A taxa de câmbio vem sofrendo forte elevação desde o fim de 2019, coisa que já ocorreu outras vezes na economia brasileira, principalmente anteriormente ao plano real. Todavia, assim que a moeda começou a entrar em circulação, em julho de 1994, houve maior estabilidade de preços na economia brasileira, de modo que o poder de compra dos agentes fosse ampliado.
No entanto, hoje os brasileiros vivem, novamente, sob a pressão do câmbio apreciado. Dessa forma, o dólar vale mais quando comparado ao real. Isso ocorre por vários motivos, os quais, de forma sucinta serão abordados nesse breve texto.
O câmbio, como outras variáveis da economia, é um preço. Ou seja, é uma medida que se atribuída a troca de dois bens e mercadorias em termos monetários, há relação de troca entre um produto e outro. Desse modo, o preço nunca é a causa de algum evento econômico, mas sim a consequência da oferta e demanda por parte dos agentes econômicos envolvidos na compra e venda do bem, ativo, serviços e etc.
Índice mundial de incerteza
Como é possível ver no gráfico abaixo, a partir do começo do ano de 2019, o nível de incerteza em relação à economia global, medido pelo Índice World Uncertainty Index (Índice mundial de incerteza) e divulgado pelo Fundo Monetário Internacional, se elevou fortemente. Considerando as tensões da guerra comercial entre chineses e americanos, chegando em seu maior nível da série no primeiro trimestre de 2020, por conta dos efeitos advindos do novo coronavírus:
Atualmente, o indicador está em seus níveis mais elevados. Isso faz com que os agentes prefiram alocar seus recursos em ativos de menor risco, ou seja, em países cuja percepção de risco seja menor. Os países com tais características, são os mais desenvolvidos como Estados Unidos, Alemanha e Japão. Países como o Brasil, México, Turquia e África do Sul, por exemplo, são considerados destinos arriscados, haja vista a restrição fiscal desses países e a instabilidade como pode ser visto no texto “Política econômica em tempos de crise”.
Do ponto de vista interno, um fator que faz o dólar se apreciar em relação ao real, é a diferença entre os FED funds e taxa Selic. Como os títulos americanos são os mais seguros do mundo, os agentes preferem ter mais segurança conforme a taxa de juros que garante a rentabilidade dos títulos brasileiros conforme a Selic cai. Mesmo que a taxa de juros brasileira seja mais elevada que a americana, ainda vale, na visão dos players aplicar em título que renda menos, mas que dê mais segurança, principalmente em um momento tão delicado da economia mundial.
Banco Central do Brasil
Tendo vista que as taxas de juros são pontos que influenciam na de câmbio, é preciso entender os motivos que levaram o Banco Central do Brasil cortar a taxa básica de juros (Selic), de modo que a mesma alcançasse a sua mínima histórica.
Os fatores que fazem bancos centrais adotarem medidas de diminuição das taxas de juros, dovesh, é a perspectiva de desaceleração da economia, o que pode ser evidenciado, também, pela queda na inflação. O modelo, o qual os formuladores de política utilizam para realizar sua decisão, pode ser resumido na equação abaixo:
Assim, quanto maior for a distância do produto em relação ao produto potencial e a inflação esperada, a qual pode ser estabelecida pelo regime de metas de inflação, mais espaço a autoridade monetária tem para realizar cortes nas taxas de juros.
Como o Brasil vem passando por um momento de forte contração da atividade econômica e baixa da inflação, o Bacen não hesitou em deixar a taxa Selic em patamares históricos.
Outro fator que vem contribuindo para a apreciação do câmbio brasileiro, é risco em relação ao país. Além da percepção de risco dos investidores aumentar em relação aos países emergentes quando há crise, a instabilidade política oriunda da dificuldade de coordenação do governo federal com governadores, ministros e, até mesmo com o judiciário, faz com que a instabilidade do país tenha aumentos, como é possível verificar no indicador de risco país EMBI + Risco-Brasil:
A crise advinda dos impactos do covid-19, podem fazer o risco percebido em relação a países emergentes aumentar. Uma vez que o crescimento econômico será prejudicado e os gastos utilizados para amenizar os impactos causados pela pandemia, fará a dívida pública aumentar. Sendo algo negativo para países em desenvolvimento como o Brasil.
Resultados da apreciação do Câmbio
A desvalorização da moeda nacional frente ao dólar divide os economistas. Alguns falam que é positivo, pois torna os preços das exportações mais elevadas, trazendo mais riqueza para dentro do país. Outro fator é possibilidade de uma mudança em relação ao perfil de consumo, de modo que os agentes deixem de comprar bens importados e comecem a adquirir bens produzidos dentro do país auxiliando empresas nacionais.
Dentro da literatura sobre o tema, é possível encontrar economistas que defendem uma taxa de câmbio relativamente elevada, de modo que beneficie as exportações e não prejudique a indústria nacional.
Os outros economistas defendem a ideia de que para adquirir insumos importados, os quais podem contribuir para fabricação de bens e serviços dentro do país, é preciso ter uma moeda fortalecida, de modo que o poder de compra da população seja aumentado. Fazendo com que a sociedade tenha mais acesso à bens e serviços de qualidade.
No gráfico abaixo é possível índice da taxa de câmbio real (IPCA). Quanto maior for o índice, mais poder de compra a sociedade está perdendo:
Pensando no mercado de ações, a desvalorização da moeda nacional frente ao real pode ter um efeito positivo. Tendo em vista que muitas empresas são exportadoras, de modo que sua receita e EBTIDA é em dólar.
Por fim, confira exemplos de empresas que se beneficiam com o cenário atual são Klabin, SLC Agrícola, Marfrig, Suzano, JBS e Vale. Tendo em vista tal raciocínio, a Nova Futura possui empresas que se beneficiam de tal cenário em sua carteira, como a SLC Agrícola, Marfrig e Vale. Saiba mais clicando aqui!
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