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A possibilidade de segunda onda do covid-19 | Nova Futura

Written by Nova Futura | 20/10/2023 19:43:43

O mês de maio foi muito positivo para as bolsas globais. O sentimento de que o pior já havia passado por conta da diminuição do número de infectados e de mortos pela pandemia de covid-19 animou os agentes, fazendo com que o temido mês tenha sido superado de forma muito satisfatória:

Isso ocorreu no ocidente, mas com as expectativas positivas em relação às economias, os agentes aumentaram o apetite pelo risco. Assim, fazendo com que mercados emergentes tivessem alta, como foi o caso da bolsa brasileira:

No entanto, o terror que geralmente ocorre em maio, veio no meio de junho. Todavia é algo que já estava começando a ser discutido com mais veemência no Japão e na Coreia do Sul. O evento seria uma segunda onda de covid-19 o que poderia levar a um novo fechamento da economia. Gerando fortes custos econômicos e, com isso, trazendo dificuldades ainda maiores para a recuperação econômica em todo mundo.

Dessa forma, a China registrou novos casos de contaminação e o mesmo acontecia em estados americanos. Anteriormente, as organizações multilaterais e os formuladores de política já se mostravam preocupados com a possibilidade de retorno no aumento de casos da doença, a ponto da OCDE colocar em seu relatório de perspectivas econômicas a possibilidade de uma segunda onda. Isso pode agravar ainda mais a retração econômica no mundo:

Desse modo, existe a possibilidade de que o mercado tenha maior receio em relação aos mercados de ações. Assim, caso isso se conclua, uma alternativa para investimentos em mercados de ações volte a ser a busca por ativos com menor risco sendo evidenciado por bons dados referentes ao endividamento e setores “anticíclicos”, como falamos no texto “Saiba quais são os setores que resistem melhor a crise”. Confira alguns setores que perderam o protagonismo por conta da melhora das expectativas dos agentes podem voltar a subir:

Agricultura e proteína animal

As empresas exportadoras de proteína animal e produtos agrícolas, sofrem pela queda na aceleração econômica de grandes compradores dos produtos brasileiros como a China.

Contudo, a elevação do dólar contra as outras moedas eleva os preços dos produtos, fazendo com que haja aumento na receita. Outro fator é que as pessoas continuarão a consumir alimentos e é esse o negócio dessas companhias.

Exemplo de empresas do setor: SLC Agrícola, Marfrig, Minerva Foods e JBS.

Empresas de setores menos sensíveis 

Agora veremos as empresas que trazem mais segurança ao investidor. Mesmo que a desaceleração econômica afete toda economia, existem setores que sofrem menos, por conta de suas características.

Energia

Empresas ligadas a geração e transmissão de energia, sempre se mostram seguras em momentos de crise. Pois mesmo em um momento de desaceleração econômica, a receita dessas empresas não é tão afetada. Além disso, a maioria desse setor não possui dívida elevada, tornando seguro em momentos de turbulência.

Outro fator estrutural importante é o fato do setor ser regulado. Fazendo assim, com que os consumidores não tenham controle pela quantidade do produto/serviço fornecido. Assim, os players presentes nesse mercado possuem maior estabilidade na previsão de seus resultados.

Exemplo de empresas do setor: Engie, Taesa, AES Tietê, CESP.

Bens e serviços essenciais (utilities)

As empresas que fornecem bens essenciais como saneamento e fornecimento de água, também possuem resistência em momentos de crise. O setor não possui sensibilidade ao exterior e a demanda pelos serviços prestados não sofre alteração. Pois os agentes, independentemente da variação na renda, continuarão utilizar os serviços.

Analogamente ao setor de energia, as empresas de utilities, possuem regulamentação, de modo que os consumidores não tenham controle sobre a quantidade.

Exemplos: Sanepar, Sabesp e Copasa.

Setor financeiro (grandes) e seguros

Grandes bancos também são um porto seguro nos momentos de crise. Quando a economia se encontra em momento recessivo, os agentes buscam aplicar seu dinheiro em empresas de menor risco, como os títulos de grandes bancos que tenham boa reputação.

Com as políticas de contenção do covid-19, muito provavelmente, a circulação de pessoas ficará restringida dentro das próprias cidades, a telefonia móvel e internet continuarão a ter demanda.

Exemplos de empresas do setor: Telefônica e Tim Participações.

Empresas diversificadas, sem dívidas e que se beneficiem da apreciação do dólar

Apesar do conjunto de empresas que possuem essas características não se configurem em setor, elas também são fortes candidatas para o investidor que busca uma carteira defensiva.

A diversificação em produtos e territorial (plantas em diversos países) é um fator que diminui o risco dessas empresas. Pois, o ciclo econômico sempre afeta alguns países ou setores de forma mais abrupta que outros. Assim, quando há diversificação, essas empresas possuem menor impacto em suas receitas.

Quando uma empresa não possui dívida ela tem caixa, sendo uma das principais variáveis para resistir aos momentos de crise. O endividamento aumenta a percepção de risco da companhia, fazendo com que ela tenha sensibilidade a momentos de recessão. 

Em conclusão, como há valorização do dólar em relação a todas as moedas internacionais, pelo fato dos grandes players globais estarem demandando mais dólares para aplicarem em ativos de baixo risco, as empresas exportadoras têm impacto positivo em suas receitas. Pois, o preço de venda de seus produtos é elevado.

Exemplos de empresas com essas categorias: WEG (diversificação e baixo endividamento), Klabin e Suzano (exportadoras).

Apesar de que tais setores, pela lógica econômica, serem mais resistentes a crises, é preciso levar em consideração medidas que podem ser tomadas pelo governo como forma de conter alguns efeitos da pandemia como a lei relacionada à participação social do patrimônio líquido dos bancos, o impedimento do pagamento de dividendos, o que pode afastar o efeito clientela como lido no texto “A crise e o pagamento de dividendos” ou, até mesmo, regulamentação inferida ao setor de energia e outros utlities , podendo afetar a receita das empresas de tais setores.

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