Ontem (04), os mercados internacionais fecharam o dia sem direção única, mediante aos receios de uma nova guerra comercial entre Estados Unidos e China, foram apresentados dados decepcionantes de atividade econômica e balanços de empresas americanas.
Nos Estados Unidos, o mercado começou abalado com as pressões entre americanos e chineses com o secretário de Estado, Mike Pompeo, afirmar no domingo (03) que há evidências fortes de que a China tenha responsabilidade considerável no que diz respeito ao avanço do covid-19 no mundo, alegando que o país escondeu informações sobre a doença, ocasionando a morte milhões de pessoas.
O choque entre as duas maiores economias do mundo, foi ofuscado pelo balanço de empresas de tecnologia e internet que fizeram as bolsas americanas retomarem reverterem as perdas.
Assim, a Nasdaq liderou Wall Street, com ganhos de 1,23%. O S&P 500 e o Dow Jones fecharam com altas mais suaves, em 0,48% e 0,11% respectivamente.
Mesmo com a tensão entre os dois gigantes econômicos, o VIX mostrou que os agentes diminuíram sua percepção de risco em relação à maior bolsa americana. O índice teve contração de 3,44%, alcançando 35,91 pontos.
Ainda no hemisfério norte, as bolsas europeias registraram queda mediante os temores de uma guerra comercial, entre China e Estados Unidos e perspectivas de que a economia Europeia pode ser mais vagarosa que o esperado.
Os temores foram estimulados com o fraco dado do PMI Industrial da Zona do Euro para abril, o qual ficou abaixo das expectativas, tendo contração de 24,5% em relação ao mês de março.
Tendo em vista tal conjuntura, as quedas nos principais mercados europeus foram lideradas por Paris, com queda de 4,24%, seguida por Milão, com retração de 3,70%. Frankfurt e Madrid, também tiveram perdas acentuadas em 3,64% e 3,60% respectivamente. Londres, teve o melhor desempenho do continente, desacelerando sensivelmente em 0,16%.
No Brasil, além das pressões advindas do cenário internacional, o que mais pesou foi, novamente o cenário político interno, além da correção da queda nas ADR’s negociadas nos Estados Unidos na sexta-feira (01).
O clima em Brasília já dava sinais de efervescência dos ânimos desde domingo (03), por conta das manifestações pró governo.
A interferência do STF na nomeação do Ramagem para a chefia da Polícia Federal gerou mais conflitos entre o Executivo e Judiciário, além do depoimento de Sérgio Moro, mais uma vez, colocando em xeque o a confiabilidade do governo Bolsonaro. Tendo em vista o cenário desafiador, o Ibovespa teve queda de 2,02%, atingindo os 78.876,22 pontos.
O dólar, mediante o cenário de risco, refletiu a preferência dos agentes por ativos menos arriscados. A moeda americana se valorizou em 1,03% frente ao real, fechando dia cotada a R$ 5,5424.
O petróleo, continuou a sua trajetória de elevação, mediante anúncios de cortes voluntários por parte dos Estados Unidos. O petróleo Brent teve elevação de 2,87%, fechando o dia cotado a US$ 27,20 e WTI acelerou 3,08%, voltando ao patamar dos US$ 20,00, finalizando a sessão de ontem cotado a US$ 20,39.
Hoje (05), serão divulgados dados do PMI, tanto pela IHS Markit, quanto pelo ISM, o índice Redbook e as contas externas dos Estados Unidos.
Começando pelos indicadores de atividade econômica, os PMI’s são importantes, evidenciando de forma tangível os impactos da pandemia de novo coronavírus na economia estadunidense durante o mês de abril.
Mesmo com a melhora do cenário, devido à redução no número de infectados pela doença, os estragos na economia americana ainda serão sentidos ao longo do ano.
Por parte da IHS Markit, serão divulgados o PMI composto e de serviços. Segundo a perspectiva do mercado, o índice composto deve ter retração de 33,07% saindo de 40,9 e atingindo um nível baixíssimo de 27,4 pontos.
Pelo Instituto ISM, os PMI divulgado será referente ao setor não-manufatureiro do mês de abril.
Para esse indicador, o mercado espera forte retração, também por conta do cenário deteriorado por conta dos efeitos do covid-19 na economia.
A esperança dos agentes é de que o indicador tenha retração de 30%, saindo 52,5, que um patamar ainda considerado como mediano, para 36,6.
O instituto também divulga uma métrica de PMI voltada para o emprego do setor manufatureiro.
Tendo em vista a retração do setor e a queda emprego evidenciada por indicadores antecedentes como os pedidos por seguro-desemprego, alcançando níveis elevados, o indicador também deve ter retração.
Ainda no que diz respeito ao nível de atividade, será divulgado o relatório Redbook, pela Redbook Research Inc.informando o desempenho do setor varejista dos Estados Unidos.
O indicador ainda deve registrar níveis negativos, após desempenho fraco nas últimas observações, tanto na perspectiva mensal (-8,1%), quanto na perspectiva anual (-11,8%).
A expectativa de que ocorram novas quedas se devem à retração no consumo das famílias ocasionada pelo aumento do desemprego no país.
Quanto ao mercado de petróleo, a instituição privada American Petroleum Institute, disponibilizará seu relatório referente ao estoque de petróleo em território americano.
Apesar de haver grandes chances dos estoques da commodity permanecerem elevados, o anúncio de petroleiras junto a OPEP a informar, na semana passada, que cortará a produção dá margem para que ocorra redução nos estoques.
Apesar do equilíbrio entre oferta e demanda por petróleo ainda não ter se recuperado por conta da demanda global que ainda não se recuperou, os preços do petróleo vêm se recuperando após o alívio das tensões entre Rússia e Arábia Saudita.
Por fim, o Bureau of Economic Analysis publicará os dados referente ao comércio exterior do país.
O déficit da balança comercial, isto é, o aumento do prejuízo entre exportações e importações deve se aprofundar no mês de abril.
Dado que o mundo cresceu menos, a importação dos outros países tende a cair fortemente, fazendo com que as exportações do país tenham retração.
Mesmo que a renda americana caia, diminuindo a demanda por bens importados por parte dos estadunidenses, tal retração não é suficiente para gerar equilíbrio nas contas internacionais do país.
Haja vista o cenário acima, o mercado acredita que a balança comercial americana atingirá prejuízo de US$ 44 bilhões em abril.
Após a reunião realizada no fim da semana passada pelo BCE ter sido pouco animadora para os mercados, hoje (05), a entidade realizará mais um anúncio no que diz respeito às decisões dos formuladores de política do bloco europeu e suas perspectivas.
Além dos pareceres destes agentes, será divulgado o relatório de projeções econômicas para a União Europeia, a evidenciar a situação dos países, mesmo com um cenário de reabertura da economia em muitos países.
Segundo a autoridade econômica do bloco, o Bundesbank também realizará seus anúncios, por intermédio do diretor da instituição, Weindemann.
As perspectivas para a economia mais solidada da Europa também são negativas. Todavia, devido seu histórico de responsabilidade fiscal e dinamismo econômico, pode ser a economia do bloco com o melhor desempenho pós-reabertura.
Ainda na Zona do Euro, a Eurostats, publicará o IPP (índice de preços ao produtor), a informar a evolução dos preços percebidos pelo produtor europeu.
Devido a retração econômica ocasionada pelo covid-19, o qual gerou forte redução na renda disponível dos agentes, demanda por bens e serviços cai, fazendo com que os produtores não tenham motivos para produzir e, por seu turno, também reduz a demanda pelos insumos ofertados pelos fornecedores.
Devido a essa queda na demanda, o fornecedor não consegue repassar o custo de produção para o preço, gerando retração nos preços percebidos pelo produtor.
Assim, o mercado espera retração de 1,3% no IPP mensal e de 2,6% na análise anual.
Para o Brasil, além dos dados dos balanços, a produção industrial mostrará o nível de atividade econômica da economia brasileira.
O setor já mostrava sinais de fraqueza antes da crise, por conta do baixo nível de investimento da economia brasileira. Apesar da mudança do setor público para o setor privado, no que diz respeito ao propulsor de dinamismo da economia brasileira ter seus lados positivos, o setor privado em um momento de forte crise se mostra afetado e o setor público, por conta de sua restrição ao endividamento e já estar a se preocupar com os avanços do covid-19 e políticas de renda e mitigação do covid-19, fica sem espaço para dar fôlego ao setor.
Tendo em vista tal cenário, os agentes acreditam em retração de 2,5% na produção industrial de março, tendo desempenho de acordo com o PMI de abril disponibilizado ontem (04).