Como surfar o melhor momento de inflação, juros em alta e recuperação da economia?

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Nossos fundos encerram o primeiro trimestre do ano com desempenho acima de seus benchmarks – tendo o Santa Fé Aquarius FIM performance de … 2,54% e o Santa Fé Scorpius FIA 4,46%, comparado com o 0,48% do CDI e -1,87% do Ibovespa.

Em todas as nossas discussões internas e modelos de empresas, passamos a considerar um velho conhecido sombrio do brasileiro – a combinação de um aumento de juros e inflação maior. Porém, diferente daquilo que vimos em décadas passadas, o momento é de expansão da economia o que nos traz otimismo com o potencial no mercado de capitais global e o qual vamos endereçar nesse texto aos clientes da Nova Futura e comentando as oportunidades que enxergamos para os próximos meses na alocação de recursos.

Desde o ano passado, com os efeitos de toda a mudança da política econômica pelos diversos bancos centrais do mundo, observamos uma mudança comportamental na seleção de ativos de risco pelo mundo e na procura por proteção a inflação. Vimos o boom das criptomoedas, nos grãos como a soja ou o milho, do ouro e a procura por moedas fortes como o USD ou o EUR. No Brasil essa dinâmica não foi diferente e o BACEN agiu de maneira coerente, deixando a moeda enfraquecer, abrindo espaço para queda nos juros e incentivando a economia em meio a pandemia do COVID19.


Daqui em diante devemos trabalhar, por um bom tempo, olhando esses dados de inflação de maneira global. As derivadas para e economia local e a busca da normalização na taxa de juros em que esperamos ainda para 2021 o BACEN encontre o equilíbrio no conturbado ambiente local e sempre olhando para toda a política expansionista proposta pelo novo governo americano com forte programa de estímulos econômicos e incluindo a recente proposta do pacote de infraestrutura de mais de US$2.2 trilhões com aumento gradativo de impostos.

Acreditamos que o cenário para Brasil deverá melhorar no médio prazo, dando um pouco mais de conforto ao investidor local e estrangeiro e acalmando as curvas de juros. Isso passa por uma aceleração na vacinação nos próximos meses pela reabertura gradual e consciente da economia, assim como vem ocorrendo em países que já vacinaram boa parte da população. A melhoria no ambiente de negócios deverá acalmar o gargalo nos juros, no cambio e trazendo a normalização do equilíbrio de juros reais de volta à mesa.

Nosso cenário base segue acreditando que a taxa de juros não deve ultrapassar a barreira de 5 ou 6% aa em 2021, o que consideramos normal e com retomada dos postos de trabalho e da economia – assim como observamos recentemente nos EUA e Europa. No mercado de ações, devemos identificar os setores mais sensíveis ao aumento nos juros, e as oportunidades que possam aparecer com algumas distorções que podem ser incoerentes no preço de determinados ativos.

Dessa forma, a composição de nosso portfolio no Santa Fé Aquarius FIM, é composta por uma parte em renda variável no Brasil (ações liquidas e listadas na B3), uma parte em títulos atrelados à inflação e juros e ativos no exterior – sempre buscando gerar retornos acima do benchmark a que se submete o fundo, e de forma a preservar o capital investido buscando retorno sem alavancagens ao nosso investidor.

Desde o começo do ano, estamos olhando com muita atenção, a abertura da ponta longa de juros e recentemente adicionamos as letras do tesouro ligadas à inflação (NTN-B) em nossa carteira, temos a sensação de que o mercado já começa a encontrar, nos vencimentos de médio e longo prazos, boa parte do equilíbrio que citamos anteriormente.

Ainda na composição do portfolio ligado à inflação, sempre montamos estudos detalhadas sobre investirmos em fundos imobiliários, repasse nos alugueis de inflação e alguns títulos ligados a IPCA ou IGP-M. De maneira parcimoniosa, montamos posições pequenas em alguns desses veículos e sempre chamando a atenção para nosso foco em ativos líquidos.

Na carteira de renda variável continuamos a gostar da exposição a ativos ligados a crescimento global; estamos com posições montadas em empresas produtoras de matérias primas nas quais ainda enxergamos bom potencial de valorização, melhoria nos modelos de ESG (ambiental, social e governança corporativa) e entendendo que possuem um bom desconto aos pares/concorrentes globais quando olhamos para os múltiplos em nossos modelos de avaliação de empresas. Citamos como exemplos as ações de VALE, SUZANO e SLC.

Também gostamos de empresas que possuem exposição à melhoria da economia doméstica, sem grande dependência ao crescimento e olhando para as empresas de valor. A dependência da necessidade de capital para aumentar o crescimento em um cenário de aumento de juros não se encaixa nesses nomes. Setores como os de malls, educação, alguns ativos de comércio/varejo de rua e ações de bancos, estão entre nossas preferidas. Por outro lado, ainda enxergamos um cenário um pouco mais difícil para as incorporadoras e empresas de tecnologia. Citamos aqui como exemplos, nossas posições em Anima, Banco Pan e Grupo SBF.

Por fim, seguimos com posições compradas em ativos no exterior – ações ligadas ao crescimento e com uma visão otimista de todo o incentivo à retomada da economia, que os governos dos países desenvolvidos e capitaneados por uma politica focada no desenvolvimento de Biden poderão nos trazer bons retornos no médio e longo prazos e ajudando na diversificação do portfólio.

Atenciosamente

Fabio Focaccia
Estrategista Chefe – Santa Fé Investimentos

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