O ano de 2023 ficou marcado por intensa volatilidade na bolsa de valores, muitos altos e baixos e rotações setoriais. Foi um ano em que, na cotação mínima, alcançada em março, o Ibovespa chegou a cair mais de 11% e tocou a região de 96 mil pontos.
Em contrapartida, começou dezembro renovando as máximas do ano, acumulou alta de 16%, e chegou a atingir os 128 mil pontos.
O primeiro trimestre do ano foi marcado por preocupações com relação a persistência da inflação elevada nos Estados Unidos e pelo debate em torno de uma política monetária mais restritiva por mais tempo, visto que a economia americana ainda mostrava resiliência e a inflação demorava a baixar.
O mercado local ainda sentiu os ruídos fiscais, queda das commodities, e o “efeito Americanas”, após a companhia relatar um rombo histórico e inconsistências no balanço, que acabou gerando preocupações em todo o setor varejista, em um momento em que a Selic ainda permanecia em patamar elevado e o Copom ainda não sinalizava início do ciclo de cortes.
Tivemos também a divulgação de dados ruins para a economia da China, que geraram preocupação com relação ao desempenho da economia do país asiático, isso resultou em um desempenho negativo para Vale e outras metálicas.
O índice de materiais básicos ficou bastante pressionado nesse período, chegando a recuar mais de 14% entre fevereiro e março.
O primeiro trimestre foi, portanto, marcado por uma notável aversão ao risco, evidenciada pelo fato de que, em fevereiro, apenas 11 ações encerraram em território positivo no Ibovespa.
No segundo trimestre, observamos um cenário mais positivo para a bolsa brasileira, impulsionado principalmente por um otimismo generalizado em relação aos ativos mais cíclicos.
O mercado depositou confiança no possível início do ciclo de cortes da taxa Selic pelo Copom. Destacaram-se os índices de consumo e imobiliário, que registraram expressivos ganhos. O índice de consumo apresentou um avanço superior a 24%, enquanto o índice imobiliário registrou um crescimento de mais de 37%.
O índice financeiro seguiu a tendência otimista, com um ganho superior a 26%. Em contrapartida, o índice de materiais básicos permaneceu estável, após uma queda acentuada entre fevereiro e abril.
No âmbito interno, observamos sinais políticos construtivos, com avanços no arcabouço fiscal no Senado e a apresentação da reforma tributária na Câmara.
Esses acontecimentos ocorreram em um período em que a desaceleração da inflação nos Estados Unidos se intensificou e a instabilidade no setor bancário externo se dissipou, após a crise nos bancos médios e pequenos dos Estados Unidos.
Em contrapartida, ainda havia preocupações com relação ao crescimento da economia chinesa, apesar das inúmeras expectativas por estímulos.
Esse ambiente de maior cautela ainda não havia animado os investidores com relação a ativos ligados a commodities metálicas, e o índice de materiais básicos só começou um movimento de recuperação em maio, contudo ainda amparado pela recuperação do setor de papel e celulose, visto que Vale e siderúrgicas só foram ganhar tração no terceiro trimestre.
No terceiro trimestre, testemunhamos uma reviravolta significativa em relação ao cenário do trimestre anterior. Embora julho tenha mantido um ambiente construtivo para a bolsa, perdeu força em comparação com os meses anteriores, e a mudança de direção realmente começou a se manifestar em agosto, persistindo até o final de outubro.
Nesse período, observou-se um notável declínio nos ativos mais cíclicos e associados ao setor de consumo, enquanto os ativos vinculados a commodities, sejam elas metálicas, agrícolas ou de petróleo, apresentaram alta.
Em agosto, registramos uma sequência de 13 pregões consecutivos de queda, com apenas 5 dias positivos em um total de 23 pregões.
A derrocada no mercado acionário teve início com o rebaixamento do rating dos Estados Unidos, provocando um aumento nos juros globais. A taxa de 10 anos dos EUA atingiu novos picos em 2023, buscando patamares não vistos desde a crise global de 2007. Esse movimento, aliado a resultados corporativos mistos e a um cenário de estagnação na China, contribuiu para a queda nas bolsas.
No cenário doméstico, apesar do início do ciclo de cortes pelo Copom, o Ibovespa registrou uma significativa queda, influenciado também pelas incertezas em relação à situação fiscal no Brasil. A curva de juros local empinou, com as taxas de juros de longo prazo penalizadas pela alta dos juros externos.
No período entre o final de julho e o final de outubro, o índice de consumo registrou uma queda superior a 21%, enquanto o índice imobiliário recuou mais de 15%. O setor financeiro também enfrentou pressões, apresentando uma redução de mais de 10%. Nesse mesmo intervalo, o Ibovespa despencou de 122 mil pontos no final de julho para mínimas de 111 mil pontos em outubro.
Contudo, foi nesse trimestre que a Vale iniciou um movimento de recuperação. O mercado ganhou ânimo com os anúncios de estímulos à economia chinesa, e o preço do minério de ferro permaneceu em patamares elevados, contribuindo positivamente para as margens da companhia.
Vejamos o gráfico do setor de consumo e das ações da Vale, que mostram essa volatilidade dos ativos ao longo do ano:
Por outro lado, a Petrobras destacou-se como uma das maiores altas do Ibovespa em 2023, acumulando mais de 70% de valorização ao longo do ano. A companhia apresentou um desempenho mais consistente e navegou em uma tendência de alta que permeou todo o ano de 2023.
No início do ano, havia preocupações quanto à possível interferência política na Petrobras, no entanto, essas apreensões foram atenuadas pelas novas políticas de preços e dividendos anunciadas, juntamente com a condução da nova gestão da companhia, que recebeu aprovação do mercado.
No que diz respeito à política de preços, a Petrobras ainda mantém a paridade internacional, embora de forma menos volátil. Quanto aos dividendos, a manutenção de um percentual de distribuição de 45% e a opção pela distribuição trimestral animaram os investidores.
A empresa continua apresentando um valuation atrativo, e esses eventos na gestão superaram as expectativas do mercado, gerando entusiasmo entre os investidores.
Novembro destacou-se como o período de maior valorização mensal para o Ibovespa em 2023. Veja o gráfico semanal do índice até a última semana do mês de novembro.
O mês foi marcado por uma expressiva entrada de capital estrangeiro na bolsa e um notável aumento no apetite por risco. Ações cíclicas domésticas figuraram entre as maiores altas, em um cenário favorecido pela diminuição das taxas de juros, tanto no Brasil quanto no exterior.
A perspectiva do término do ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, reforçada pelos dados econômicos e pela queda nos preços do petróleo, contribuíram para o desempenho positivo das bolsas globais.
Os Estados Unidos registraram dados de inflação abaixo das expectativas, e há uma perspectiva de desaceleração gradual do crescimento econômico global, o que reforça a tese de um início do corte dos juros americanos no primeiro semestre de 2024.
Além da redução nas taxas de juros, observamos um movimento ascendente nos preços do minério de ferro e surpresas positivas na temporada de resultados das empresas nacionais.
Esses fatores impulsionaram o Ibovespa, levando o índice a ultrapassar a marca dos 127 mil pontos. No âmbito interno, a bolsa também se beneficiou da redução do risco fiscal, com membros do governo afirmando que a meta de superávit primário para 2024 será mantida.
A perspectiva para o último mês do ano mantém-se otimista, embora o Ibovespa possa apresentar algum movimento de realização a curto prazo antes de dar continuidade à tendência de alta.
Assim, a expectativa é de que o índice mantenha sua trajetória ascendente em dezembro, mesmo que com um impulso mais moderado em comparação ao observado em novembro.
Como destaque setorial positivo, temos o setor de consumo cíclico, que enfrentou desafios nos últimos meses, mas se recuperou fortemente nesse início de rali, e ainda vejo espaço para a continuidade da recuperação, tanto em dezembro, como no início de 2024.
Vislumbramos a possibilidade de o Ibovespa atingir um recorde histórico ainda neste ano ou no início do próximo. Considerando o preço de fechamento de novembro, o índice precisaria subir aproximadamente 3% para alcançar seu topo histórico, situado na região de 131 mil pontos.
Acredito que essa valorização seja alcançável em dezembro. Mantemos uma tendência de alta na bolsa, e, do ponto de vista macroeconômico, o cenário continua favorável para ativos de risco.
Isso é respaldado pela queda nas taxas de juros futuras, tanto no Brasil quanto no exterior, pela perspectiva de que o Fed encerrou o ciclo de alta dos juros nos Estados Unidos e pela robusta entrada de capital estrangeiro na bolsa brasileira.
Além disso, o timing é favorável devido à sazonalidade positiva associada ao mês de dezembro. Desde 1992, registramos apenas 10 dezembros com desempenho negativo, em comparação com 21 positivos.
Internamente, acredito que notícias positivas provenientes do lado fiscal podem impulsionar o Ibovespa no próximo ano. A redução do endividamento das famílias e a melhoria na inadimplência também podem ser fatores favoráveis para os setores financeiro e de consumo.
Além disso, a eventual obtenção de resultados mais positivos no setor de varejo, que enfrentou desafios significativos desde o pós-pandemia, pode contribuir para um movimento positivo na bolsa.
No âmbito externo, a confirmação de que o Fed pode iniciar um ciclo de corte de juros também pode ser um fator favorável. O alívio no mercado imobiliário chinês, por sua vez, pode ser benéfico para as empresas do setor de metais, que têm um peso importante no índice.
Como destaque setorial positivo, temos o setor de consumo cíclico, que enfrentou desafios nos últimos meses, mas se recuperou fortemente nesse início de rali, e ainda vejo espaço para a continuidade da recuperação.
Destaco que é sempre importante acompanhar o timing específico de cada ação escolhida. Também vejo espaço para a continuidade da alta do setor de siderurgia e mineração.
Por outro lado, aconselho cautela com o setor de petróleo, especialmente no segmento de exploração e refino. Este setor pode enfrentar maior volatilidade e possíveis correções, dado o recente movimento de queda na commodity de referência nas últimas semanas, e ainda persistem dúvidas sobre novos cortes de produção.
Para quem já possui empresas como a Petrobras no seu portfólio, recomendo manutenção e acompanhamento mais de perto, e não vejo timing para novas entradas.
Na agenda econômica, o mercado deve continuar monitorando os dados de atividade e inflação, principalmente nos Estados Unidos, a fim de antecipar o início do ciclo de corte de juros da maior economia do planeta.
Internamente, os investidores devem seguir monitorando o avanço das pautas econômicas no Congresso e quaisquer novidades relacionadas à meta fiscal para o próximo ano.
Em resumo, 2023 foi um ano marcado por volatilidade nos mercados, com o setor de consumo e Vale mudando suas tendências de preços ao longo do ano. Petrobras se mostrou um ativo mais estável e em tendência de alta forte.
No mais, ficou bem evidente que manter um portfólio de investimentos bem equilibrado e ajustado ao perfil de risco e objetivos é crucial.
O ano foi caracterizado por uma considerável volatilidade, mas também ofereceu diversas oportunidades, tanto no mercado de renda fixa devido aos elevados níveis de juros, quanto no mercado de ações.
Fazer escolhas criteriosas de ações dentro do índice e ter uma estratégia bem definida possibilitam a exploração dessas oportunidades de maneira mais eficiente.
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