Cenário corporativo continua agitado no final da semana

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O último dia da semana promete ser de ganhos, já iniciados na Ásia e Europa, após o governo da China sinalizar a intenção de estimular ainda mais sua economia. Em uma semana de deterioração nos mercados e preocupação com possível recessão global, a ação da Vale acumula perda de 3,51%, enquanto que Petrobras ON cai 7,40%. Entre os destaques corporativos, o projeto de privatização da Eletrobras segue em andamento e Cemig reverteu prejuízo.

O governo deve apresentar ao Congresso na próxima semana o projeto de lei que prevê a privatização da Eletrobras. A proposta, segundo apurou o Broadcast, deve conter os itens que estavam na Medida Provisória 879, que não foi votada pela Câmara ontem (15) e perderá validade na próxima quarta-feira (21). O principal deles é o aporte de até R$ 3,5 bilhões da União à companhia, previsto para ocorrer até 2021. Esses recursos serão utilizados para cobrir dívidas das seis distribuidoras vendidas em 2018, que foram assumidas pela holding.

O governo ainda não definiu a estratégia para apresentar a proposta à Câmara. Uma das possibilidades está o envio de um novo projeto de lei ao Congresso. A outra precisa do apoio do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ): recriar a comissão especial do projeto de lei de privatização da Eletrobras enviado pelo governo Michel Temer. Nesse caso, um deputado assumiria a relatoria e adotaria o novo projeto, do governo Jair Bolsonaro, apresentando-o na forma de um substitutivo.

A Medida Provisória 879, que prevê um aporte bilionário à Eletrobras, precisa ser aprovada no Congresso até a próxima quarta-feira (21), sob o risco de caducar, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) já sinalizou que isso tende a ocorrer. Para o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, essa situação pode afetar negativamente a companhia.

O analista da Mirae Asset Pedro Galdi destaca que a notícia certamente impulsionará o papel da companhia, “mas vale salientar que a privatização é muito completa porque a empresa tem vários problemas estruturais financeiros e muitos ativos. Então, o mercado aguarda por um modelo de como será feita essa privatização”, apontou.

Ferreira Junior também afirmou ontem que a Eletrobras espera conseguir retomar as obras para a linha de transmissão conectando Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN) até o fim deste ano. Segundo ele, o projeto deve receber o licenciamento ambiental até o fim deste mês, mas o reinício das obras ainda depende da conclusão de uma negociação junto ao regulador para o reequilíbrio econômico financeiro da concessão, na qual Eletronorte detém 49% e a Alupar, 51%.

No exterior, o apetite por risco na Ásia e na Europa ganhou força depois de o principal órgão de planejamento econômico da China anunciou, sem dar detalhes, que Pequim irá lançar um plano para impulsionar a renda disponível da população em 2019 e 2020. Com isso, os futuros de Nova York seguem alta firme. Apesar da relativa calma, investidores continuam atentos aos juros dos Treasuries e a desdobramentos da disputa comercial entre Estados Unidos e China. Ontem, o rendimento do T-bond de 30 anos renovou mínima histórica e o da T-note de 10 anos atingiu o menor nível em três anos.

Cemig

A Cemig informou lucro líquido de R$ 2,114 bilhões no segundo trimestre deste ano, ante prejuízo de R$ 10,8 milhões no mesmo período do ano passado, dado que foi reapresentado, como a empresa explica, de acordo com os novos padrões IFRS.

O resultado teve impacto de receita de Créditos de PIS/Pasep e Cofins de R$ 1,438 bilhão e receitas financeiras de R$ 1,524 bilhão por atualização dos créditos de PIS/Pasep e Cofins sobre ICMS referente a um processo na Justiça.

A receita líquida cresceu 25,15% no segundo trimestre, para R$ 7,016 bilhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), ou Lajida, em português, foi de R$ 1,811 bilhão, alta de 105% sobre o segundo trimestre de 2018, com margem de 25,82%, de 15,76% no segundo trimestre de 2018.

A energia comercializada pelo grupo Cemig, no segundo trimestre de 2019 foi de 13.120.258 MWh, queda de 6,79%, o que é justificado pelas reclassificações no mês de maio de consumidores industriais do mercado cativo para a classe Comercial e Residencial, redução no segmento livre devido a diferença de sazonalização e redução de vendas de energia no ACR (mercado livre) devido ao término dos contratos de venda no 15º Leilão de Energia Existente.

“Apesar do lucro líquido ter sido impulsionado por crédito fiscal e não pode resultado operacional, o investidor deverá receber bem os números finais, com avanço acentuado do Ebtida. No entanto, o mercado deve ficar atento quanto aos pontos relacionados à privatização”, destacou um analista.

Vale

A Vale determinou a suspensão temporária das operações da usina de concentração de Viga da Ferrous Resources do Brasil, cuja aquisição foi concluída em 1º de agosto. Segundo a empresa, foi identificada deficiência nos documentos relativos ao alvará do município de Jeceaba (MG). “As operações da mina de Viga não são afetadas por essa determinação e prosseguirão normalmente”, afirma a empresa, em fato relevante distribuído há pouco.

A mineradora ressalta que a Ferrous preenche todos os requisitos para a expedição do alvará de funcionamento e que retomará sua plena atividade tão logo a documentação seja regularizada.

“O alvará não tem qualquer relação com segurança, seja da barragem, seja das operações da Ferrous. O impacto estimado da paralisação temporária das operações da Ferrous é de, aproximadamente, 330 mil toneladas de minério de ferro por mês”, ressalta.

“Este volume de 330 mil é muito baixo e não deve influenciar na ação, que deve ser beneficiada pelo bom humor do mercado na sessão de hoje, de olho no preço do minério de ferro”, afirmou Pedro Galdi, analista da Mirae Asset.

Petrobras

A Itaúsa, holding de investimentos do Itaú Unibanco, e o fundo Mubadala devem apresentar hoje propostas firmes para a compra da Liquigás, divisão de gás de cozinha que pertence à Petrobras, apurou o jornal O Estado de S. Paulo. O Itaúsa terá em seu consórcio a empresa Copagaz e o Mubadala terá em seu grupo empresas regionais do País, segundo fontes ouvidas pela reportagem.

Esta é a segunda tentativa da Petrobrás de se desfazer da Liquigás. Em 2016, a estatal chegou a vender a companhia para o grupo Ultra, dono da Ultragaz, por R$ 2,8 bilhões, mas o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) barrou a compra alegando concentração de mercado.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, informou que o presidente Jair Bolsonaro tem se mostrado cada dia mais animado com a ideia de privatizar empresas, e que já disse ao presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, “para ficar alerta”, dando a entender que a empresa também poderá entrar na lista de privatizações, o que negou em seguida.

Guedes sinalizou mais uma vez para a possibilidade de a Petrobras ser privatizada no futuro. Em seminário sobre gás natural, ao lado do presidente da petroleira estatal, Roberto Castello Branco, o ministro afirmou que está avançada a venda dos controles da Eletrobras e dos Correios. Em seguida, se virou para o presidente da Petrobras e afirmou: “Não duvido que vamos privatizar coisas maiores, viu Castello?”.

Gafisa

A Gafisa anunciou aumento de capital por subscrição privada, de 48.968.124 ações, ao preço base de R$ 6,57, o que movimentaria cerca de R$ 321 milhões. Ao valor base de emissão será aplicado um bônus (deságio) escalonado, de 15% na primeira etapa, a R$ 5,58, e 3% na segunda etapa, de R$ 5,42. A ação fechou nesta quinta-feira a R$ 5,45.

O objetivo, segundo fato relevante, é captar recursos que serão alocados para atendimento do Plano Estratégico, além de reforçar a sua estrutura de capital e melhorar a relação da dívida líquida sobre o patrimônio líquido.

O direito de preferência para os acionistas tem início em 21 de agosto e se estende por 30 dias. O direito de subscrição não poderá ser exercido por titulares do programa de American Depositary Shares (ADSs).

BR Distribuidora

A BR Distribuidora inicia divulgação da oportunidade de desinvestimento (teaser) para venda da sua participação acionária na empresa Stratura Asfaltos, considerado pela administração um ativo não principal na atividade, “non core”. A Stratura atua na fabricação e comercialização de produtos asfálticos e serviços correlatos, com sede em São Paulo. O BB-BI é o assessor financeiro do projeto de desinvestimento.

Construtoras

O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, afirmou ontem que o banco está próximo de anunciar, oficialmente, o lançamento de linhas de crédito imobiliário pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH) com custo indexado ao IPCA – o índice oficial de inflação. O índice poderá substituir a Taxa Referencial (TR) em contratos novos de financiamento. Segundo Guimarães, o anúncio pode ocorrer na próxima semana.

Magazine Luiza

O Magazine Luiza informou que obteve êxito em ação judicial perante o Supremo Tribunal Federal referente a inconstitucionalidade da inclusão do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na base de cálculo do PIS e da COFINS. A empresa estima créditos corrigidos da ordem de R$ 250 milhões.

Em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa diz que o impacto financeiro está sendo levantado e encontra-se em fase final de validação pelos assessores legais, sendo que as melhores estimativas até agora indicam que os créditos corrigidos representam aproximadamente R$ 250 milhões, montante adicional aos créditos reconhecidos nas demonstrações financeiras do trimestre de 2018.

Light

A Light reverteu o prejuízo de R$ 25 milhões registrado no segundo trimestre do ano passado para lucro líquido de R$ 11 milhões no segundo trimestre de 2019. No acumulado do primeiro semestre deste ano, o lucro chegou a R$ 175 milhões ante lucro de R$ 67 milhões no mesmo período do ano passado, o que significa alta de 160,1%.

O Ebitda CVM no segundo trimestre atingiu R$ 286 milhões, queda de 29,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Em seis meses, o Ebitda foi de R$ 866 milhões, alta de 2% em relação a abril e junho do ano passado.

Renova Energia

A Renova Energia elevou o prejuízo líquido em 240,8% no segundo trimestre do ano, para R$ 426,539 milhões. A diretoria atribuiu o resultado principalmente à redução da receita operacional, ao aumento das despesas administrativas, acrescidas pelo reconhecimento da penalidade aplicada pela Aneel em função do cancelamento das outorgas da Fase B do Complexo Eólico Alto Sertão III. E ainda à suspensão e cessão dos contratos de compra e venda de energia para Cemig e Light, o que também afetou os custos gerenciáveis que caíram 97%, entre outros itens.

De abril a junho, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou negativo em R$ 334,254 milhões, 580,1% mais elevado do que os R$ 49,147 milhões negativos do mesmo intervalo de 2018, e no primeiro semestre foi negativo em R$ 394,091 milhões, expansão de 346,0%.

PagSeguro

A PagSeguro, empresa de maquininhas do Uol, apresentou lucro líquido de R$ 322,8 milhões no segundo trimestre, cifra 41,8% maior que a vista no mesmo período do ano passado, de RS 227,6 milhões.

O volume financeiro capturado nas maquininhas da PagSeguro alcançou R$ 26,8 bilhões no segundo trimestre, crescimento de 58,7% ante um ano, quando totalizou R$ 16,851 bilhões.

O número de clientes ativos da PagSeguro era de 9,4 milhões ao fim de junho, conforme informa a empresa, em relatório que acompanha seus demonstrativos financeiros. O número de usuários de maquininhas era de 4,7 milhões ante 3,5 milhões um ano antes, crescimento de 1,2 milhão nos últimos 12 meses. Já o banco da PagSeguro alcançou 1,4 milhão de clientes ao fim do primeiro semestre.

FONTE: AE BROADCAST

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