R$ 1,95 bilhão e R$ 2,15 bilhões, ante o valor de R$ 1,423 bilhão acumulado até o terceiro trimestre.
Eztec
Já as vendas líquidas de Eztec somaram R$ 343 milhões no terceiro trimestre, o que representa alta de 186% em relação ao terceiro trimestre de 2018. Na comparação com o segundo trimestre, houve queda de 7,8%. Segundo a companhia, esse recuo trimestral se deve ao menor volume de lançamentos.
Nos lançamentos, foram realizados R$ 242 milhões em Valor Geral de Vendas (VGV) entre julho e setembro, valor 128% superior que o registrado um ano antes, mas queda de 23% na comparação com o segundo trimestre. No acumulado em nove meses, os lançamentos somam R$ 949 milhões, aumento de 26%.
Yduqs
A Yduqs, ex-Estácio Participações, está em conversas com o grupo Adtalem, dono do Ibmec, Wyden e Damásio Educacional, mas esclarece que até o momento não tem decisão tomada. O posicionamento veio em resposta a questionamento da B3 e Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre possível aquisição, em notícia da Exame.
A companhia reitera que um de seus pilares estratégicos é o crescimento via aquisições e confirma que está em tratativas com diversos grupos educacionais, dentre eles o grupo Adtalem. A Yduqs lembra seu compromisso de manter o mercado informado sobre qualquer assunto relevante.
Oi
A Oi informou que vai prosseguir com a avaliação de estruturas para captação de recursos para financiamento de suas operações, incluindo, entre outras possibilidades, instrumentos de dívida garantida. E disse que iniciou tratativas com diversas instituições financeiras para definir estratégias, tendo já contratado o Morgan Stanley e o BTG Pactual. No entanto, a companhia afirmou em comunicado enviado à CVM que até agora não há definição final quanto à modelagem e cronograma a serem adotados nesta futura captação, bem como em relação a uma eventual estrutura de garantia a ser possivelmente oferecida.
Segundo matéria publicada no jornal Valor Econômico, os bancos Morgan Stanley e BTG Pactual apresentaram a investidores e acionistas, na semana passada, o “esqueleto” da proposta de captação da Oi no valor de R$ 2,5 bilhões. De acordo com a reportagem, a versão mais atual em discussão prevê a emissão de títulos garantidos por recebíveis de telefonia móvel com prazo de vencimento de cinco anos.
EDP Brasil
A EDP Energias do Brasil informou que o seu volume de energia distribuída ficou estável no terceiro trimestre, sendo -0,2% na EDP São Paulo e +0,6% na EDP Espírito Santo. No acumulado do ano, o volume expandiu 2,6% (+1,2% na EDP SP e +4,8% na EDP ES).
Segundo a companhia, o resultado do mercado de energia distribuída reflete o efeito negativo da desaceleração da produção industrial, apesar dos sinais de recuperação do comércio e do aumento do consumo das famílias, que foram impulsionados pelos níveis mais baixos de inflação e de taxas de juros. O maior número de dias médios faturados também contribuiu para o resultado.
Petrobras
A Petrobras assinou cartas de intenção com a empresa japonesa Modec (Unidade de Marlim 1) e a empresa malasiana Yinson (Unidade de Marlim 2) para o afretamento de duas plataformas do tipo FPSO. As unidades serão utilizadas no projeto de desenvolvimento da produção da revitalização dos campos de Marlim e Voador – módulos 1 e 2, localizados na Bacia de Campos.
As plataformas serão instaladas a cerca de 150 km da costa brasileira, em lâminas d’água de aproximadamente 670 metros (FPSO Marlim 1) e 930 metros (FPSO Marlim 2). Os dois projetos terão capacidades de processar até 80 mil bpd (FPSO Marlim 1) e 70 mil bpd (FPSO Marlim 2) de petróleo e 7 milhões de m³/dia (FPSO Marlim 1) e 4 milhões de m³/dia (FPSO Marlim 2) de gás natural.
Ainda sobre a empresa, a Petrobras prorrogou para o dia 21 de outubro o prazo para manifestação de interesse no processo de venda de oito blocos exploratórios terrestres, localizados na Bahia. O início deste desinvestimento foi comunicado no dia 30 de setembro.
CCR
O conselho de administração da CCR aprovou o pagamento de dividendos intermediários no valor de R$ 940 milhões ou R$ 0,46534653466 por ação ordinária. Os proventos serão pagos com base na composição acionária de 18 de outubro, com as ações sendo negociadas “ex” dividendos a partir do dia 21.
Renova Energia
A Renova Energia ajuizou pedido de recuperação judicial em São Paulo na noite de ontem, em caráter de urgência, e do com a anuência dos controladores Cemig e CG I FIP Multiestratégia.
Das várias empresas relacionadas, ficaram de fora do pedido da recuperação judicial dois projetos, por serem considerados operacionais e financeiramente equacionados: Brasil PCH, que possui 13 pequenas centrais com contratos firmados de longo prazo, e garantia de receitas e de rentabilidade, sendo que em 2019 já distribuiu R$ 86 milhões de dividendos ao Grupo Renova; e Enerbrás e sua subsidiária Energética Serra da Prata (ESPRA), com 3 PCHs em operação, e gera em média R$ 20 milhões em dividendos por ano.
O pedido de recuperação ajuizado contempla obrigações de R$ 3,1 bilhões, praticamente todo com bancos e demais credores; e uma parte trabalhista, de R$ 11,7 milhões. Como detalha a petição inicial de recuperação judicial, elaborada por Felsberg Advogados, do total da dívida R$ 834 milhões correspondem a débitos intercompany e R$ 980 milhões a débitos com seus atuais acionistas.
Ainda na peça está destacado que o maior vetor de geração de riqueza do Grupo Renova é a expertise em desenvolver projetos eólicos, com cerca de R$ 600 milhões em sua carteira de projetos.
Elétricas
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou ontem valores preliminares do custo médio ponderado de capital regulatório (WACC, na sigla em inglês) para os segmentos de geração, transmissão e distribuição, de 6,81% nos dois primeiros casos e de 7,17% no terceiro. A equipe de análise do BTG Pactual destacou, em particular, o número para o segmento de distribuição, que representa queda significativa ante os 8,09% atuais e também ficou abaixo dos 7,4% estimados pelo banco.
“Acreditamos que os investidores esperavam algo em torno de 7,5%”, disseram os analistas João Pimentel e Filipe Andrade. Eles comentam que algumas mudanças foram feitas nos números iniciais, desde março, quando a Aneel apresentou estimativas de WACC para geração e transmissão, como aumentar a janela de observação de parâmetros como NTN-Bs e debêntures de 5 para 10 anos e assumir o mesmo Beta para todos os setores.
Qualicorp
O conselho de administração da Qualicorp aprovou a antecipação integral do pagamento da restituição de capital, a qual será realizada em 05 de novembro de 2019. Desta forma, terão direito ao recebimento da restituição de capital todos os detentores de ações na data-base de 18 de outubro de 2019, sendo que as ações de emissão da companhia passarão a ser negociadas ex-redução a partir de 21 de outubro de 2019. O pagamento será efetuado aos acionistas como parte do valor de suas ações, no montante bruto de R$ 3,491295141 por ação.
Outras notícias
O ex-chairman do Bradesco, Lázaro de Mello Brandão faleceu hoje, aos 93 anos. Conhecido como “Seu Brandão”, ele dedicou 76 anos de sua vida ao banco. Não há mais informações sobre a causa do falecimento. Procurado, o Bradesco confirmou a informação. O banqueiro deixou a presidência do conselho de administração do Bradesco há cerca de dois anos, quando para seu lugar foi nomeado o até então presidente do banco Luiz Carlos Trabuco Cappi. Seu Brandão estava na cadeira desde fevereiro de 1990.
FONTE: AE BROADCAST
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