Na última terça-feira (24), os mercados fecharam em alta, juntamente com as notícias de intervenção governamental para aliviar os potenciais estragos causados pelo covid-19 na economia, levando em consideração os esforços dos bancos centrais. Todavia, vale lembrar que ainda não há nenhum fundamento concreto para que o bom humor perdure, isto é, não há nenhuma melhora substancial que garanta o bom desempenho dos mercados ao longo do tempo.
O cenário ainda é recessivo e enquanto a economia real não se recupera, os mercados continuarão a ter volatilidade. Desse modo, conclui-se que as altas generalizadas nos mercados foi apenas um repique refletindo o apetite pelo risco dos agentes que buscaram oportunidades em ativos descontados.
No Brasil, a bolsa subiu forte. O Ibovespa alcançou alta de 9,69%, alcançando 69.7259,30 pontos. Ainda cedo, o mercado estava a se animar com as falas de Maia favoráveis às políticas de contenção do covid-19 e, entre eles, o pacote de Mansueto com o objetivo de ajudar estados e municípios durante o surto da pandemia. Além disso, o ministério da economia divulgou que Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), disponibilizará R$ 1 bilhão para empresas com faturamento bruto anual de até R$ 10 bilhões, com o objetivo financiar o capital de giro gerou ânimo para os mercados, tendo em vista que a medida pode melhorar um pouco o efeito recessivo nas empresas do país.
Mesmo com o bom humor, o dólar registrou nova alta, apesar de menos acentuada em relação aos outros dias. A moeda fechou cotada em R$ 5,0995, com elevação de 0,02%.
Nos EUA, expectativa de que o pacote de US$ 2 trilhões para estimular a economia americana será aprovado está mais latente, fazendo os investidores terem novo ânimo quanto ao mercado durante o pregão de ontem (24). Outro fator que contribuiu para alta nos mercados internacionais foram as falas de Donald Trump. O presidente americano se propões a fazer esforços para que a economia americana esteja aberta o mais rápido possível, trazendo dinamismo para os mercados.
Do ponto de vista da conjuntura econômica, apesar de negativo a prévia do PMI para o mês de março, veio acima do esperado para o mercado em todas as suas modalidades (composto, serviços e industrial).
Assim, o mercado americano fechou o dia com fortes altas. O Dow Jones, teve uma de suas maiores altas diárias desde 1933, acumulando elevação de 11,37%. O S&P 500 também teve ganhos consideráveis, em 9,38%. A Nasdaq, acelerou 8,12%.
Com a animosidade dos investidores, o VIX fechou com alta leve, quase neutra, mostrando que o dia trouxe receios menores em relação aos pregões anteriores. A elevação foi de 0,13% chegando ao nível de 61,67. No dia, a mínima chegou a 36,24.
Na Europa, apesar da escalada do covid-19 com a aumento no números e casos, os mercados tiveram ganhos.
As altas nas bolsas também animaram os futuros de petróleo. O petróleo WTI fechou com elevação de 5,44%, fechando o dia cotado a US$ 24,44. Contudo, a alta não foi suficiente para trazer o preço para o patamar de US$ 30,00, devido ao temor de queda na demanda. O lockdown da Índica, terceira maior consumidora de petróleo do mundo, traz temores para os preços.
O otimismo vindo dos EUA e a reunião do G7, que teve desfecho positivo para as políticas que serão tomadas para contenção do coronavírus e o PMI acima do esperado para Zona do Euro, apesar de negativo, contribuíram para as altas do mercado de ações no continente.
Na Alemanha, a União Europeia deu o aval para que Berlim possa amortecer os impactos realizados decorrentes do coronavírus.
Fora da Europa continental, no Reino Unido, o BOE (Bank of England) lançou hoje um Instrumento de Recompra a Termo Contingente. A medida garante maior liquidez para o mercado para os mercados financeiros, aliviando os choques causados nos mercados financeiros. O mecanismo garante que as instituições financeiras tomem reservas do BoE em troca de ativos com liquidez baixa. Assim, a medida joga dinheiro na economia e, como já foi dito, aumenta liquidez dos mercados.
Assim, os mercados do velho continente tiveram um dia de alegria ontem (24). Frankfurt liderou as altas com elevação de 10,98%. Em segundo lugar, Londres teve ganhos de 9,05%. Milão, apesar dos avanços nas mortes pelo coronavírus, subiu 8,93%. Em Paris, o mercado ganhou 8,39% e Madrid, subiu 7,82%.
EUA: Estoques de petróleo, encomendas de bens de capital e pedidos de bens duráveis
A agenda econômica de hoje (25) estará cheia de indicadores americanos. Começando pelos estoques de petróleo, as expectativas do mercado é de que ocorra elevação, dado a queda na demanda global pela commodity, tendo em vista um cenário de forte contração da economia global.
No que diz respeito ao petróleo bruto, na última semana, a Energy Information Administration trouxe dados positivos para mercado, com estoques de 1,954 milhões de barris de petróleo mantidos por empresas americanas, apresentando queda de 74,50% de uma semana para outra.
Já os estoques de petróleo em Cushing, Oklahoma, teve queda menos abrupta na última observação de 20,03%, alcançando a soma de 563 mil barris. Os estoques de petróleo em Cushing também fazem parte da formação de preços do petróleo bruto WTI e é o ponto de distribuição de contratos negociados na New York Mercantile Exchange.
Quanto às encomendas de bens duráveis divulgados pelo Census Bureus, as expectativas também são negativas, pois com queda na renda e o aumento do desemprego, espera-se que os agentes restrinjam seu consumo presente e, também fiquem avessos ao endividamento. Assim, a demanda por bens como linha branca, eletrodomésticos e outros, tende a cair. Esse efeito impacta a receita dos fabricantes e distribuidores, os quais já serão afetados pelo lockdown.
O mesmo raciocínio ocorre para o as encomendas por bens de capital, divulgada pela mesma agência. Os bens de capital são produtos utilizados a produção de bens e serviços, por exemplo, máquinas, equipamentos, materiais de construção, entre outros.
Como a demanda por bens finais cairá, o mesmo ocorrerá com o empresário que terá sua produção diminuída por conta da crise. Assim, também se espera queda no indicador, pois o mês de fevereiro já mostrava a ascensão da crise que se intensificou em março impactando outros dados de atividade, como o PMI de março divulgado ontem (24).
Brasil: IPCA-15 e crescimento do setor de serviços
No Brasil, o IBGE, divulgará o IPCA-15 e o índice de crescimento do setor de serviços.
O IPCA-15, indicador que mede a variação de preços ao consumidor amplo entre o dia 16 do mês anterior e o dia 15 do mês corrente, para o mês de março vem com expectativa de manutenção na comparação mensal de acordo com o mercado, com projeção de avanço de 0,24% contra 0,22% registrado na última observação.
No ano, o indicador acumula avanço de 4,21%, abaixo das perspectivas da época. Para março, os agentes também apostam na manutenção do indicador, com uma sensível aceleração de apenas 0,02 ponto percentual, ou seja, avanço de 4,23%.
A expectativa de sensível alta nos preços se deve à corrida dos consumidores para preencherem seus estoques durante o momento de crise e expectativa de fechamento do comércio. Por mais que os mercados fiquem abertos, muitas pessoas estão a ser demitidas, de modo que esses trabalhadores busquem preencher suas despensas mediante um cenário incerto, apesar das medidas do governo.
Quanto ao setor de serviços, espera-se retração de 0,3% no mês e manutenção na comparação anual em 1,6%.
Apear do dado não incluir mais conjuntura atual, por se referir ao mês de janeiro, mostra a lenta recuperação da economia que ocorrera mesmo antes do surto de covid-19 em todo mundo.
Tendo em vista que o setor de serviços atende a demanda de firmas e famílias e que o comércio está fechando para evitar o contágio, a expectativa mais quedas para o setor ao longo do ano até o arrefecimento da crise.
Europa: Indicadores de expectativas na Alemanha
Após a divulgação dos PMI’s de ontem (24), para Zona do Euro e para todos os demais países da Europa, hoje (25), serão divulgados os indicadores de avaliação da situação atual, de clima e expectativa de negócios da Alemanha para o mês de março pelo Ifo (Institute for Economic Research).
O índice de clima de negócios, o qual informa o quanto os empresários estão satisfeitos em relação à situação atual já teve uma forte queda em fevereiro, saindo de 96,1 para 87,7. A expectativa do mercado que o indicador se mantenha. Todavia, não será surpresa mais uma queda, tendo em vista a situação atual da Europa e de todo o mundo.
A avaliação da situação atual, análogo ao clima de negócios, mas desconsiderando as expectativas, também tem estimativa de queda. O indicador que vem caindo paulatinamente, juntamente com a desaceleração da economia alemã que ocorria mesmo antes do covid-19, pode cair 5,3% de acordo com o consenso do mercado, atingindo 98,9 pontos.
Já o indicador de expectativa de negócios, o qual se refere ao que ocorrerá por parte das firmas, as expectativas são negativas. Apesar da leve alta em fevereiro, saindo 92,9 em janeiro, para 93,4, espera-se retração de 12,12% no indicador. A perspectiva negativa advém dos desdobramentos que covid-19 lavará para economia alemã e europeia como um todo.
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