Ontem (22), os mercados europeus fecharam em alta, tentando responder a forte queda de terça-feira (21) ocasionada pela notícia da mutação da COVID-19. O anúncio de um acordo entre republicanos e democratas para o pacote de US$ 900 bilhões de dólares, fez os agentes terem maior apetite pelo risco. Internamente, os dados de conjuntura econômica do Reino Unido e da Alemanha acima do esperado, também contribuíram para o avanço do mercado, embora o aumento no número de infectados pelo coronavírus e a falta de um consenso claro pós-Brexit tenham continuado no radar dos investidores.
Londres, teve alta de 0,57%. Frankfurt, ganhou 1,30%. Milão, subiu 2,03%. Paris, teve valorização de 1,36%. Madri e Lisboa, tiveram elevação de 1,85% e de 1,45% respectivamente.
O mercado de petróleo fechou com novas perdas. O WTI, teve queda de 1,98%, a US$ 47,02 e o Brent, teve retração de 1,63%, a US$ 50,08.
As bolsas em Wall Street fecharam sem sinal único, mediante os dados fracos de atividade aquém do esperado e o avanço da pandemia, encobrindo a notícia referente ao pacote fiscal de US$ 900 bilhões que ainda precisa da assinatura de Trump.
O Dow Jones teve recuo de 0,67%. O S&P 500, encerrou com 0,21% de queda e a Nasdaq, ganhou 0,51%.
No Brasil, o mercado operou boa parte do dia em alta sustentado, principalmente pelas ações de companhias do setor financeiro. O principal indicador antecedente da inflação, o IPCA-15, apesar de ter alta superior que o mês de novembro, teve elevação abaixo do esperado pelo mercado, tirando a pressão dos DI’s. Pelo lado negativo, pesou o avanço da COVID-19 no país, fazendo o governador de São Paulo, João Dória, voltar atrás nas medidas de isolamento social durante o período das festas de final de ano até o início de janeiro. O fiscal também foi um ponto de preocupação, dado que Maia se coloca a favor da PEC referente ao repasse federal aos Municípios, que pode gerar um custo de R$ 4 bilhões por ano para a União, pressionando o dólar.
O Ibovespa teve elevação de 0,70%, a 116.636,18. O dólar, teve elevação de 0,76%, cotado a R$ 5,16.
As bolsas na Ásia fecharam em alta no pregão da madrugada dessa quarta-feira (23), apesar das críticas de Trump ao pacote de estímulos aprovado e as incertezas em relação a situação da mutação em torno da COVID-19.
Na China, o Xangai teve elevação de 0,76% e o Shenzhen ganhou 0,74%. As ilhas satélites Hong Kong e Taiwan, tiveram alta 0,86% e 0,32% respectivamente.
No Japão, o Nikkei teve valorização de 0,33% e na Coreia do Sul, o Kospi, teve avanço de 0,96%
Para hoje (23):
Os mercados globais abrem em alta, ignorando o possível veto de Trump ao pacote de estímulos bipartidário. O presidente americano acredita que são necessários mais estímulos e que o cheque a ser entre aos agentes devem ser US$ 2.000,00 e não de US$ 600,00, para dar um estímulo melhor a economia. Na Europa, ainda é necessário uma resolução quanto ao Brexit e os riscos do avanço da COVID-19 ainda continua no radar dos investidores.
No Brasil, quanto aos números de atividade econômica, se destacam a criação de vagas do CAGED e a divulgação dos dados da dívida pública pelo Tesouro Nacional. O IPC-S, registrou avanço aquém do esperado, corroborando com o IPCA-15 divulgado ontem.
Em relação a política, o lado fiscal continuará a contribuir para criação de risco, a base governista e o ministério da economia encontram desacordo quanto a PEC dos municípios. Todavia, positivamente, Maia disse que a reforma tributária está avançada e o projeto de lei referente ao mercado de câmbio que, segundo Roberto Campos Neto pode deixar a moeda brasileira totalmente conversível, foi aprovado.
O fundo para investimentos ao setor agropecuário o Fiagro foi aprovado, garantindo empréstimos para pequenos negócios ligados ao setor, ajudando o micro agricultor.
Quanto ao coronavírus, o Instituto Butantã divulgará os resultados do estudo clínico hoje, às 16 horas, evidenciado qual é a eficácia da vacina Coronavac.
Europa: preços de bens importados
A agenda econômica europeia na pré-vespera de Natal está relativamente vazia. A agência Destatis publicará o índice de preços de importações medindo a variação dos preços dos produtos importados pelo país. Ao mês, os agentes esperavam leve elevação, no valor de 0,4%, contra avanço de 0,3% em outubro. Ao ano, devido aos efeitos da pandemia que geraram queda na renda, o indicador acumula retração de 3,9%, com expectativa de chegar a -4,0% em novembro.
O resultado publicado foi de 0,5% ao mês e de -3,8% ao ano, evidenciando maior demanda por bens importados, dado sinais de que a atividade econômica no período pode ter sido melhor do que o mercado esperava anterior ao dado, apesar de outros indicadores antecedentes precisarem ser divulgados.
Novos dados nos Estados Unidos
O Departamento do Trabalho americano divulgará os números semanais de pedido por seguro-desemprego. Após seis semanas de alta na demanda pelo benefício, os agentes projetam que o indicador tenha o mesmo desempenho registrado na última observação, chegando a 885 mil pedidos. O avanço da COVID-19 no país e por conta da desaceleração da economia americana ao fim do último trimestre do ano.
O Escritório de Análise Econômica divulgará os números referentes a renda e gastos pessoais e do núcleo de preços de bens e serviços com fins para o consumo das famílias, o PCE (Preços para Gastos de Consumo Pessoal). Começando pelos preços a expectativa é de que, em novembro, ocorra leve elevação, saindo de 0,0% e alcançando 0,1%. Ao ano, espera-se elevação 1,5% no índice, contra 1,4% no mês imediatamente anterior. Caso as expectativas dos agentes se concluam, o avanço é praticamente neutro, mostrando que as famílias estão receosas em tomar suas decisões de consumo mediante um cenário que ainda evidenciava riscos em novembro.
Para os números de renda e gastos pessoais, espera-se queda de 0,3% e de 0,2% respectivamente em novembro. Embora os agentes esperem leve melhora na renda, pois em outubro houve retração de 0,7%, os gastos avançavam em 0,5% em outubro.
Ainda referente ao consumo, a Universidade de Michigan divulgará os indicadores de confiança e percepção do consumidor para o estado. Tendo em vista a importância do estado, o indicador também pode levar os agentes a formarem suas expectativas em relação uma importante variável para o crescimento da economia do país. O mercado espera que a confiança do consumidor para dezembro tenha melhora saindo de 70,5 para 74,7 pontos, levando em conta as expectativas de auxílio do governo americano para o final de ano. Quanto ao Índice de Percepção, os agentes esperam que fique inalterado saindo de 81,4 para 81,3 pontos.
Para o mercado imobiliário, há expectativa de queda de venda de casas novas há perspectiva de queda, saindo de 999 mil casas para 995 mil casas em novembro, com retração de 0,3% evidenciando certa cautela dos agentes, tal qual foi evidenciado pela venda de casas usadas.
Os estoques de petróleo bruto publicado pela Administração de Informação de Energia. Devido o aumento nos estoques na última semana em 167 mil e devido à mutação da COVID-19 e aumento no número de casos da doença, há expectativa de retração de 650 mil barris de petróleo, como forma de sustentar os preços da commodity energética.
Brasil: Desemprego e relatório da dívida pública
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) publicará a taxa de desemprego, na última observação o indicador chegou a 14,6%. Todavia, quando são consideradas as pessoas que não estão buscando emprego, é possível que que a taxa chegue a 25%. Mesmo que os indicadores de atividade econômica estejam subindo acima do esperado, ainda há dificuldades para encontrar emprego. Ontem (22), o indicador de confiança do consumidor da FGV teve retração em relação ao mês anterior e, segundo a pesquisa, um dos fatores da expectativa dos consumidores diminuir é a dificuldade para encontrar emprego, o que pode afetar o indicador.
Ainda sobre o desemprego, os números do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) também serão divulgados hoje (23) pelo Ministério da Economia. A expectativa anunciada pela Broadcast é de que 279.000 vagas sejam criadas, registrando alta pela quinta vez consecutiva. Embora o número seja positivo, há diminuição da velocidade da criação de vagas formais, comportamento que deve se repetir ao longo dos próximos meses de modo que o saldo anual fique positivo apenas em na segunda metade do primeiro semestre de 2021.
Quanto ao relatório de dívida pública, o tesouro nacional divulgara o seu relatório com os números referentes à dívida pública brasileira. Conforme foi evidenciado pelos números do Bacen (Banco Central do Brasil) evidenciarem melhora, os números que serão anunciados pelo Tesouro poderão evidenciar as fragilidades causadas pela COVID-19 à economia brasileira. Espera-se que até o final do ano de 2020, a dívida bruta em percentual do PIB chegue em 93,3% do PIB, levando em consideração um déficit primário de R$ 831,8 bilhões. Ao fim do ano passado o endividamento brito em proporção do PIB era de 75,8%.
Autor: Matheus Jaconeli
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